Blockchain favorece controle de voo e economia de US$ 3,5 bilhões em manutenção de aeronaves, apontam estudos

Tecnologia disruptiva já conta com diversos casos de uso pelas companhias aéreas, mas possibilidades de utilização indicam crescimento de adoção nos próximos anos.

Embora ainda seja considerada por muitos um sinônimo de criptomoedas, pelo fato de ser a tecnologia disruptiva responsável pela execução dos contratos inteligentes, a blockchain avança pelo mundo e seus casos de uso se multiplicam. Em maio deste ano, por exemplo, nove sacas de um café orgânico produzido no interior de São Paulo foram exportadas para o Japão e toda a rastreabilidade do produto foi feita utilizando a blockchain.

Caso os grãos da fazenda do engenheiro agrônomo Anderson Mitsuhiro Minamihara  tenham viajado pelo ar até o outro lado do mundo, de onde vieram seus antepassados, é possível que a blockchain também estivesse presente em alguma das operações da companhia aérea. Isso porque a aviação é um dos setores que registram diversos casos de uso da tecnologia e outros que poderão ser adotados nos próximos anos, de acordo com alguns estudos sobre o tema.

A GE Aviation, braço da General Electric (GE), que é um dos maiores fornecedores de motores aeronáuticos do mundo, por exemplo, já utiliza a blockchain em seu sistema de rastreamento da cadeia de suprimentos para monitorar e coletar dados relativos à fabricação e ciclo de vida de peças-chave dos motores, o que ajudou a empresa na liberação de US$ 10 milhões em dinheiro não liquidado da reconciliação de sua receita, segundo uma publicação da Brookfield Aviation.

Já a PricewaterhouseCoopers (PwCestimou que a tecnologia pode ajudar a reduzir em cerca de US$ 3,5 bilhões os custos anuais com manutenção das aeronaves, por meio do uso da blockchain na análise de dados, manutenção preditiva e com alguns fabricantes e empresas de manutenção. 

“Hoje, muitas das informações críticas para manter uma aeronave em voo são coletadas manualmente, um processo caro e demorado. Os dados que mostram o histórico e a condição de um avião estão espalhados por até 40 sistemas, nas mãos de várias partes que podem ser concorrentes relutantes em compartilhar dados.

Os revendedores mercenários aproveitam as companhias aéreas e os MROs [Manutenção, Reparo e Operações] porque não há uma câmara central de compensação de componentes de aeronaves. A manutenção é reativa e é difícil saber quais aviões são afetados quando reguladores ou fabricantes exigem a substituição de uma peça”, argumentou a empresa em um artigo.

A Associação Internacional de Transporte Aéros (IATA) também elencou um rol de casos de uso que poderão ser introduzidos na aviação nos próximos 13 anos por meio do relatório “Future of the Airline Industry 2035”, alguns já em fase de testes, segundo o documento.

Uma das ideias é a tokenização da contabilidade e resgate de pontos de milhas acumuladas dos passageiros, o que, segundo o estudo, pode agilizar o controle feito pelas companhias. Outra possibilidade é a utilização da blockchain no rastreamento de cargas, malas de passageiros e peças de reposição das aeronaves.

O levantamento também apontou para a eficiência da blockchain no gerenciamento de identidade de passageiros e tripulantes, o que poderia aprimorar a experiência, ajudar na proteção da privacidade e favorecer a ampliação de negócios através do mundo digital. Outra frente seria a redução dos esforços em contratos que são celebrados por vários atores que compõem o ecossistema aeronáutico, o que seria substituído pela execução de contratos inteligentes únicos. 

No rol das propostas em andamento está ainda a utilização de uma criptomoeda no ecossistema  supranacional da aviação, o IATA, além de um protocolo de Autoridade de Certificação Digital (DCA), que é uma plataforma de identificação digital, gestão no espaço de distribuição da aviação comercial, como agentes, companhias, agregadores e passageiros, que deverá ser lançada nos próximos anos integrando a blockchain, a inteligência artificial (IA) e a biometria.

Quem também está testando novos casos de uso da blockchain é o banco Santander, que iniciou testes de um sistema de tokenização de transferências de carros usados e imóveis, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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