Bitcoin tem data de validade, mas seu ‘vencimento’ vai te surpreender

Especialista em planejamento patrimonial e criptomoedas, o norte-americano Jared Pierce descobriu que o bitcoin tem uma espécie de “data de validade”. Segundo ele, o código da criptomoeda, criado por Satoshi Nakamoto, tem uma “falha”, que ele compara com o “bug do milênio” e que faz com que o ativo tenha data definida para o seu fim. Mas ninguém precisa se preocupar: a previsão aponta para mais de 81.000 anos.

“Um bug muito significativo no bitcoin foi descoberto. Descrito como como um bug tipo o ‘bug do milênio’, Satoshi não planejou dígitos o suficiente na altura dos blocos. Para aqueles mais técnicos, a altura máxima é um unsigned int de 32-bit, o que siginifica que sua altura máxima é 2^32 [2 elevado à 32ª potência]. Não é o suficiente”, escreveu, no Twitter.

Pierce ainda fez outras publicações, todas, claro, em tom de ironia, já que o número máximo de blocos na rede Bitcoin é de quase 4,3 milhões e, como cada um demora em média 10 minutos para ser descoberto, isso significa que o limite só será atingido em mais de 81.700 anos.

“Gostaria de fazer um chamado a todos os desenvolvedores para começar olhar para isso imediatamente. O tempo é essencial”, brincou. “Para estar seguro, você precisa aprender o máximo possível sobre bitcoin e para de procurar motivos para FUD [sigla para “fear, doubt and uncertainty”, ou “medo, dúvida e incerteza”, em português], seu idiota ingênuo”, completou. A sigla FUD é usada para se referir ao comportamento pessimista de manada do mercado, no qual investidores, muitas vezes motivados por bobagens e preocupações descabidas, decidem desfazer suas posições.

A citação ao “bug do milênio” em sua publicação inicial faz referência ao temor de milhões de pessoas do mundo todo sobre um possível colapso global dos computadores, que não seriam capazes de entender a virada do ano de 1999 para o ano 2000 e, assim, causariam uma pane geral em sistemas e serviços. Levantamentos apontam gastos superiores a 300 bilhões de dólares para prevenir o problema e suas eventuais implicações.

Havia temor de que sistemas de tráfego áereo, sistemas bancários e até usinas nucleares entrassem em colapso, causando danos irreversíveis à sociedade. No fim das contas, salvo pequenos problemas localizados, como falhas um terminal de ônibus na Austrália, em medidores de radiação no Japão e em alguns testes médicos na Inglaterra, o “bug do milênio” não causou nenhum grande impacto.

Em relação à “data de validade” do bitcoin, apesar da capacidade de gerar novos blocos ser essencial para o funcionamento do blockchain (o nome não é por acaso), já que todas as transações na rede são enviadas em blocos e, sem eles, não é possível fazer nenhuma movimentação, a situação é semelhante e, apesar do “bug” de fato existir, não há motivos para se preocupar.

Como referência, o ouro, que é a moeda de troca mais antiga do mundo que ainda tem algum valor, é utilizado há cerca de 6.000 anos. Assim, o limite de blocos da rede Bitcoin, de mais de 81.700 anos, está longe de ser um problema, já que é muito provável que, antes disso, o mundo passe por tantas transformações que é irrelevante pensar num duração ainda mais longa – e, caso a humanidade chegue até lá, uma Proposta de Melhoria do Bitcoin (BIP, na sigla em inglês) poderia provavelmente resolver a questão.

Houve até quem brincasse com a situação: “Bom, são 80.000 anos… podemos sincronizar para acontecer junto com o lançamento do Ethereum 2.0”, reagiu um internauta, fazendo referência à demora na aguardada atualização da rede Ethereum.

Esta possível “data de validade” descoberta por Jared Pierce nada tem a ver com a oferta limitada do bitcoin. Em seu código, também está prevista a emissão máxima de 21 milhões de unidades da criptomoeda e, graças aos halvings, que reduzem a velocidade com que novos bitcoins são emitidos, isso só deve acontecer no ano de 2140. Nesse caso, entretanto, não se trata de uma “data de validade”, já que a rede continuará funcionando normalmente mesmo após o limite de emissão ser atingido.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok

Você pode gostar...