“Bitcoin não vai a lugar algum”, diz ex-presidente do BC Armínio Fraga
O ex-presidente do Banco Central e um dos economistas mais conhecidos do Brasil Armínio Fraga acredita que o Bitcoin é uma ideia interessante, mas que não tem um futuro promissor. É a primeira vez ele comentou sobre o tema.
“Não vai a lugar algum. O estoque de moeda já não é importante para os bancos centrais, que vão continuar com seus grandes poderes e riscos”, disse em uma live promovida pelo Instituto ProPague na quarta-feira (16) à noite.
Para Fraga, a moeda digital já chegou com os cartões e as maquininhas, além do sistema de pagamentos PIX, outra inovação do Banco Central. Apesar da crítica, economista reconheceu algumas qualidades da tecnologia:
“O tipo de moeda digital que nasceu com o bitcoin e dos modelos de controle chamados distribuídos, que não exigem um autoridade central, é um negócio muito interessante, com elementos técnicos complexos”.
Problemas do Bitcoin
Porém, ele lembrou que o bitcoin é caro e que o preço é muito instável e, portanto, não serviria como referência de unidade de conta. “Pode ser bom para transferir ou esconder o dinheiro”.
Na sua análise, foi criada uma excitação entre libertários e hiper-liberais que não querem nada do governo em suas vidas. “Os que gostavam do padrão-ouro migraram para esse padrão”, afirmou.
“O mundo já é praticamente digital hoje”, prosseguiu. O que Fraga acha estranho é o fato que de que nos países de moeda forte, há um estoque muito grande de notas (papel-moeda), que, segundo ele, no fundo facilitam a vida de bandidos de todos os tipos — de traficantes a sonegadores de impostos.
Já o economista e professor José Alexandre Scheinkman disse que o bitcoin é usado para especulação e não para trocas comerciais. Porém, numa eventual crise da moeda nacional, as pessoas migram para um novo padrão como é o caso da Argentina, onde todo mundo quer dólar.
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