Blockchain games são os próximos jogos mobile, diz CEO de startup do setor
Criar a segunda maior comunidade do mundo de Axie Infinity e outros jogos play-to-earn foi apenas o começo para Heloísa Passos. Jogadora do famoso game que oferece recompensas em criptomoedas desde 2020, a executiva viu o número de usuários da plataforma saltar de 7 mil para 2 milhões. Nesse meio tempo, uma das duas moedas do jogo viu seu preço saltar de US$ 0,14 para US$ 160 em novembro de 2021.
Atual CEO da Sp4ce, Heloísa continua otimista com a nova modalidade de jogos que engloba uma economia própria e inovadora. A startup pretende trazer para o Brasil e para o mundo a estrutura necessária para que cada vez mais pessoas tenham acesso à tecnologia blockchain para jogos, e assim, possam se beneficiar de suas inúmeras vantagens.
Mesmo com um histórico de evolução surpreendente, para ela, ainda estamos “na ponta do iceberg” em relação aos jogos em blockchain. A executiva comparou as fases de crescimento da tecnologia com os jogos mobile, aqueles feitos exclusivamente para celular e tablets. “Quando começaram a surgir os jogos mobile, o mercado foi muito resistente. Os estúdios diziam ‘não, não vou entrar nos jogos mobile’, e hoje em dia esse tipo de jogo tem uma força absurda dentro do universo de games. CandyCrush e Clash Royale são alguns exemplos disso”, comentou.
Enquanto grandes nomes do mundo tradicional dos games como Electronic Arts e Nintendo ainda não pretendem fazer movimentos em direção ao blockchain, outras empresas do setor não têm a mesma posição. O mundo todo se surpreendeu quando a Microsoft anunciou a compra da Activision Blizzard, ou quando o Facebook mudou seu nome para Meta, e a Ubisoft anunciou sua entrada no metaverso descentralizado The Sandbox.
Para Heloísa, entretanto, todas as grandes empresas vão eventualmente acabar se rendendo ao novo formato: “Como todo fluxo de mercado, você tem dois caminhos: ou você nada com a onda, ou nada contra a onda”.
E é nadando com a onda dos jogos em blockchain que a Sp4ce está desenvolvendo novos games play-to-earn onde a acessibilidade e a diversão são prioridades: “No momento, estamos desenhando como será arquitetura econômica do jogo, de forma que as pessoas possam ter rentabilidade, mas em primeiro lugar, que seja divertido, e que elas consigam ter acesso a isso”, revelou, em entrevista ao Future of Money, da EXAME.
Com a explosão de jogos como o Axie Infinity, ficou cada vez mais difícil entrar para o jogo, já que os preços dos NFTs dos “axies”, personagens de monstrinhos necessários para jogar, ficaram cada vez mais caros. Segundo a CEO, esta é a sua maior crítica ao universo play-to-earn: “Se a gente fala que o blockchain é acesso, eu não posso falar que é acessível ter um jogo em que eu preciso comprar um terreno de 11 mil dólares, porque não existe acessibilidade nisso”.
Nesse sentido, além da preocupação no desenvolvimento técnico de jogos, a Sp4ce conta com iniciativas educacionais que podem transformar pessoas comuns em jogadores profissionais no primeiro time de esports focado em jogos em blockchain do Brasil, ou até mesmo especialistas que trabalharão com a tecnologia no futuro.
Em comunidades de periferia, a startup oferece conexão à internet de qualidade e cursos de “economia criativa”, termo utilizado por Heloísa para se referir a “tudo que cerca o blockchain em questões de design, marketing digital, Web 3.0, e também às ‘scholarships’ dos jogos”. As “scholarships” são uma espécie de “bolsa de estudos” na qual empresas subsidiam a entrada de jogadores em troca de participação nos seus lucros.
“Pensamos na pessoa comum, que não sabe usar uma corretora, não fala inglês, e queremos que ela consiga fazer a liquidação de seus ativos, a custódia de NFTs, e outros processos do gênero”, afirmou a CEO da Sp4ce.
Com o objetivo de se tornar a maior empresa de blockchain da América Latina nos próximos dois anos, a startup pode se beneficiar de seus investimentos no ensino sobre a tecnologia, que aborda principalmente a programação e o design de games. Em breve, segundo Heloísa, cada vez menos vai importar a “casca”, em suas palavras, e sim quem você é no metaverso, um ambiente onde todos podem ser o que quiserem.
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