Taxas da rede do Bitcoin atingem valor mais alto desde julho de 2021 – o que isso significa para o preço do BTC

Historicamente, picos em taxas de transação na rede do Bitcoin ocorrem em momentos de capitulação ou aumento de demando do mercado por BTC, mas dessa vez é diferente o afirma analista de dados on-chain Cauê Oliveira.

O colapso da exchange global de criptomoedas FTX abalou o mercado e fez com que o Bitcoin (BTC) registrasse uma nova mínima no atual ciclo de baixa em 9 de novembro: US$ 15.588. Ao mesmo tempo que o evento inesperado gerou pressão negativa sobre o preço do BTC, também foi registrado um aumento significativo na atividade da rede em sua camada de base.

Conforme observou o analista de dados on-chain da BlockTrends Research, Cauê Oliveira, esse pico na atividade da rede implica em um aumento na disputa por espaço de bloco. Como resultado, duas marcas significativas foram registradas na terça-feira, 15: o maior número de transações em espera por validação desde maio do ano passado e as taxas de transação alcançaram seu maior valor desde as mínimas de julho de 2021.

De acordo com Cauê, historicamente, a combinação destes fatores costuma ocorrer em momentos de capitulação dos investidores ou de retomada da demanda do mercado por Bitcoin. No entanto, não é isso o que estaria acontecendo agora. O baixo volume de negociação de Bitcoin registrado recentemente reafirma essa tese.

O pico de atividade na rede do Bitcoin está sendo motivado por um movimento massivo de investidores que estão sacando seus BTCs de exchanges centralizadas (CEX) para carteiras não-custodiais. Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, cerca de US$ 3 bilhões em BTC foram transferidos de CEX para soluções de autocustódia entre 6 e 13 de novembro.

Como destaca Cauê, os Bitcoins mantidos em exchanges encontram-se no nível mais baixo desde fevereiro de 2018:

“Neste momento existem cerca de 2.1 milhões de BTC ‘disponíveis’ em plataformas de negociação.”

Ou seja, os investidores não estão se desfazendo de suas posições no atual momento de baixa. Até mesmo porque, segundo dados recentes da firma de análise de dados on-chain Glassnode, 33% dos investidores de longo prazo (long term holders, ou LTH) estão acumulando perdas atualmente.

Trata-se de uma das maiores taxas de prejuízo não realizado da história do Bitcoin, apenas um pouco abaixo do recorde de 36% verificado durante o fundo do ciclo de baixa de 2018.

Baleias e sardinhas estão no mesmo barco

O analista da BlockTrends Research destaca que o movimento em direção a soluções de autocustódia abrange todas as entidades do mercado, desde aqueles investidores que detêm menos de 1 BTC até baleias cujo patrimônio é superior a 10.000 BTC, sugerindo que há uma clara tendência no estágio atual do mercado:

“Podemos estar vivenciando uma das maiores pressões de acumulação de longo prazo da história recente no #Bitcoin.”

Embora o Bitcoin ainda possa sofrer os efeitos colaterais de um potencial contágio mais amplo do mercado decorrente da crise da FTX e no curto prazo a volatilidade deva prevalecer, o par BTC/USD encontra-se em uma faixa de preço oportuna para investidores com foco no médio e longo prazo se posicionarem.

Cauê afirma ainda que a mínima do atual ciclo de baixa possivelmente ainda não foi atingida. O analista coloca a região entre US$ 13.000 e US$ 14.000 como a mais provável para consolidação do fundo do preço do BTC antes de uma reversão de tendência.

MVRV Z-Score

Outro indicador on-chain muito popular entre os investidores que confirma que este é um momento propício para entrada no mercado é o MVRV Z-Score (Valor de mercado/valor realizado). Ele é utilizado pelos traders para calcular o suposto preço justo do Bitcoin em função de sua capitalização total de mercado total (valor de mercado) em relação ao valor realizado, que é uma medida dessa capitalização levando-se em conta o preço de negociação no momento em que cada moeda do suprimento circulante foi transacionada pela última vez.

Atualmente, o MVRV Z-Score está em um dos seus níveis mais baixos no atual ciclo de baixa, marcando -0,28. Historicamente, sempre que MVRV está abaixo de 1 significa que o preço atual do BTC é menor que o preço que a maior parte do suprimento circulante tinha na última vez em que foram movidas – e presumivelmente negociadas.

MVRV Z-Score. Fonte: LookIntoBitcoin

No início da tarde desta quinta-feira, 17, o Bitcoin está cotado a US$ 16.630, de acordo com dados do CoinMarketCap. Nas últimas 24 horas, a maior criptomoeda do mercado tem se mantido estável, com uma leve alta de 0,7%.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, analistas acreditam que a recente queda do Bitcoin foi motivada pelo colapso inesperado da FTX. Em condições normais do mercado, diante de uma leve melhora nos indicadores macroeconômicos, o par BTC/USD teria se mantido acima do suporte de US$ 20.000, podendo até mesmo flertar com a região entre US$ 22.500 e US$ 25.000.

As visões e opiniões expressas aqui são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Cointelegraph.com. Cada movimento de investimento e negociação envolve risco, você deve conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.

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