Brasil é o país que mais pesquisa por day trade no mundo

O day trade, estratégia de compra e venda de ações no mesmo dia, está mais popular no Brasil do que em qualquer outra parte do mundo.

De acordo com o Google Trends, ferramenta que mede a popularidade de assuntos no maior buscador do mundo, os brasileiros foram os que mais pesquisaram o termo “day trade” nos últimos 12 meses. Os dados levam em consideração 61 países que registraram volumes de buscas.

No período, a popularidade do termo no Brasil foi 17% maior do que na Nova Zelândia, segunda no ranking, por exemplo. Já em relação aos Estados Unidos, que ocupa a terceira posição, a quantidade de novas pesquisas por aqui foi três vezes maior. Hong Kong e Singapura vêm logo em seguida.

Resultados da pesquisa para Day Trade

Em testes que medem o interesse pelo tema nos últimos 90, 30 e 7 dias, o Brasil também está na liderança.

Vale lembrar que o Google Trends mostra o número relativo de buscas e não a quantidade absoluta. Em outras palavras, mede antes o aumento da procura de uma palavra-chave do que a quantidade total de buscas feitas.

Day tarde e novos CPFs na Bolsa

No Brasil, o interesse pela expressão “day trade” começou a crescer a partir de 2019. De acordo com o Google Trends, o pico foi entre fevereiro e julho deste ano, no meio da pandemia do coronavírus.

Assim como o Google, a Bolsa de Valores também viu um acréscimo de popularidade neste ano. Os dados da B3, mostram que o número de cadastros de CPFs chegou a 3 milhões em setembro. O montante é quase 82% maior do que o registrado no final de 2019.

Quase 74% dos investidores são homens nas faixas entre 26 e 45 anos. As mulheres representam 25% do total. Regiões Sul e Sudeste concentram metade dos investidores.

Falsas promessas

Para o economista Bruno Giovannetti, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o cenário da febre do day trade é resultado de de diversos fatores. Um dos principais, acredita, é o surgimento no país dos famosos cursos de day trader.

“As corretoras e os influencers descobriram que é possível ganhar dinheiro vendendo cursos de day trade que dizem ensinar as pessoas a ficarem ricas. A oferta desse tipo de material aumentou ainda mais durante a pandemia. O fato, no entanto, é que as promessas de ganho fácil são falsas”, disse ao Portal do Bitcoin.

Giovannetti é um dos autores do estudo “É possível viver de day trade em ações?”, publicado no início de 2019 e atualizado em setembro deste ano. De acordo com o levantamento, mais de 99% dos day traders brasileiros têm prejuízo.

Brasileiro não investir na Bolsa

Ainda de acordo com Giovannetti, a modalidade de fazer negociações diárias em busca de lucro também tem ganhado espaço porque os brasileiros estão mais dispostos a assumir riscos. “Um cenário de juros baixo, como o que vivemos hoje, acaba atraindo mais pessoas para a Bolsa”, disse.

No entanto, o professor da FGV disse que não que vê o aumento de CPFs na B3 como algo positivo, porque a falácia em torno do sucesso certo e garantido do cursos de day trade acabou atrapalhando a mentalidade dos novos investidores.

“A Bolsa é de longo prazo e fonte de renda para 10, 20 e 30 anos, como ocorre nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, no entanto, as pessoas entram e ficam operando para tentar fazer lucros no mesmo dia. Com isso, a única coisa que conseguem, além de prejuízo, é gerar renda para as corretoras — que cobram por operação”, disse.

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