Soluções apresentadas pela blockchain estão ‘compensando’ efeitos colaterais da mineração, sugerem analistas
Utilização de energia renovável e o desenvolvimento de redes mais econômicas retiram status de ‘vilã’ da mineração, embora o problema energético ainda exista.
Iniciada em 2008 com a criação do Bitcoin (BTC), a história das criptomoedas também pode ser contada pelos gastos energéticos envolvendo a alimentação de computadores de alta potência no processo de mineração, o que colocou a blockchain no limiar entre as vantagens trazidas pela tecnologia e a emissão de carbono em decorrência da utilização de energia fóssil.
Para se ter uma ideia do que isso representa, em maio do ano passado o BTC registrou uma queda de 6% em uma hora após uma publicação do bilionário Elon Musk no Twitter, anunciando que a fabricante de carros elétricos Tesla não aceitaria mais o Bitcoin como forma de pagamento alegando a utilização de energia fóssil na mineração da principal criptomoeda do mercado. Ainda que o CEO da montadora não esteja totalmente errado, algumas informações reveladas por pesquisas sugerem que a blockchain pode vencer a queda de braço contra as narrativas que envolvem seu impacto ambiental.
É o que sugere um relatório da XP publicado em 2021 colocando nos dois pratos da balança a mineração de Bitcoin e o ESG, sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança, conforme abordou uma publicação da Forbes. Segundo o levantamento, o problema existe, embora esteja perdendo peso no cenário das mudanças climáticas.
A mineração não é o principal desafio frente aos obstáculos a serem enfrentados no combate às mudanças climáticas. Mas é um deles. Fato é que não existe uma bala de prata quando o tema é a redução das emissões de CO2.
Entre os aliados da blockchain estariam os algoritmos que reduzem quase a zero a pegada de carbono. É o caso da Ethereum (ETH), que desenvolve códigos com emissão de carbono 99,95% menor e a Algorand (ALGO), que já possui emissão negativa de carbono.
O mentor em blockchain da Tune Traders, Maurício Magaldi, colaborador do Cointelegraph Brasil, salientou a utilização de 70% de energia renovável na mineração de Bircoin para rechaçar os argumentos contrários à blockchain, no que diz respeito à emissão de CO2. “Como exemplo, a Exxon Mobil anunciou que vai usar gás natural excedente na mineração de Bitcoin”, citou.
Quem também saiu em defesa da blockchain foi o representante da Solid World DAO no Brasil, Breno Mazza, uma vez que a empresa se propõe a limpar meio milhão de toneladas de CO2 utilizando a blockchain, por meio de validadores mais eficientes e processos de menor esforço computacional.
Para conseguir os créditos de carbono necessários para fazer isso, as redes podem contar com soluções financiadas através da própria Blockchain. Agora, existem protocolos que visam financiar ou até pré-financiar o sequestro de carbono, explicou Breno.
O sócio-diretor da NFMarket Agency, Thiago Valadares citou a utilização de placas solares na alimentação dos computadores e acrescentou que a comunidade cripto vem buscando soluções. O representante da agência especializada em gestão e desenvolvimento de projetos em NFT disse ainda que:
Tudo é uma questão de ponto de vista. O correto seria neutralizar com crédito de carbono a criação do NFT. Algumas blockchains caminham no sentido de usar menos processamento, mas ainda é uma utopia. Hoje é impossível um Blockchain que não use processamento e, consequentemente, energia, sendo a questão mais profunda, pois essas mudanças impactam diretamente grandes setores da economia.
Em outra área de atuação, a blockchain também serve de aliada ao controle da emissão de CO2.. A Ambifar, por exemplo, um Grupo de gestão ambiental, criou o Ambify, um aplicativo em blockchain que leva tokens de crédito de carbono a pessoas físicas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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