Bolsonaro e Veja: Como o Bitcoin foi parar nas eleições 2018
O Bitcoin e as criptomoedas acabaram entrando na disputa política das eleições de 2018 — mesmo que seja na cota das fake news. Pouco antes da revista Veja dedicar uma reportagem de capa que traz à tona o processo de separação entre o presidenciável Jair Bolsonaro e sua ex-mulher Ana Cristina, os boatos começaram a rodar pela internet.
No dia 24 de setembro, a ex-jornalista e agora candidata a deputada federal pelo partido de Bolsonaro, Joice Hasselman, divulgou um vídeo no qual afirma o seguinte: “Recebi de uma fonte que uma grande revista fechou um acordo para destruir a candidatura de Jair Messias Bolsonaro”.
O valor da negociação, ela afirma, foi de R$ 600 milhões. Em seguida, Joice pede para que se desconfie de cada informação que sair na grande imprensa. A menção sobre Bitcoin chega no dia seguinte.
Diante das muitas dúvidas que surgiram sobre como aconteceu a negociação, a ex-jornalista gravou um novo vídeo um dia depois onde ela mais detalhes da acusação: “uma parte da negociação foi feita em espécie mesmo e a outra parte foi negociada em Bitcoins, em criptomoeda”.
Pouco tempo depois, Joice diz que a maior parte era em Bitcoins/criptomoedas — como se os dois termos fossem a mesma coisa. No primeiro vídeo, contudo, ela diz que o pagamento foi feito “nota sobre nota”.
Joice, porém, não informa nem quem fez o pagamento nem quem recebeu. Diz apenas que um grupo de comunicação havia recebido o dinheiro e iria distribuir para outros veículos da mídia. Ela não acusa diretamente a revista Veja, mas pelas redes sociais, dado o clima polarizado das eleições, os partidários de Bolsonaro fizeram a associação rapidamente.
Em pouco tempo, a hashtag #Veja600Milhões se espalhou pelo Twitter. Não há nenhuma outra fonte para a informação, exceto a pessoa que Joice disse ter presenciado a tal negociação. Também é nebuloso quem está por trás do pagamento. Seria um ato, conforme o vídeo, de um grande grupo formado por agentes de todos os setores da sociedade.
Reportagem de Veja teve acesso a um processo de 2008, época em que Bolsonaro estava se separando de Ana Cristina e os dois disputavam a guarda do filho e a divisão do patrimônio do casal — na época avaliado em R$ 4 milhões.
Bolsonaro e Ana Cristina
A revista entrou com um pedido para pedir o desarquivamento do processo que tem 500 páginas e que conta bem mais do que o tumultuado processo de separação entre o casal Jair Bolsonaro e Ana Cristina.
Ao G1, a ex-mulher de Bolsonaro admitiu que fez acusações graves contra o ex-marido. Porém, argumentou que disse coisas graves no ‘calor da hora’:
“Eu digo pra você que toda separação é muito difícil. Ambos os lados ficam magoados, né? Eu sou de temperamento um pouco, muito forte, um pouco não, muito forte e falo besteira. Eu acho que ninguém casa querendo separar. E como aconteceu isso, eu falei coisas que não deveriam, que não são verdades, são inverdades, tava magoada”, diz ao G1.
Joice Hasselman era uma jornalista conhecida no Paraná até ser contratada para trabalhar na Veja e ganhar um palco nacional. Depois de sair da revista, passou a trabalhar em seu próprio canal do YouTube. E agora é candidata a deputada federal pelo PSL, mesmo partido de Bolsonaro. Em 2015, a ex-jornalista foi condenada por plágio pelo sindicato dos jornalistas do Paraná.
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