‘Brasil é referência global no mercado de criptoativos e está no mesmo nível dos EUA’, diz executivo da OSL

Mercado brasileiro de criptoativos é composto por diversas exchanges e oferece uma vasta gama de produtos aos investidores, configurando-se como um dos mais sofisticados do mundo, segundo Guilherme Rebane, head para América Latina da OSL.

O Brasil está entre os quatro principais mercados de criptoativos do mundo, ocupando um patamar similar ao dos EUA, afirmou Guilherme Rebane, head para América Latina da OSL, em entrevista ao portal E-Investidor publicada na segunda-feira, 5.

A OSL provê infraestrutura para os investidores institucionais que pretendem expandir seus negócios em criptoativos e aumentar a oferta dessa exposição aos seus clientes. A empresa tem sede em Hong Kong e é regulada pela Securities and Futures Commision (a Comissão de Valores Mobiliários local).

Rabane destacou que o Brasil tem hoje um ecossistema dedicado a ativos digitais que inclui a iniciativa privada, com exchanges, gestoras e fundos que oferecem exposição direta ou indireta a criptomoedas, com baixo risco regulatório para os investidores, e um Banco Central aberto a inovações tecnológicas, como instrumentos de finanças descentralizadas (DeFi) e CBDCs (moedas digitais de bancos centrais), além do Pix:

“O Brasil tem o PIX, que é conhecido globalmente. A gente tem hoje um BC que trabalha para ter o real digital. Existem diversos grupos de trabalhos e instituições tentando encontrar os diversos usos relacionados ao real digital. A gente tem ETFs listados em bolsa que, por meio deles, os investidores têm a possibilidade de investir em mais de 35 criptomoedas na B3, em um ambiente regulado, oferecendo exposição. O Brasil é referência global no que tem sido feito em relação à classe de ativos digitais.”

O executivo afirma que as empresas gigantes do mercado de criptomoedas estão de olho no potencial do mercado brasileiro. Prova disso, é que todas elas de alguma forma já oferecem seus produtos e serviços brasileiros.

A aprovação do projeto de lei 4401/2021 , que vai estabelecer os princípios para a regulação do mercado de criptomoedas no Brasil tende a consolidar esta tendência, tornando as regras claras para todos os players, sem distinção:

“A partir do momento que há infraestrutura, começa a abrir portas de forma exponencial para novos produtos. E a partir do momento que você tem uma regulação, o mercado poderá entender até onde pode ir. Quando isso acontecer, vai abrir portas para as gestoras enxergarem as classes de ativos não só como objeto de estudo, mas como objeto de alocação. Então, por isso, acho que o mercado de ativos vai ter um salto grande.”

Ao contrário dos EUA, onde os investidores não dispõem de um ETF (fundo de índice negociado em bolsa) vinculado ao preço do Bitcoin (BTC) no mercado à vista, no Brasil há, hoje, uma dezena de produtos oferecendo exposição aos investidores a mais de 35 criptoativos diferentes através da B3, a bolsa brasileira.

Embora o mercado norte-americano seja substancialmente maior que o brasileiro e movimente volumes igualmente superiores, a sofisticação dos produtos de investimento oferecidos aqui nos coloca em igualdade de condições com os EUA em termos de importância para as grandes empresas do setor, afirma o executivo da OSL.

A própria OSL está de olho no nosso mercado. Segundo Rebane, a América Latina movimenta US$ 200 milhões por dia em negociações de criptoativos, sendo o Brasil um dos líderes da região.

Peso dos investidores institucionais no mercado

Rebane reconhece que em momentos de queda do mercado, como o atual, é natural que o interesse dos investidores institucionais pelo espaço diminua. Foi o que aconteceu durante o inverno cripto de 2018-2019. No entanto, diz o executivo, após o ciclo de alta de 2020-2021 houve um amadurecimento do mercado e os investidores institucionais passaram a adotar uma estratégia de investimento de longo:

“Hoje, tenho convicção de que nenhuma instituição financeira vai ficar fora de oferecer ou ter exposição dessa classe em um horizonte de  2 a 3 anos.”

A atual queda do mercado terá pouco impacto no longo prazo, desde que os grandes players do mercado sigam oferecendo seus produtos aos investidores, afirma Rebane. O preço é algo relativo e a volatilidade é algo que já foi internalizado por quem busca exposição a esta nova classe de ativos, completa:

“A gente costuma dizer o seguinte: se o negócio valia US$ 70 mil e agora vale US$ 20 mil, o cliente já tem um retorno esperado no horizonte. Para quem entrou, há essa percepção de que está barato. O interesse existe.”

Rebane não se arrisca a fazer uma previsão sobre o comportamento do Bitcoin no curto prazo, mas afirma que muito provavelmente a maior criptomoeda do mercado responderá aos desdobramentos do mercado de ações dos EUA. O alto nível de correlação que vem sendo observado desde o início do ano deve preponderar. Uma queda adicional do S&P 500 e do Índice Nasdaq causará mais danos ao Bitcoin e ao mercado de criptomoedas como um todo. 

Por isso, o executivo também não tem uma resposta definitiva à pergunta que todos neste mercado têm feito atualmente: este é um bom momento para comprar Bitcoin? “Talvez, mas eu acho que a gente ainda vai ter muita oportunidade por aí”, concluiu.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o Bitcoin segue sendo negociado em uma faixa estreita de preço desde o fim de semana. Um possível alvo em US$ 25.000 pode ser buscado, caso a maior criptomoeda do mercado consiga romper a atual resistência em US$ 21.880.

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