Brasil vai integrar Bitcoin diretamente no Sistema Financeiro Nacional com o PIX

Entre as empresas de Bitcoin no Brasil que desejam participar do PIX estão a Z.ro, Atar, Pandapay e Uzzo; Banco Central disse que não haverá restrições

O Banco Central do Brasil pode tornar o Brasil um dos primeiro países do mundo a ter o Bitcoin integrado diretamente ao Sistema Financeiro Nacional sem restrições.

Isso pode ocorrer com o PIX, o sistema de pagamentos instantâneos que o BC deve lançar em novembro deste ano.

Entre outros o PIX vai permitir o envio de valores diretamente entre todos os usuários do sistema.

Isso quer dizer que qualquer pessoa física ou jurídica que tenha conta em qualquer uma das empresas integrantes do PIX poderá enviar dinheiro para qualquer outra pessoa ou instituição sem restrições de horário (24 horas) ou de dia (todo dia inclusive finais de semana e feriado).

Fim do TED e DOC

Além disso o BC promete que o PIX terá taxas muito menores que as operações financeiras hoje em dia.

Para se ter uma idéia, hoje para transferir dinheiro de uma conta em um banco para outro banco, via TED custa, em média R$ 12 e, no PIX esta mesma operação deve custar menos de R$ 1.

O PIX também promete agilidade, e, enquanto uma TED pode demorar até 1 hora para ser aprovada pelas instituições e creditada na conta, no PIX, isso vai ocorrer em 2 segundos.

Por conta destas e de outras funcionalidades o PIX pode representar o fim das operações de TED e DOC.

Morte do TED, ‘nascimento’ do Bitcoin

Porém enquanto o PIX pode matar as operações de TED e DOC ele pode fazer nascer a integração do Bitcoin diretamente com o Sistema Financeiro Nacional.

O BC já destacou ao Cointelegraph que não haverá qualquer restrição para empresas de Bitcoin entrarem no sistema.

“Não haverá nenhuma restrição para a entidades não regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, inclusive exchanges de Bitcoin e criptomoedas”, disse Carlos Eduardo de Andrade Brandt Silva, chefe adjunto de unidade do BCB.

Porém, empresas de Bitcoin do Brasil não querem um papel “secundário” no PIX.

Desta forma, se candidataram a participar diretamente do sistema

Z.ro, Atar, Pandapay e Uzzo

Um levantamento feito pelo Cointelegraph junto a lista oficial divulgada pelo Banco Central com as empresas que já pediram participação no PIX revelou que fintechs de Bitcoin querem ser protagonistas no novo sistema.

Entre as empresas de Bitcoin no Brasil que desejam participar do PIX estão a Z.ro, Atar, Pandapay e Uzzo.

Tirando a Atar, que não trabalhar diretamente com criptomoedas mas por meio de integrações com empresas de cripto, como Stratum, Braziliex, Walltime, Pagcripto, CoinTrade e ZCore as demais, trabalham com Bitcoin “na raiz”.

Como é o caso da Pandapay que viabiliza pagamentos com Bitcoin.

Já a Uzzo além de pagamentos também disponibiliza um cartão, com a bandeira Elo, que pode ser carregado com BTC.

O mesmo ocorre com a Z.ro que também oferece uma ampla gama de serviços financeiros com criptomoedas.

O céu é o limite – “to the moon”

Assim as empresas pretendem não só abrir um novo leque de serviços, mas integrar o Bitcoin diretamente ao Sistema Financeiro.

As possibilidades são muitas, segundo as empresas e vão desde a mais simples possibilidade de arbitragem em exchanges até o uso, irrestrito, de Bitcoins como forma de pagamento no país.

“Eu acho que a palavra mais certa para isso é fascinante. O PIX vai dar mais liberdade para as exchanges de criptomoedas que atuam no Brasil e vai dar mais liberdade para os usuários. Todo o ecossistema de Bitcoin é o grande ganhador desta iniciativa”, disse o empresário e CEO da Stratum, Rocelo Lopes.

Segundo Rocelo, o céu é o limite e usando uma frase comum aos usuários de criptomoedas, disse que o PIX é o “to the moon” para o Bitcoin no Brasil.

“Por meio do PIX, por exemplo, será possível transferir dinheiro de uma exchange para a outra em tempo real com um QR Code. Se ele observa uma oportunidade de arbitragem e de compra ele não precisa solicitar o saque, esperar confirmar, cair na conta dele, depois mandar para a outra empresa, esperar cair e então comprar.

Agora ele pode fazer isso em 2s, diretamente de uma empresa para outra, de A para B instantaneamente. Quem ganha é o mercado inteiro e inclusive outras fintechs de outros setores”. disse.

Ainda segundo Lopes, o PIX abre um caminho imenso para o uso de Bitcoin e criptomoedas como ativos em remessas e outras funções.

“Também poderemos pensar soluções para remessas, traders e arbitragens em plataformas internacionais, tudo 24/7 e instantâneo. Isso é fascinante, vai inaugurar um novo mercado de Bitcoin no Brasil e, acredito que o PIX também abre caminho para o Banco Central emitir seu próprio CBDC”, disse.

Quem também comemorou a iniciativa foi Daniel Coquieri, co-fundador da exchange Bitcoin Trade que declarou que a empresa está acompanhando as movimentações do Banco Central.

“A inovação na parte de pagamentos instantâneos, com certeza irá ajudar muito os processos de pagamentos, transferências na corretora e para os clientes. Muito mais agilidade nas operações”, afirmou.

Fim do dinheiro?

Para o Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o mundo demanda um novo instrumento de pagamento.

“(…) que seja ao mesmo tempo barato, rápido, transparente e seguro. Se nós pensarmos o que tem acontecido em termos de criação de moeda digital, criptomoedas, ativos criptografados, eles vêm da necessidade de ter esse instrumento, com essas características, barato, rápido, transparente e seguro” destacou Campos Neto.

Ainda segundo Campos Neto o PIX pode desistimular o uso do dinheiro no Brasil.

“É importante mencionar que o PIX também vai ter um ângulo de baratear o custo operacional, transacional, de transferir dinheiro, ele vai ter uma ajuda muito grande também na forma de desintermediar essa necessidade de as pessoas terem dinheiro físico, e isso ajuda porque um grande custo para a sociedade é ter que carregar dinheiro de forma física, empresas que têm que fazer transporte de numerário”, disse.

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