BC estuda liberar stablecoins bancárias e custodiar depósitos do Real Digital contra riscos de alavancagem e falta de crédito

Na Febraban, coordenador da CDBC brasileira manifestou preocupação com o crédito por meio da desintermediação financeira e efeito multiplicador da CBDC brasileira.

Em participação na última quarta-feira (10) durante o painel “Real Digital: a CBDC brasileira é o futuro?”, no FEBRABAN TECH 2022, evento promovido pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), o coordenador do Real Digital no Banco Central (BC; Bacen), Fabio Araújo, disse que a instituição financeira pretende adotar ações com objetivo de parear a CBDC brasileira com serviços financeiros tradicionais e com práticas que começam a se popularizar na Web3.

No rol das possibilidades elencadas por Fabio Araújo está a liberação aos bancos de emissão de stablecoins como forma de mitigar os riscos de falta de crédito com a implantação do Real Digital  que, segundo ele, poderia acarretar problemas relacionados à intermediação financeira. 

As stablecoins, no caso, seriam uma solução para o sistema bancário garantir a liquidez para o crédito na economia, especialmente se os depósitos bancários forem, no futuro, totalmente substituídos pela CBDC.

“Para se contrapor a esse cenário, o que o Banco Central tem em mente é que se possa tokenizar os depósitos bancários em uma wallet custodiada pelo banco, em um passivo novamente do banco. Então você poderia usar uma CBDC, que é um passivo Banco Central, ou uma stablecoin que é um passivo do banco”, disse Fabio Araújo.

A ideia do representante do Banco Central é promover a tokenização dos registros de depósitos bancários, feitos pelas instituições privadas, que ficariam em uma carteira digital custodiada pelo Banco Central.

“Com isso, o passivo não será do BC, mas do banco, que continuará com a possibilidade de multiplicação da liquidez e ainda terá acesso aos serviços que a Web3 trará, como os serviços de blockchain de finanças que estão sendo criados no ambiente de ativos digitais”, explicou Araújo. 

Também presente no debate, o  vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa, Rafael Morais, manifestou outra preocupação com o Real Digital, que será objeto de mais estudos entre setembro e dezembro, pelo menos. Para ele, outro possível impacto é o mercado de alavancagem, no caso o efeito multiplicador que poderia acontecer com o suprimento circulante de Real Digital com a utilização da captação feita pelas instituições bancárias para oferecer empréstimo aos clientes, o que seria mais razão para a custódia do BC. 

“Se esses depósitos não ficarem em poder dos bancos, será muito difícil fazer a alavancagem. Portanto, se não for feita a tokenização, provavelmente teremos um cenário mais complexo no sistema financeiro”, argumentou. 

Moderado pelo  diretor de Comunicação, Mídias Sociais e Eventos da Febraban, João Borges, o encontro também contou com a presença da  sócia-líder de Blockchain e Cripto da EY Brasil, Thamilla Talarico, que comemorou a criação da CBDC brasileira explicando que:

“A gente passa a ter a possibilidade de dar liquidez a ativos que anteriormente não tinham tanto valor. Hoje, qualquer ativo pode ter uma representação digital e ser negociado ou até fracionado digitalmente, tornando-o muito mais acessível para quem está querendo investir e interessante para quem está efetivamente querendo empreender.”

Em entrevista recente, Fabio Araújo voltou a destacar o potencial do Real Digital como principal aposta da autoridade monetária para habilitar a moeda nacional em funcionalidades de finanças descentralizadas (DeFi), Web 3 e outros aspectos da economia digital. conforme noticiou o Cointelegraph Brasil

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