Mercado Bitcoin lança calculadora para investidores estimarem ganhos com possíveis negociações de Neymar, Gabigol e outros craques
A criação e o lançamento de tokens lastreados pelo mecanismo de solidariedade da Fifa foi uma iniciativa inovadora da exchange brasileira de aproximação entre o universo das criptomoedas e o futebol e já atraiu mais de R$ 4,5 milhões em investimentos.
Na quarta-feira surgiram informações de que o Zenit FC, um dos principais clubes do futebol russo, estaria disposto a pagar R$ 124 milhões para comprar o atacante Yuri Alberto, do Internacional.
Caso a negociação se concretize, parte da torcida do Santos também vai ter motivos para comemorar: os detentores do Token da Vila, ativo digital lastreado em créditos decorrentes da compensação a que o clube paulista tem direito, de acordo com o mecanismo de solidariedade da Fifa, por ter sido o clube formador de Yuri Alberto.
O mecanismo de solidariedade é um dispositivo criado pela Fifa para remunerar clubes que contribuem para a formação de atletas em estágio inicial de carreira, entre 12 e 23 anos. Com a implantação do mecanismo, os clubes passaram a ter direito a uma participação de até 5% sob o valor de todas as negociações futuras que envolverem esses atletas, mesmo não tendo mais nenhum vícnculo contratual com eles.
Tokens atrelados ao mecanismo de solidariedade da Fifa são um produto de investimento lançado pela exchange Mercado Bitcoin. Trata-se da primeira inicativa concreta de aproximar o universo do futebol ao mercado de criptomoedas no Brasil, e de certa forma antecipou uma tendência que viria a se consolidar ao longo de 2021.
O primeiro clube a lançar um token nesses moldes foi o Vasco da Gama, em dezembro de 2020. Em outubro do ano passado foi a vez do Santos. A partir de agora, os investidores podem acessar o site do Mercado Bitcoin para calcular seus ganhos potenciais em função da venda de cada jogador vinculado ao produto de investimento.
Modelo de negócio
As limitações impostas tanto pela regulação do mercado financeiro quanto pelas regras relativas aos direitos econômicos de jogadores fizeram com que a equipe da exchange chegassem a um modelo de negócio baseado no mecanismo de solidariedade da Fifa, conforme explicou ao Cointelegraph Brasil o diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, Fabrício Tota:
“Na verdade, a gente pensou no que poderia ser criado em termos de recebíveis, de produto tokenizado. Aquele token que representa uma outra coisa. Depois de agluns estudos, encontramos o mecanismo, que é perfeito para a tokenização. Uma vez que você não se envolve diretamente na venda do atleta.”
O token representa um direito de crédito sobre eventuais transações futuras de um grupo fechado de jogadores formados nas categorias de base do clube e que já tenham tido seus direitos econômicos transferidos a outra agremiação.
Ao fechar o acordo com o Mercado Bitcoin para o lançamento do produto de investimento, os clubes cedme integralmente os direitos aos créditos do mecanismo de solidariedade e a sua participação nas futuras vendas também fica atrelada ao token. No caso do Santos, o clube detém 16,92% do total de tokens emitidos. Já o Vasco ficou com 25%.
Ao comprá-lo, os investidores antecipam receitas ao clube e compartilham o risco, pois as carreiras de jogadores de futebol são imprevisíveis e estão sujeitas a uma série de contingências, conforme ressaltou Fabricio Tota:
“Para o clube é uma lógica de antecipação. Ele vende antecipadamente um fluxo futuro dele. Um fluxo um tanto quanto incerto. Você não sabe se o jogador efetivamente vai se transferir. Se ele for se transferir, quando isso vai acontecer. E se de fato ele se transferir, quantas vezes ele vai se transferir ao longo da carreira e a que valores.”
No entanto, a estimativa de rendimentos futuros a partir de eventuais negociações é feita com base em critérios objetivos que determinam o valor de mercado dos jogadores incluídos no pacote:
– Idade: em tese, jogadores mais jovens terão uma carreira mais longa e provavelmente trocarão mais de clube do que atletas de idade mais avançada;
– Posição: Atacantes e meio-campistas são mais valorizados do que zagueiros e goleiros, por exemplo. Estes últimos, em geral, trocam menos de time ao longo de suas carreiras;
– Liga/campeonato: Competições mais badaladas valorizam mais os jogadores que as disputam;
– Percentual do mecanismo de solidariedade a que o clube tem direito: varia dependendo do número de temporadas que o jogador passou no clube.
A partir destas variáveis foi possível fazer uma estimativa de retorno de cada um dos atletas atrelados ao token tanto para o clube quanto para os investidores”, diz Fabrício Tota.
Agora, com a caulculadora disponível no site do Mercado Bitcoin, o investidor pode ter uma ideia objetiva do retorno em potencial de cada atleta. No caso do Token da Vila, por exemplo, há estrelas consagradas como Neymar e Gabriel Barbosa, o Gabigol, e promessas como o já citado Yuri Alberto. Philippe Coutinho é o principal craque vinculado ao Token do Vasco.
O Token da Vila foi lançado com uma oferta total de 614.790 unidades do token que são vendidas a um valor unitário de R$ 50,00, totalizando R$30.739.500,00. Este número, por sua vez, é a soma do valor de mercado estimado de todos os jogadores que compõem a cesta atrelada ao token.
O Vasco Token começou a ser negociado em dezembro de 2020 e apenas nas primeiras 24 horas arrecadou R$ 1,2 milhão. Desde então, os investidores já receberam dividendos em duas ocasiões, relativas a negociações envolvendo os jogadores Marrony e Philippe Coutinho. Ao todo, os repasses aos investidores já somam aproximadamente R$ 1,3 milhão.
Após um período de bloqueio de 4 meses a contar da compra, os investidores podem negociar seus tokens no mercado secundário através da plataforma do Mercado Bitcoin.
Público alvo
Fabrício Tota conta que por se tratar de um produto de investimento novo, o público alvo do Token do Vasco e do Token da Vila é fundamentalmente o torcedor dos times em questão. Tanto pela identificação com os jogadores quanto pela possibilidade de contribuir com o clube do coração.
Desde que começaram a ser negociados, o Vasco Token já arrecadou R$ 2,5 milhões e o Token da Vila, 2 milhões – um total de R$ 4,5 milhões.
A partir do sucesso da iniciativa e do amadurecimento do mercado, espera-se que os investidores ganhem maior compreensão sobre os possíveis retornos do investimento e paixões cubísticas possam vir a ser superadas.
Fabrício Tota mencionou também o surgimento e o rápido crescimento do mercado de fan tokens no Brasil em 2021 para destacar que a aproximação entre o esporte e a indústria de criptomoedas é uma tendência natural e irreversível:
“São dois fatores. Primeiro, o esporte atrai muita gente, seja o futebol aqui no Brasil, nos EUA você vê uma relação muito forte com o basquete, a Crypto.com e a FTX investindo em ‘naming rights’. O esporte é uma oportunidade de se comunicar com o seu cliente – e clientes em potencial – ao longo de grandes períodos de tempo. O segundo fator é que agora você tem produtos de fato ligados aos clubes. Fan tokens, os nossos tokens atrelados ao mecanismo de solidariedade, NFTs devem começar a ser explorados de uma forma mais intensa ao longo desse ano.”
Segundo o diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, a conexão com o mundo esportivo tira o foco eminentemente econômico com que as criptomoedas costumam ser tratadas, propondo uma abordagem mais leve em momentos de lazer e entretenimento. Daí a razão porque o investimento em ações de marketing esportivo tenha explodido no ano passado. A tendência é que este mercado mantenha-se em expansão.
A integração entre o universo das criptomoedas e o futebol brasileiro ganhou um novo capítulo na quinta-feira quando Neymar anunciou a compra de dois colecionáveis do Bored Ape Yacht Club, a coleção de NFTs mais popular do mundo nos dias de hoje. Um deles tornou-se a foto de perfil oficial de suas redes sociais. Antes dele, os astros da NBA Stephen Curry e o ex-jogador Shaquille O’neall já haviam adquirido NFTs da coleção.
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