Analistas do Mercado de Bitcoin acreditam que inverno cripto pode estar perto do fim e apostam em dois tokens na retomada da alta

Em uma live realizada ontem no Youtube, André Franco, Luca Benedetti e Rony Szuster apresentaram indicadores que apontam que, ao contrário do que muitos pensam, o inverno cripto pode estar chegando ao fim.

Em geral, a identificação dos ciclos de baixa do mercado de criptomoedas se faz em retrospecto. Nesse sentido, a memória mais recente remonta a 2018. Após um 2017 de exuberância e “alta infinita”, ao longo do ano seguinte o Bitcoin (BTC) perdeu mais de 80% em relação ao seu recorde de preço, derrubando o mercado como um todo.

Mesmo diante das evidências, o momento de início do ciclo de baixa só foi identificado algum tempo depois que se tornou óbvio que a fase de bonança havia acabado. Assim, quando se fala em inverno cripto, o medo de que a história se repita é o sentimento preponderante.

Ainda não há um consenso definitivo de que se esteja de fato em um novo ciclo de baixa. Não há unanimidade, e diante de opiniões divergentes é preciso se posicionar de um lado ou de outro. Para os analistas do recém criado setor de research da exchange Mercado Bitcoin, o mercado está em um ciclo de baixa.

Porém, este tem sido um estranho inverno cripto, muito diferente de todos os outros. Este foi o ponto de vista apresentado pela equipe liderada por André Franco em uma live transmitida na noite de quarta-feira no Youtube.

A característica mais marcante do mais recente inverno cripto é a correlação direta dos criptoativos com outros ativos de risco. Especialmente as ações do setor de tecnologia, que vem sofrendo perdas severas desde o começo deste ano. Inclusive com desempenhos inferiores ao do Bitcoin nos últimos 30 dias.

Segundo os analistas do Mercado Bitcoin, dois são os fatores principais a diferenciar o atual momento do mercado com o longo inverno de 2018: agora há uma presença muito maior de investidores institucionais, cuja visão de mercado sobre ativos de risco não faz diferenciação entre criptoativos e ações. Em momentos de estresse, eles tendem a se desfazer de suas posições, contribuindo para acentuar eventuais viéses de baixa.

E o cenário macroeconômico desfavorável com a perspectiva de aumentos sistemáticos da taxa de juros pelo Banco Central dos EUA ao longo desse ano e a inesperada crise geopolítica que opõe Rússia e China aos EUA e às principais potências ocidentais.

No entanto, segundo os analistas, são estes mesmos fatores que podem indicar que um suposto inverno cripto pode estar chegando ao fim.

Por um lado, ao mesmo tempo que o preço das criptomoedas fica a mercê do comportamento dos grandes players institucionais no curto prazo, o dinheiro dos grandes fundos e gestoras segue fluindo para o setor. Um movimento extremamente benéfico para investidores que possuem uma tese de investimento de longo prazo, afirmou André Franco, head de research do Mercado Bitcoin. 

Além disso, os mercados, tanto o de ações como o de criptomoedas, já teriam precificado os aumentos das taxas de juros antecipados pelo FED e portanto daqui para frente a tendência é que eles tenham pouco impacto sobre o preço dos criptoativos, segundo o analista Luca Benedetti.

Fazendo referência ao mais recente boletim do Pantera Capital, o mais antigo fundo de investimentos dedicado a criptomoedas do mercado, publicado na quarta-feira, Benedetti destaca um trecho que afirma que a correlação das criptomoedas com outras classes de ativos costumam ser eventos sazonais, com duração limitada de dois meses. Em geral, após esse período, o mercado cripto retoma sua própria dinâmica independente.

Métricas on-chain do Bitcoin estão positivas

Algumas métricas on-chain do Bitcoin reforçam a sensação de que o mercado encontra-se em um estágio de acumulação, especialmente o comportamento dos detentores de Bitcoin de longo prazo (LTH – long term holders) – aqueles que mantêm suas moedas por mais de 155 dias.

Rony Szuster, também da equipe de analistas do Mercado Bitcoin, apresentou dados que mostram que estes detentores de longo prazo estão voltando a acumular Bitcoins, após um período de realização de lucros que se seguiu à máxima histórica do BTC em 10 de novembro último.

Desde o final do ano passado, afirmou, pode-se notar uma reversão desta tendência favorecendo a acumulação de BTC por parte de LTHs e isso costuma ser um sinal historicamente positivo para o mercado, observou Szuster:

“Isso é um indicativo de que talvez esse período de ‘bear market’ talvez esteja acabando. A gente tem um indicativo de que sempre que essas entidades [LTHs] acumulam mais Bitcoin, a tendência é de que haja uma virada de ‘bear market’ para ‘bull market'”.

Luca Benedetti completou o raciocínio afirmando que os fundos de capital de risco seguem fazendo aportes no mercado, ao contrário do que aconteceu durante a retração do setor em 2018. A manutenção dos investimentos privados nesse é outro sinal extremamente positivo sob uma perspctiva de longo prazo, afirmou:

“O mercado de venture capital está quentíssimo. Acho que nunca esteve tão quente, inclusive. Se a gente compara o tamanho dos investimentos privados em relação aos últimos anos e aos últimos ciclos com o momento atual, o volume agora está muito maior, a quantidade está muito maior, a variedade de setores em que o venture capital está aportando também é maior. Então isso tudo é um indicativo de que a indústria não só está crescendo muito rápido, como ela vai manter esse crescimento por muito tempo.”

Apostas para a retomada

Supondo que se esteja na iminência da retomada de um ciclo de alta, quais seriam as apostas dos analistas do Mercado Bitcoin para se beneficiar da retomada do crescimento da indústria cripto questionou André Franco já ao final da transmissão.

Para Szuster, o setor de jogos play-to-earn vai ser um dos primeiros a se descolar da tendência ditada pelo Bitcoin e por isso ele escolheu o Pegaxy (PGX), um game NFT de corrida de cavalos futurista no estilo PVP cuja barreira de entrada para novos usuários é baixa, favorecendo o crescimento sustentado de sua base de usuários. Seu token de governança é o Pegaxy Stone (PGX) e o de utilidade é o Vigorus (VIS).

Já Benedetti optou pelo Ethereum (ETH), com base nas atualizações que devem ser implantadas na rede até o final do ano. “Eu só não compro mais Ethereum porque já está tudo lá”, brincou o analista. Na sequência, retomou a seriedade para justificar a sua opção:

“Esse ano tem uma tese muito clara para o Ethereum porque há atualizações importantes vindo. O Merge sendo a mais importante delas. Toda modelagem indica que o Ethereum vai ficar de fato deflacionário pós-Merge. A gente teve uma redução muito grande na emissão de Ethereum, de mais de 70%, que é absurda, é mais que o halving [do Bitcoin]. E com o Merge isso vai ficar cada vez mais dramático. Em vez de ter uma redução na emissão, você vai ter de fato a queima. Você vai tirar Ether de circulação. O Ethereum é a tese mais clara, e é a tese em que você vai correr menos risco e provavelmente vai ter um retorno imenso.”

Merge é a última etapa da transição do mecanismo de consenso da rede do modelo de Prova-de-Trabalho (PoW) para Prova-de-Participação (PoS). Em última instância, trata-se da fusão da rede atual com a Beacon Chain, uma rede totalmente independente cujo mecanismo de consenso é a Prova-de-Pariticipação. Atualmente, ela está sendo executada paralelamente à rede principal. 

Uma vez concluída, a camada de consenso PoW será desativada e o consenso em todos os blocos futuros da blockchain do Ethereum serão obtidos através da PoS. No entanto, com a fusão, o histórico de transações da rede Ethereum não será perdido na transição.

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