Caso Bitcoin Banco: PF deflagra operação, não encontra BTC e vê conexão com outra pirâmide
A Polícia Federal cumpriu nesta segunda-feira (5) mandados de busca e apreensão como parte da investigação do Grupo Bitcoin Banco (GBB), empresa acusada de operar uma pirâmide financeira de grandes proporções que teria afetado 7 mil pessoas, incluindo famosos.
Em coletiva, a Polícia Federal disse que não foi capaz de identificar carteiras de criptomoedas virtuais ou físicas pertencentes ao GBB, e que por isso não efetuou a apreensão de bitcoins.
Os imóveis e carros de luxo apreendidos serão leiloados e o dinheiro arrecadado será revertido para a reposição de bens das vítimas. A operação não visou a apreensão de criptomoedas, mas, segundo a Polícia, os agentes possuem algumas carteiras físicas que ainda não foram analisadas. Cerca de 90 policiais participaram da ação.
Um dos investigadores, no entanto, afirmou que as investigações mostram fortes indícios de trabalho conjunto do GBB com a BWA Brasil, outra empresa acusada de operar um esquema de pirâmide.
O investigador não nomeou a empresa, mas disse que se tratava de um negócio que conseguiu entrar em recuperação judicial por São Paulo – Bitcoin Banco e BWA são os dois únicos casos de supostas pirâmides de criptomoedas que conseguiram aprovar recuperação judicial.
“Nós encontramos sim identificação com uma empresa no estado de São Paulo que pareceu percorrer o mesmo caminho (do GBB): bloqueou os saques dos clientes, iniciou um processo de recuperação judicial em São Paulo, e teve a decretação de sua falência. Verificou-se que o principal investigado tinha também um bom e próximo relacionamento com o líder desse grupo de São Paulo”.
Investigado
O principal nome do Grupo Bitcoin Banco é Cláudio Oliveira, acusado de arquitetar o esquema que envolvia um suposto investimento com alto retorno e que bloqueou saques de investidores e deixou de pagar o estimado a R$ 1,5 bilhão.
Na época, ele alegou que um ataque hacker contra os sistemas da empresa seriam a causa dos atrasos nos pagamentos.
Mais tarde, o Grupo entrou com pedido de recuperação judicial, o que interrompeu o andamento de diversas ações cíveis pelo país. Oliveira afirmou que teria a posse de uma carteira de criptomoedas com 7.000 BTC, o que, nos valores de hoje, equivalem a R$ 1,19 bilhão.
Ele forneceu chaves privadas à Polícia como prova, mas elas eram os passes de outras carteiras que, juntas possuíam cerca de US$ 2.00. Os agentes alegam que esta foi uma forma de se aproveitar do pouco conhecimento da Polícia acerca de criptomoedas.
“Eles identificaram carteiras na blockchain que continham 7.000 BTC e mostraram como se fosse dele. O Grupo conseguiu iludir o Poder Judiciário valendo-se de informações falsas, usando dados públicos da blockchain, o que passava par ao juízo e para os clientes uma esperança de reaver os valores investidos. Mas se tratava de outro poder ardiloso para enganar.”
Nesta época, os clientes lesados passaram a exigir a devolução dos valores investidos aos acusados através de termos de confissão de dívidas e acordos extrajudiciais. Mais tarde, naquele ano, o grupo entrou com um pedido de falência junto à 1ª Vara de Falências de Curitiba.
No início de 2020, entretanto, foi constatado que a empresa não cumpria as obrigações exigidas pelo decreto de recuperação judicial e continuava oferecendo contratos de investimento coletivo sem registros junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Segundo a Polícia Federal, o GBB chegou a negociar Bitcoin, mas em dado momento criou uma blockchain privada que o permitiu maquiar os supostos trades que ofereceriam os altos rendimentos oferecidos aos investidores.
A PF não mencionou se os mandados de prisão expedidos contra Oliveira, sua esposa e outros envolvidos foram cumpridos nesta segunda-feira (5).
Operação
Uma operação da Polícia Federal no Paraná decretou a cinco pessoas na manhã de segunda-feira (5). Elas são acusadas de participarem de um grupo que promovia golpes envolvendo criptomoedas.
O grupo estaria envolvido com crimes falimentares, de estelionato, lavagem de capitais, organização criminosa e delitos contra a economia popular e o sistema financeiro nacional. A suspeita é que mais de sete mil pessoas tenham sido lesadas em mais de R$ 1,5 bilhão.
Foram decretados um mandado de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 22 de busca e apreensão, todos expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR. Além disso, foram sequestrados diversos imóveis e carros de luxo.
Segundo a Polícia Federal, os clientes eram convencidos de que podiam comprar criptomoedas mas na verdade usavam uma cripto própria com liquidez falsa, que parecia dar lucro às vítimas. Os fundos eram desviados para outros fins.
“O grupo criou uma ferramenta semelhante a uma ‘blockchain privada’ que era usada pelas vítimas para conferir registros de lucros que na verdade, não existiam”, explicou a Polícia Federal.
A investigação do grupo começou em 2019, depois que sua plataforma bloqueou os saques de investimentos em criptomoedas, alegando que havia sofrido um ataque hacker que roubara seus fundos. Uma denuncia foi feita à Polícia Civil daquele estado, mas as investigações não encontraram indícios do ataque.
O líder do esquema, de acordo com a Polícia Federal, já havia cometido crimes semelhantes na Suíça e nos Estados Unidos, chegando a ser extraditado naquele país. Às vítimas, ele afirmava que era um grande empresário com posses no exterior.
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