Brasil vai liderar inovações em tokenização de ativos e criptomoedas em 2023, afirma VanEck

Previsões da gestora global para o mercado de criptomoedas em 2023 colocam o Brasil como um dos países mais receptivos e também com um dos maiores potenciais de inovação no setor.

O ambiente regulatório favorável, a sinergia entre os reguladores e as empresas privadas e o crescimento sustentado da adoção fazem do Brasil um dos países mais amigáveis às criptomoedas em todo o mundo, destacou uma publicação da gestora global VanEck sobre as perspectivas do mercado para 2023 divulgada na terça-feira, 13.

Intitulado “11 Previsões sobre as criptomoedas para 2023”, o texto assinado pelo head de pesquisa de ativos digitais da VanEck afirma ainda que o Brasil pode se tornar o pioneiro na tokenização de parte de sua dívida soberana, visto que o país tem se mostrado um dos mais inovadores e receptivos à digitalização de ativos através da tecnologia blockchain.

Siegel destacou ainda o papel relevante que a regulação pode desempenhar para criar as condições necessárias para o desenvolvimento do setor: 

“Os reguladores brasileiros têm sido agressivos e têm oferecido às empresas privadas um Sandbox para experimentação nesta área.”

O especialista faz referência direta à entrada de grandes instituições financeiras nacionais no mercado para expandir a oferta de produtos financeiros tradicionais através da tokenização:

“O Itaú Unibanco, maior banco do país, planeja lançar uma plataforma de tokenização de ativos para transformar produtos financeiros tradicionais em tokens e oferecer serviços de custódia [de ativos digitais ] para os seus clientes.

Além do Itaú, citado por Siegel, na semana passada o braço brasileiro do banco Santander faz primeira emissão mundial de debentures tokenizadas no segmento de parking, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.

A abertura da população brasileira e latino-americana a novas modalidades de produtos e serviços financeiros, assim como a precariedade da economia dos países da região, também têm tido uma contribuição decisiva para o crescimento do mercado de criptomoedas por aqui, destacou o especialista: 

“Com inflação persistente e uma população jovem, a América Latina está registrando taxas de adoção de criptomoedas e stablecoins mais aceleradas do mundo.”

Preço do BTC em 2023

Siegel também traça um possível cenário de altos e baixos para o desempenho do preço do Bitcoin (BTC) no ano que vem. Uma nova onda de falência de mineradores deve ocorrer nos primeiros meses de 2023, desencadeando novas desvalorizações até que o preço do BTC forme um fundo entre US$ 10.000 e US$ 12.000, de acordo com o especialista.

Outro fator que deve contribuir para que o mercado atinja as mínimas do atual ciclo de baixa é a provável vitória da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) sobre a Ripple (XRP) nos tribunais. Segundo Siegel, o precedente aberto pela vitória da SEC sobre a LBRY – uma rede de compartilhamento de arquivos baseada em blockchain e serviço de pagamentos cujo token nativo foi declarado como um valor mobiliário em novembro deste ano – indica que as chances de que a Ripple saia vencedora diminuíram sensivelmente.

No entanto, a partir da segunda metade do ano que vem podem ser restabelecidas as condições para uma reversão da atual tendência de baixa rumo a um novo ciclo de alta das criptomoedas.

A partir do início do verão no Hemisfério Norte, Siegel visualiza um cenário macroeconômico e geopolítico de inflação controlada, com afrouxamento da política monetária do Fed e sem gargalos energéticos, além de uma possível trégua na guerra da Rússia contra a Ucrânia.

“A mera falta de más notícias intrínsecas à indústria de criptomoedas diante do cenário descrito acima, pode fazer com que o preço do Bitcoin suba novamente para a faixa de US$ 30.000″, previu o especialista.

Retorno das stablecoins algorítmicas

Embora o colapso do ecossistema Terra (LUNA) possa ser considerado o mais retumbante fracasso da indústria em 2022, desencadeado pela perda da paridade com o dólar da stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) – agora TerraUSD Classic (USTC) –, um novo experimento neste sentido tende a ser bem sucedido, segundo Siegel.

Ressalte-se que o caso do UST não foi o único. Diversas outras stablecoins algorítmicas falharam ao longo do atual inverno cripto, incluindo o AcalaUSD (aUSD), o Neutrino USD (USDN) e o USN, do Near Protocol, entre outras menos eminentes.

Siegel cita a GHO, stablecoin lançada pelo protocolo de empréstimos DeFi Aave (AAVE) como uma das candidatas a alcançar ao menos US$ 1 bilhão em capitalização de mercado. Segundo o especialista, existe uma demanda do mercado por uma stablecoin verdadeiramente descentralizada e, portanto, resistente à censura e à apreensão por parte de reguladores ou entidades governamentais.

Outras previsões

Siegel prevê também que o atual presidente da SEC, Gary Gensler, deixará o cargo depois que sua proposta de regulação do setor não receba amplo suporte nem do Congresso e nem da indústria.

Os jogos em blockchain saltarão de 2 milhões para 20 milhões de usuários assim que novos jogos focados na jogabilidade e no entretenimento forem lançados. O Twitter deve avançar com seus planos de implementar um sistema de pagamentos alternativo para concorrer com o Venmo e o CashApp.

A Ethereum vai habilitar o saque do Ether (ETH) mantido em staking na Beacon Chain. E, por fim, alguma nação, adotará o Bitcoin ou outros ativos digitais ao seu fundo soberano de reservas internacionais.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, entre todas as previsões da VanEck, a mais próxima de se concretizar diz respeito aos saques da Beacon Chain. A implementação da atualização Shangai, que vai habilitar as retiradas, está agendada para ocorrer em março de 2023, de acordo com os desenvolvedores da rede.

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