Bitcoin cai menos que ações recentemente e padrão de alta pode se confirmar em breve, diz analista
Embora tenha registrado o pior fechamento semanal desde 2021, perdas semanais do Bitcoin foram inferiores às do Índice S&P 500 e preço do BTC começa a semana em leve alta enquanto ações seguem em baixa.
É difícil buscar um viés positivo para o preço do Bitcoin (BTC) logo depois que a maior criptomoeda do mercado registrou seu pior fechamento semanal desde novembro de 2020. No entanto, a queda de 3,14% no período traz pelo menos um aspecto positivo. A variação negativa do Bitcoin foi menor que as perdas do Índice S&P 500 no mesmo período, que chegaram a 4,65%.
Embora os fechamentos semanais não sejam suficientes para que se possa afirmar que a correlação entre os mercados de criptomoedas e o acionário tenha chegado ao fim, o desempenho do Bitcoin e do Índice S&P 500 nesta segunda-feira pode oferecer um fator adicional de esperança aos traders do mercado cripto.
Enquanto o Bitcoin opera em alta de 1,7%, o Índice S&P 500 mantém o viés de baixa, com uma queda de 0,9% nas últimas 24 horas.
Em uma análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil, Diego Consimo, fundador da Crypto Investidor, destaca a resiliência da ação de preço do BTC diante da enxurrada de notícias desfavoráveis aos ativos de risco ao longo da semana passada:
“A última semana foi marcada pelo aumento da taxa de juros dos EUA em 0,75%, que teve um impacto direto em todos os mercados mundiais. Os índices S&P 500 e Nasdaq responderam a esse anúncio com forte queda, realizando testes de fundo do antigo suporte estabelecido em junho deste ano. Contudo, o Bitcoin, em um movimento surpreendente, demonstrou força e conseguiu se segurar em U$18.125, evitando o reteste do fundo do atual ciclo de baixa em U$17.622.”
Conforme sugerido por Consimo no gráfico abaixo, caso perca o suporte estabelecido em junho e que acaba de ser retestado, o Índice S&P 500 corre o risco de sofrer uma correção que poderá levá-lo a níveis registrados pela última vez há dois anos, assim como acabou de acontecer com o Bitcoin no fim de semana.
Gráfico diário do Índice S&P 500 com destaque para suporte estabelecido em junho. Fonte: Crypto Investidor (Trading View)
Padrão de fundo duplo pode se confirmar em breve
O analista segue apostando na confirmação da configuração de um padrão de fundo duplo no gráfico diário do par BTC/USD, sinalizando uma reversão de tendência rumo a dias melhores, conforme delineado no gráfico abaixo. “Podemos estar próximos desse acontecimento”, afirma Consimo.
Gráfico diário BTC/USDT com destaque para padrão de fundo duplo. Fonte: Crypto Investidor (Trading View)
No entanto, o Bitcoin e o mercado de criptomoedas não estão imunes às turbulências nos cenários macroeconômicos e geopolíticos globais, com a escalada da inflação nos EUA, na zona do euro e no Reino Unido, e do acirramento das tensões entre Vladimir Putin e as potências ocidentais após a ameaça de ataques nucleares do presidente russo.
Uma deterioração imprevisível das delicadas situações atuais tanto no campo econômico quanto no político inevitavelmente afetará o Bitcoin, afirma Consimo, projetando os níveis de suporte a serem observados em função do recrudescimento de condições desfavoráveis exteriores aos mercados:
“Caso esse cenário venha se agravar, o Bitcoin deve buscar seus próximos suportes em U$17.622, em um primeiro momento. E, em caso de quebra abaixo do fundo atual, os próximos alvos são U$16.750 e U$14.000.”
O gráfico abaixo mostra quais são as próximas zonas de suporte do Bitcoin em caso de quebra do atual fundo do ciclo em US$ 17.622 (linha vermelha).
Gráfico diário do Bitcoin com destaque para próximas zonas de suporte em caso de baixa. Fonte: Crypto Investidor (TradingView)
Força do dólar é obstáculo a ser vencido
Ainda no cenário macroeconômico, a força do dólar em relação às demais moedas globais segue se colocando como um forte obstáculo à reversão de tendência e ao início de um novo ciclo de alta do Bitcoin. Depois do euro, agora foi a vez da libra esterlina registrar sua mínima histórica em relação ao dólar. A moeda norte-americana também disparou em relação ao real nesta segunda-feira, chegando a ser cotada acima de R$ 5,40.
Consimo foi um dos poucos analistas a antecipar a correção do DXY (índice do dólar, que mede a força da moeda norte-americana em relação a uma cesta das principais moedas fortes globais) no início deste mês. Na ocasião, o recuo do do dólar ofereceu um respiro ao preço do BTC, que chegou a se aproximar de US$ 22.800 em 13 de setembro.
A retomada da alta do DXY rumo às suas máximas de 40 anos logo depois acabou anulando os ganhos do Bitcoin. Assim, uma nova correção do índice poderá funcionar como um claro indicativo de que há espaço para o preço do BTC voltar a crescer, afirma o analista:
“O DXY pode contribuir para a consolidação de um cenário de reversão de tendência nos mercados mundiais, caso venha a entrar em processo corretivo. Se analisarmos o gráfico abaixo, o índice acaba de testar a projeção de Fibonacci de 1,618 da onda 3, na altura dos 114 pontos. Caso esse nível se configure como o topo local do DXY, o índice entrará em correção de onda 4 ao longo dos próximos meses e com esse movimento o Bitcoin e o Índice S&P 500 ganhariam forças para reverter suas tendências de queda.”
Gráfico diário do índice do dólar (DXY). Fonte: Crypto Investidor (Trading View)
No final da tarde desta segunda-feira, o Bitcoin está cotado a US$ 19.200 e opera em alta intradiária de 2,1%, de acordo com dados do CoinGecko. Enquanto isso, o DXY não apresenta sinais de fraqueza e se mantém na região de 114 pontos. O índice do dólar registra uma variação positiva de 0,8% nas últimas 24 horas, de acordo com dados da TradingView.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, os detentores de longo prazo (LTH) do Bitcoin seguem no modo de acumulação, um comportamento que lhes têm sido comum em clássicos mercados de baixa.
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