Banco Central do Brasil revela que pode adotar solução da Visa para pagamentos offline dentro do Real Digital

O coordenador do projeto do Real Digital dentro do Banco Central do Brasil, Fábio Araújo, revelou em uma audiência pública na Câmara dos Deputados que o BC estuda a adoção de uma solução da Visa, gigante mundial de pagamentos, para viabilizar transações offline dentro da plataforma da CBDC do Brasil

O coordenador do projeto do Real Digital dentro do Banco Central do Brasil, Fábio Araújo, revelou em uma audiência pública na Câmara dos Deputados que o BC estuda a adoção de uma solução da Visa, gigante mundial de pagamentos, para viabilizar transações offline dentro da plataforma da CBDC do Brasil.

A audiência foi realizada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados atendendo a um pedido do deputado federal Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ).

No debate Araújo revelou que diversas empresas apresentaram soluções para transações offline dentro do Real Digital, contudo elas ainda não são tão ‘maduras’ como as soluções empresariais para pagamentos online. Entretanto, o BC pretende implementar testes com uma solução apresentada pela Visa no ano que vem.

“A gente tem conversado com Master e Visa e a gente vê nelas uma intenção de entrar neste mercado para prover soluções de pagamento, para prover serviços para os países. A Visa tem um Laboratório de inovação muito interessante e a gente tem bastante interesse em soluções da Visa especialmente uma solução que a Visa implementou para pagamentos offline mas tem outras soluções de pagamentos offline bastante interessante mas estas soluções não são tão maduras como as soluções online. A gente vai fazer testes ainda”, revelou.

Real Digital

Ainda segundo Araújo a adoção e implementação do Real Digital no Brasil ocorre em dois grandes contextos, um doméstico e um global.

No caso do doméstico ele é mais uma iniciativa de desenvolvimento de novas formas de pagamento e digitalização do dinheiro que  estão na agenda do BC desde 2002 e que culminou também com o PIX e o Open banking que serão os dois principais pilares para o CBDC nacional.

Já segundo o executivo do BC, no contexto global até 2019 a ordens dos BCs era estudar CBDCs mas com mais calma e então veio o Facebook com seus planos de lançar o Libra e junto com a pandemia este processo precisou ser acelerado.

Ainda segundo ele, os principais objetivos do Real Digital estão acompanhar o dinamismo da economia brasileira, fomentar novos modelos de negócios, aumentar a eficiência dos meios de pagamento, favorecer a entrada do Brasil no cenário econômico regional e global.

Real Digital e DeFi

Araújo voltou a destacar que o BC trabalha para a implementação do Real digital com vistas a criar uma grande plataforma que permita não apenas pagamentos mas o desenvolvimento de aplicações de finanças descentralizadas, smart contracts, internet das coisas que, na sua opinião, as grandes contribuições do ecossistema do Bitcoin (BTC) e das criptomoedas.

Nesta linha Araujo revelou, durante o webinar “Criptoeconomia sem filtro – CBDC”, promovido pelo Blockchain Hub Brasil (BHB), que o BC pretende trazer este ambiente de inovação dos criptoativos para dentro do Banco Central e, com ele, impulsionar novos casos de uso para melhorar os serviços financeiros prestados para a população.

“Estes pontos fundamentais do ambiente cripto nós pretendemos trazer para dentro do nosso perímetro regulatório para fazer uma coisa massificada para dar acesso a mais pessoas. Nós pretendemos fazer uma coisa mais padronizada para que as pessoas possam fazer uso no dia a dia. O que a gente quer trazer é as tecnologias dos smart contractas e do Defi para dentro para que a gente possa atingir o público mais amplo”, disse na época.

Além disso, o BC já declarou que a plataforma do Real Digital também deve permitir a integração com smart contracts construídos em plataformas públicas como Ethereum (ETH), Solana (SOL) entre outras.

2022

Ainda na Audiência Pública na Câmara dos Deputados Araújo pontuou que uma CBDC não se confunde com os criptoativos e que o BC mantém a opinião sobre estes ativos que são ativos especulativos e tem que ser usados por quem entende dessas aplicações

“O Real digital vai ser uma versão digital do Real que é emitido pelo BC”, frisou.

Ainda segundo ele, entre os objetivos do Real Digital também estão o desenvolvimento de modelos inovadores – smart contracts, iot e dinheiro programável; extensão para pagamentos de varejo, online e possivelmente offline; ser uma extensão do real com emissão feita pelo BC e custódia e distribuição pelo sistema de pagamentos; ausência de remuneração; permitir a prevenção a lavagem de dinheiro inclusive para rastrear transações via ordens judiciais, ter interoperabilidade e padrões de segurança. 

“Tudo isso é fundamental para o real digital”, revelou.

Sobre os prazos de implementação, o executivo do BC destacou que em 2022 o país começará as provas de conceito, PoC, com o Real Digital e, dentro delas, haverá o uso de blockchain.

No entanto, a previsão de lançamento do Real Digital para o público é em 2024, quando, segundo o executivo, o poder legislativo terá também aprovado mudanças nas legislações atuais, incluindo a lei de câmbio do país, para que o Real Digital seja efetivamente lançado.

“No estágio atual o bc está desenvolvendo webinários e em 2022 vamos lançar prova de conceito. Vamos anunciar o projeto em breve e sua implementação para a população depende também do amadurecimento de nossa gente interna, com o Pix e Open Banking que são degraus para o Real Digital. Do amadurecimento de nosso mercado, pois embora haja muitos projetos de tokenização a maior parte dos stakeholders ainda estão pensando em como fazer isso e do amadurecimento internacional pois ele precisa ser interoperável e os BCs vão ganhar muito com a implementação de CDCs” finalizou.

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