Preço do Bitcoin está preso por baleias, derivativos e DeFi, aponta relatório da Bitfinex
Mesmo preso em uma faixa de preço entre US$ 29.500 e US$ 31.500, o Bitcoin demonstra sinais positivos para o longo prazo
Na mais recente edição de seu relatório “Bitfinex Alpha”, publicado semanalmente, a Bitfinex apontou que o Bitcoin (BTC) está preso em uma faixa de preços que fica entre US$ 29.500 e US$ 31.500. Os analistas da exchange apontam como causas por trás dessa lateralização: a atividade no mercado de derivativos, o aumento da atividade de venda das baleias e a falta de ação nas finanças descentralizadas (DeFi).
Dominância de derivativos
No último mês, o mercado de derivativos de Bitcoin aumentou sua dominância sobre as movimentações de preço do criptoativo. Apesar da volatilidade do mercado de opções registrar mínimas históricas, o preço do BTC segue preso em um canal apertado entre US$ 29.500 e US$ 31.500.
No dia 18 de julho, a participação no mercado de derivativos se intensificou, fazendo surgir um total de US$ 400 milhões de interesse em aberto. Nesse cenário, as ordens do mercado de contratos futuros de BTC causaram uma queda rápida, levando o preço abaixo de US$ 29.500.
Os traders do varejo, contudo, foram rápidos em comprar BTC abaixo dos US$ 29.500, fazendo com que o preço subisse novamente para o canal onde está preso. Com os contratos na posição de ‘vendidos’ sendo fechados, o preço do Bitcoin voltou a subir.
Usando essa movimentação de exemplo, os analistas da Bitfinex apontam para a forte influência que as movimentações no mercado de derivativos estão tendo sobre o preço do Bitcoin.
Atividade em DeFi diminui
Uma métrica importante no ecossistema DeFi é o valor total alocado (TVL, na sigla em inglês). O TVL indica quão dispostos os investidores estão em depositar criptoativos em aplicações descentralizadas.
O declínio no TVL visto na última semana, avaliam os analistas da Bitfinex, pode sugerir que investidores estão migrando fundos para outros mercados, que exibem oportunidades melhores.
O relatório salienta, no entanto, que o TVL de protocolos como Synthetix e Alpaca aumentaram no mesmo período. Isso pode indicar o início de uma mudança no sentimento dos investidores, algo que pode impactar o mercado cripto como um todo.
Baleias movem BTC para exchanges
Outro fator que pode estar prendendo o preço do Bitcoin é o aumento no interesse das baleias em venderem seus criptoativos. “A Proporção das Baleias sugere que algumas baleias podem estar decidindo o momento atual do mercado dentro de uma faixa de preço”, dizem os analistas. O depósito de criptoativos em exchanges é geralmente interpretado como um interesse de venda.
A Proporção das Baleias é uma métrica obtida através da comparação dos dez maiores depósitos de criptomoedas nas exchanges com o total depositado. Em um mercado com sentimento positivo, a proporção fica abaixo dos 85%. Em um mercado de baixa, contudo, a proporção ultrapassa os 85%, principalmente quando há um movimento de despejo de BTC.
Entre os dias 18 e 20 de julho, a marca de 85% foi ultrapassada.
“Esse crescimento na Proporção das Baleias em um período curto sugere que grandes investidores estão movendo seus ativos para exchanges, potencialmente preparando uma venda em massa. Isso pode aumentar a volatilidade do mercado e colocar uma pressão de venda nos preços”, indica o relatório.
Os analistas apontam, porém, que o fluxo de BTC para exchanges pode estar ligado à movimentação dos fundos apreendidos da Silk Road. No dia 12 de julho, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla em inglês) moveu 9.825 BTC ligados à Silk Road, e o movimento foi interpretado como uma estratégia de distribuição em diferentes carteiras e exchanges.
Entre os dias 14 e 21 de julho, analistas têm observado uma mesma entidade vender Bitcoin aos poucos na Binance. O relatório aponta que US$ 40 milhões já foram vendidos. O relatório da Bitfinex avalia que é do interesse do DOJ mover o saldo de BTC aos poucos, evitando um colapso nos preços. Os analistas questionam, entretanto, o que deve acontecer após o saldo em BTC ser completamente alocado em diferentes exchanges.
“O preço subirá, devido à redução na pressão de venda, ou ele cairá porque os corretores do DOJ não terão mais incentivos em evitar uma queda nos preços abaixo da faixa de preço atual?”
Menos BTC em exchanges
Apesar do aumento nos depósitos de BTC em exchanges por parte das baleias, o volume de Bitcoin mantido em corretoras está diminuindo. A métrica atingiu seu pico em março de 2020, quando as plataformas centralizadas registraram 3,1 milhões BTC sob custódia.
Desde seu pico até a semana passada, no entanto, o montante caiu 32%, chegando a 2,1 milhões BTC. Os analistas da Bitfinex apontam que esse volume é equivalente ao que foi visto entre janeiro e fevereiro de 2018.
Embora o aumento no uso de aplicações descentralizadas tenha relevância para a análise, o relatório aponta que a tendência mais provável é um movimento de investimento no longo prazo. Ao retirar seus Bitcoins da exchange, investidores demonstram que não estão interessados em vender seus criptoativos no curto prazo.
“Vemos isso como positivo para o preço, já que mais investidores indicam suas intenções de acumulação em vez de negociação”, concluem os analistas.
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