Milionário do Bitcoin lança smartphone para ‘trumpistas’ nos EUA com falhas de segurança e promessa de combater ‘censura’

Lançado pelo empresário Erik Finman, smartphone “anticensura” promete liberdade a grupos de direita nos Estados Unidos, mas esquece de oferecer segurança aos usuários.

O empresário estadunidense Erik Finman, que apresenta-se como um milionário do Bitcoin (BTC), lançou um smartphone que promete ser “resistente à censura” dedicado a apoiadores do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e outros conservadores.

O lançamento, porém, parece ser mais uma jogada de marketing do que um produto que ofereça segurança aos usuários – ou que apoie causas “conservadoras” do país norte-americanos.

O Freedom Phone promete oferecer uma “experiência livre da moderação de conteúdo” das maiores provedoras de sistemas operacionais do mundo hoje, Apple e Google.

Os grupos que se escondem por trás da pecha de “conservadores” dos Estados Unidos muitas vezes abrigam outros grupos menores que defendem ideias racistas, xenófobas, homofóbicas e até terroristas, como investigou o FBI desde o vexame da invasão do Capitólio em janeiro deste ano. Os conservadores moderados, não custa lembrar, se posicionaram contra Trump e a favor da posse de Joe Biden naquela ocasião.

Poucas informações, muitas dúvidas

A página oficial do smartphone, porém, não oferece todas as informações sobre o produto: não há informações sobre o modelo do processador e sequer o tamanho da memória oferecida. Curiosamente, a fabricação do smartphone é “Made in China”, o que pode desagradar parte dos supremacistas dos EUA.

O sistema operacional “livre de censura” oferecido chama-se FreedomOS e tem uma app store batizada de PatriApp Store, sem dar informações sobre que tipo de proteção contra a “censura” o produto oferece.

No caso das redes sociais mais famosas, são empresas privadas em que os usuários aceitam os termos para fazer parte da rede, sendo impossível usá-las de outra forma. Por outro lado, apps de extrema-direita de frupos expulsos da Play Store estão disponíveis para download.

A PatriApp Store, segundo uma matéria do Tilt do UOL, também é baseada na Aurora Store, uma loja de “fachada” da Play Store para quem não quer ter uma conta do Google. Diferente das lojas de apps oficial do Google e da Apple, neste caso a loja não oferece segurança contra apps maliciosos.

O aparelho também não oferece nenhum recurso de segurança além de uma ferramenta nomeada de “Trust”, que “ajuda a entender a segurança do aparelho e alerta contra possíveis ameaças”. A ferramenta é baseada em um antivírus dos mais básicos, sem oferecer segurança avançada.

O smartphone, apesar de ser vendido com um produto “novo”, é quase todo baseado no modelo A9 Pro da fabricante chinesa Umidigi, vendido por US$ 120 nos Estados Unidos. O preço da “liberdade” oferecida pelo Freedom Phone é quatro vezes mais caro: US$ 500. Em mais uma decisão curiosa, o smartphone “contra censura” não informa a fabricante do aparelho.

Em entrevista recente, Erik Finman explicou que o Freedom Phone é mesmo fabricado pela Umidigi, mas a montagem do aparelho acontece em Hong Kong – supostamente um país mais amigável aos olhos dos “trumpistas” sobreviventes.

Recentemente, um dos fundadores da criptomoeda-meme Dogecoin anunciou que estava abandonando o mercado de criptomoedas por tratar-se de uma “tecnologia hipercapitalista de direita”.

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