Binance publica relatório sobre Web3 e diz que 2022 foi ‘ano dos institucionais’
Diversas empresas do mainstream decidiram se aventurar na Web3 ou com criptoativos, fazendo com que esse ecossistema se torne difícil de ignorar
A Binance Research publicou um relatório, nesta terça-feira (22), com uma retrospectiva da adoção institucional da Web3 e das criptomoedas. Em formato de infográfico, o relatório chamado “2022 – O Ano em que as Instituições Evoluíram para a Web3” aponta os maiores marcos dessa movimentação de players institucionais ocorrida em 2022.[
Web3 e criptomoedas se tornam inevitáveis
O ano de 2022 começa relativamente ‘devagar’ em termos de adoção institucional. Os primeiros marcos registrados no relatório da Binance são a integração de NFTs no Twitter e o uso de Lightning Network pelo aplicativo de pagamentos Cash App.
Em fevereiro, porém, o infográfico mostra uma rápida aceleração nos índices de adoção da tecnologia blockchain por grandes empresas. No âmbito de parcerias, o fundo de US$ 100 milhões, criado pela ImmutableX em parceria com a GameStop, para investir em jogos da Web3 foi o primeiro acordo firmado. A solução lançada por Chainalysis e BNY Mellon para avaliar produtos do mercado cripto, e a parceria do serviço de streaming Sling com a BitPay para viabilizar pagamentos com criptomoedas também são parcerias presentes no relatório.
Foi também em fevereiro que a Intel anunciou o lançamento de sua iniciativa de soluções voltadas à mineração de criptoativos. Ainda no ramo da mineração, a empresa estadunidense de energia ConocoPhillips iniciou uma operação própria para minerar Bitcoin.
Em março, um marco notável é a parceria entre o State Street, o segundo banco mais antigo dos Estados Unidos, e a Copper, empresa do mercado cripto focada em oferecer soluções para instituições. Dessa união surgiu um serviço conjunto para oferecer custódia de ativos digitais aos clientes do State Street.
Além disso, a Billboard e Universal Music Group anunciaram planos de criar uma plataforma de colecionáveis digitais de artistas que alcançarem colocações altas na revista.
Imagem: entrada institucional entre janeiro e março/Binance
Pagamentos e NFTs
Abril e maio foram meses agitados com marcos para as áreas de pagamentos e NFTs. Logo no início de abril, a Fidelity anunciou que permitiria às suas contas de planos de aposentadoria “401(k)” a incluírem Bitcoin em seus balanços.
A partir daí, diversas iniciativas envolvendo pagamentos com moedas digitais são firmadas. A Stripe passa a permitir o uso de USDC para pagamentos, mas apenas para comerciantes e plataformas que usam o serviço da empresa. Posteriormente, contudo, uma parceria foi firmada com a Polygon para que clientes também possam usar USDC em seus pagamentos.
Também em abril a Mastercard se juntou à Nexo e à DiPocket para lançar cartões de débito recarregáveis com criptoativos. Já em maio, a Stripe voltou a desbravar o mercado cripto ao se unir à OpenNode para permitir conversões de moedas fiduciárias para criptomoedas dentro de seu aplicativo. No mesmo mês, a MoneyGram anunciou o uso da blockchain Stellar para permitir conversões de stablecoins.
Quanto ao mercado de NFTs, algo grande aconteceu em maio: o Meta, ex-Facebook, anunciou uma parceria com a Polygon para integrar tokens não-fungíveis em suas plataformas. Poucos dias depois, no mesmo mês, o Instagram revelou que utilizaria as blockchains Flow, Ethereum Solana e Polygon para permitir que usuários da rede social mostrassem seus colecionáveis digitais.
Sobrou tempo no quinto mês do ano para que a De Beers, gigante do ramo de mineração e comércio de diamantes, lançasse um projeto baseado em NFTs.
Presença de gigantes
A Citadel, empresa estadunidense com mais de US$ 50 bilhões em ativos sob gestão, anunciou, em junho, uma parceria com a Virtu Financial em junho para criar um marketplace de criptomoedas. No mesmo mês, a Apple se aliou à Block, antiga Square, para habilitar uma função de pagamentos com moedas digitais em apenas um toque no celular.
A Chipotle, cadeia de fast food famosa nos Estados Unidos, também passou a permitir pagamentos com criptomoedas em suas lojas através de uma parceria com a Flexa. Enquanto isso, Shell, American Express e Accenture anunciaram a blockchain Avelia. O objetivo é usar a Avelia para desenvolver soluções para aquisição de combustíveis sustentáveis da aviação.
Em julho, uma das empresas de arte mais famosas do mundo, a Christie’s, anunciou um fundo de capital de risco para investir em projetos na Web3. Também foi o período escolhido pelo banco britânico Barclays para se aventurar nas finanças descentralizadas, ao alocar US$ 2 bilhões através do serviço de staking da Copper.
Além de empresas interagindo com o ecossistema cripto, o príncipe de Dubai anunciou a ambiciosa “estratégia de metaverso” do país.
Imagem: entrada institucional entre junho e julho/Binance
Período de intensificação
Agosto começa de forma intensa quando a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, passa a ofertar criptomoedas a seus clientes institucionais. Também no início de agosto, o Meta intensifica sua presença no mercado de ativos digitais ao lançar integração com NFTs, mas a partir de diversas carteiras.
A própria Binance, autora do relatório, faz um importante movimento na América Latina. Em parceria com a Mastercard, a exchange lança um cartão que permite pagamentos com criptomoedas nos mais diversos estabelecimentos.
Em setembro, um plano ambicioso de três empresas tradicionais é anunciado para a economia digital. Charles Schwab, Citadel e Fidelity anunciam planos para a criação de uma exchange, a EDX Markets. No mesmo mês, a Nasdaq anuncia que oferecerá custódia para criptoativos.
Até mesmo a SWIFT, a sociedade cooperativa internacional com o mais importante sistema de remessas do mundo, se rende à blockchain em setembro. Em parceria com a fintech Symbiont, o projeto de uma blockchain para envio de dados em tempo real é revelado.
O ano ainda não acabou
Outubro marca a primeira aparição do Brasil no relatório da Binance Research. A iniciativa do Flamengo de emitir produtos voltados à Web3 em parceria com o MoonPay, e a decisão do Rio de Janeiro em aceitar o pagamento de IPTU com Bitcoin são dois marcos que ganharam espaço no infográfico.
O décimo mês do ano também reserva espaço para iniciativas voltadas a gigantes do ramo de pagamentos. Mastercard e Paxos anunciam uma parceria voltada a permitir que bancos ofereçam serviços com criptoativos. A Visa, concorrente da Mastercard, revela no mesmo mês que está trabalhando com o JPMorgan para agilizar pagamentos internacionais com as soluções Liink e B2B Connect.
O JPMorgan também protagoniza um importante marco de novembro, que é a realização da sua primeira transação no ambiente de finanças descentralizadas. Os últimos marcos apontados pelo relatório da Binance Research envolvem o mercado de NFTs.
O Meta anunciou o uso da rede Arweave para armazenar metadados dos colecionáveis digitais criados em suas redes sociais. A Sony requisitou patentes para soluções envolvendo jogos e NFTs. Por fim, a Nike anunciou que usará a Polygon para criar um marketplace de wearables digitais.
Mesmo com a forte adoção institucional ao longo de 2022 vista até o fechamento do relatório, é importante lembrar que ainda faltam 39 dias para a acabar o ano. Há espaço de sobra para novos marcos envolvendo a entrada de grandes empresas na Web3.
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