Relatório do BIS critica criptomoedas, mas quer incorporar CBDCs
Em um trecho publicado de seu relatório econômico anual, intitulado “O Futuro Sistema Monetário”, o BIS criticou as falhas estruturais das criptomoedas alegando representar um risco para o setor. No mesmo relatório, o banco afirmou ver futuro para as moedas digitais do banco central (CBDCs).
No entendimento do BIS, os principais pontos, que “impossibilitam o universo cripto” de se tornar a base para um sistema monetário são escalabilidade, fragmentação, falta de lastro estável e intermediários não regulados, e acrescenta que os bancos centrais entregam “maior estabilidade, segurança e interoperabilidade”.
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Para o órgão global dos bancos centrais, qualquer forma de dinheiro criada sem uma autoridade sustentada pelo governo que utilize reservas financiadas por impostos sempre faltará credibilidade.
Entretanto, ficou evidenciado, no trecho publicado, o interesse da instituição em inovações da esfera cripto como tokenização e programabilidade que devem ser implementados no desenvolvimento das futuras CBDCs.
Vulnerabilidade das Criptos
Mesmo sendo natural o derretimento de até 80% no preço do Bitcoin ao fim de cada ciclo, em entrevista à Reuters o gerente geral do BIS, Agustin Carstens, fez alusão aos resgates institucionais, colapsos de stablecoins, liquidações de fundos de hedge e a insolvência de protocolos de empréstimos de criptomoedas:
“Acho que todas essas fraquezas apontadas antes praticamente se materializaram. Você não pode simplesmente desafiar a gravidade.”
Desde novembro do ano passado, quando atingiu a máxima histórica de US$ 2.962 trilhões, o valor de mercado total do mercado de criptomoedas foi reduzido em mais de US$ 2 trilhões segundo dados do CoinMarketCap.
CBDCs em destaque
Por se tratar de um espaço propício ao desenvolvimento de inovações digitais a volatilidade do mercado é implacável e muitos projetos não sobrevivem ao inverno das criptos. Mesmo assim, o BIS se mantém cético quanto à dinâmica do mercado e ao futuro das criptomoedas no longo prazo.
Com aproximadamente 90% das autoridades monetárias concentradas no desenvolvimento de CBDCs o BIS tem se preocupado em coordenar as questões de interoperabilidade.
Além das questões geopolíticas, com o distanciamento do ocidente de países como China e Rússia, o desafio atual das CBDCs é de alinhamento tecnológico. Similar ao da telefonia móvel na década de 90, que buscava um padrão de codificação global, o BIS tem concentrado esforços no desenvolvimento de um padrão de interoperabilidade global para as CBDCs.
Ao ser questionado sobre quanto tempo levaria para desenvolver um padrão internacional que possa ser acordado entre as demais CBDCs, Carstens respondeu:
“Este é um tópico que está na agenda do G20 há algum tempo e penso ser a hora de avançar. Acredito que nos próximos dois anos”.
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