Temor de crise derruba bolsas e Bitcoin
A segunda-feira começou tensa no mercado acionário global. O pessimismo reflete sobretudo na indústria cripto, impactando diretamente na queda das bolsas de valores mundo afora, além do Bitcoin. Até agora, as perdas do Bitcoin superam 17% em 24 horas. Em sete dias, a queda chega a quase 30%.
E tudo devido aos temores de uma recessão na maior economia do planeta, os Estados Unidos (EUA), alta de juros no Japão e tensões geopolíticas.
Bolsa de Tóquio tem o pior resultado em quase 40 anos
Na Ásia, os primeiros mercados a encerrarem as negociações devido ao fuso horário, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio despencou 12,40%. A pior resultado do índice em termos percentuais desde o crash de 1987. Foi preciso acionar o circuit breaker mecanismo que interrompe as negociações durante oscilações bruscas. Assim, o Topix ainda no Japão recuou mais de 7%.
No Japão, especificamente, o que influenciou a queda foi a alta de juros anunciada pelo BOJ, o Banco Central japonês, ressalta Noel Hatem, Partner da Mintiply Capital.
Segundo Hatem a alta de juros no Japão acabou inviabilizando muitas carry trades (arbitragem em taxa de juros).
De forma resumida: empréstimo em iene a ~0%, converte-se em outra moeda com juros mais altos e investe-se em ativos de maior risco. O volume foi de alguns bons trilhões de USD, detalha o executivo.
Aliás, essa foi a primeira vez que o governo do Japão subiu as taxas de juros em 17 anos.
Na Europa, as bolsas seguiram acima de tudo, o fluxo da derrocada. O índice da bolsa alemã, DAX fechou em baixa de 2,61%. Vale lembrar que a Alemanha é a maior economia do bloco europeu.
Em Wall Street, a situação não é diferente. Os índices futuros como o S&P 500 operam em baixa de mais de 2%. Dow Jones e Nasdaq seguem o mesmo caminho.
Mercado cripto deve seguir em alta, diz CEO da Binance
Mesmo com a queda das bolsas e do Bitcoin, para o CEO da Binance, Richard Teng, as recentes quedas acentuadas nos preços de criptomoedas e ações são influenciadas por fatores macroeconômicos.
“Não acreditamos que isso seja indicativo de uma tendência negativa de longo prazo. Com potenciais cortes nas taxas do Fed e volatilidade geopolítica, ainda há um potencial significativo para flutuações de mercado. Lembrete para sempre DYOR e se manter informado. Continue construindo.”, disse Teng no X.
Thiago Chaves Ribeiro, CEO C9 Tech, explica que a economia macro global não vai bem. Conforme Ribeiro, a moeda japonesa está implodindo.
Essa moeda (iene) é um dos mediadores do mercado de câmbio global .Com a inflação nos EUA e juros ainda fora de controle, impressão de dólares e dívida nos EUA sem controle ainda, o mercado sofre, opina Ribeiro.
Ainda segundo o executivo, a reserva da população americana está nas mínimas históricas e os empregos estão em queda.
A Inteligência Artificial e os lucros esperados baseado nos aportes das empresas techs, também podem influenciar o desempenho das big techs, conclui Thiago.
Pedro Heitor, membro do departamento de Crypto & Gambling da Bichara e Motta Advogados, a situação atual é influenciada por fatores macroeconômicos, eventos no Oriente Médio, conversão de abundante de ETH por USDC/T pela Jump Trading em CEXs, fluxos de ETFs e a antecipação do mercado à distribuição de tokens da Genesis aos seus credores.
A geopolítica bem aquecida, como, por exemplo, a crise entre Israel e Irã, também foi citada pelos analistas como fator baixista.
Bolsa brasileira acompanha tendência de baixa
Por aqui, o Ibovespa da B3 deve abrir seguindo a tendência de baixa. Na sexta-feira, por exemplo, o índice fechou em baixa de 1,21%, puxado pelas incertezas no EUA, segundo a B3. O dólar encerrou as negociações da semana passada valendo R$ 5,70, após bater a maior alta desde 2021 no pregão anterior.
O índice foi influenciado pelo mau-humor global diante de incertezas com a economia dos Estados Unidos, após dados do “payroll” indicarem desaceleração na geração de empregos e uma alta inesperada na taxa de desemprego, disse a B3.
Bitcoin derretendo
Enquanto isso, o Bitcoin segue derretendo. Agora é cotado entre US$ 49,983 mil e US$ 50 mil. Desvalorização de quase 30% em sete dias e quase 18% em 24 horas.
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