“Drex será todo o sistema financeiro do Brasil”, afirma Banco Central
De acordo com o coordenador do Drex do Banco Central (BC), Fábio Araujo, os planos para o Drex vão além de uma simples moeda, podendo substituir todo o sistema financeiro brasileiro. A afirmação foi feita durante o Fórum Ativos Digitais, que aconteceu em São Paulo nesta quinta-feira (3).
Além disso, Araújo ainda lembrou que o Pix resolveu todos os problemas de acessos e pagamentos de atacado. Ele também adiantou que, na semana que vem, o órgão vai abrir inscrições para novos participantes interessados em entrar no piloto do Drex.
BC quer Drex como sistema financeiro do Brasil
O Drex é mais do que uma moeda, é uma plataforma. Por isso, o objetivo de longo o prazo do Drex é ser o sistema financeiro brasileiro, onde todas as negociações irão acontecer, revelou Fabio.
Ele também destacou que o BC ainda não possui um prazo definido para o lançamento do Drex ao público geral. Entretanto, a ideia é liberar a moeda digital para testes com a população após uma fase extensa de experimentação. Araújo ressaltou que, somente depois dessa etapa, o Drex será oficialmente lançado para uso em grande escala.
Além disso, Fábio ressaltou a importância do ambiente DeFi para o BC. Como a instituição já tem um ambiente interoperável através do open finance, a programabilicade é sobretudo, fundamental para o Drex.
Aqui, é importante dar um passo atrás e pensar que não estamos lidando apenas com uma moeda. Trata-se de uma plataforma que já oferece interoperabilidade e componibilidade de forma integrada. Esse conceito foi inspirado no diagrama da RLN (Rede de Liquidação e Pagamento em Tempo Real).
Drex vai além do Pix
Quando ampliamos essa ideia para o setor financeiro, em geral, percebemos o enorme potencial de concorrência e a abertura de mercado que isso proporciona. O objetivo, desde o início, era ir além do que já temos com o PIX. O que mais essa tecnologia pode nos oferecer?, indagou.
O coordenador do Drex no BC também apontou que, embora o termo ‘dinheiro programável’ possa nos ajudar a refletir sobre novas possibilidades, ao se aprofundar nessa ideia, percebe-se que ela pode ser enganosa.
Não estamos programando o dinheiro, mas sim criando um ecossistema público, uma API, que permite aos participantes do mercado utilizarem essa infraestrutura para prestar serviços à população. No fim das contas, esse é o nosso objetivo. Como já foi dito, ninguém adota uma tecnologia apenas porque ela parece interessante, mas sim porque ela resolve um problema. O objetivo final do BC é democratizar o acesso a serviços financeiros. Como fazemos isso? questionou Araujo.
Enquanto outras características podem ser um pouco melhores ou piores do que as tecnologias atuais, a componibilidade é o que permite alcançar o objetivo de democratizar os serviços, de acordo com Fábio. Ela possibilita tanto a entrada de mais startups e interessados no mercado quanto facilita o acesso das pessoas aos serviços financeiros.
Confiança e interoperabilidade
Há um problema de confiança nos protocolos de interoperabilidade. A estratégia que definimos para a evolução do DREX é começar com um ledger único, inserindo nele tudo o que a escalabilidade permitir e interoperando apenas o necessário. Optamos por essa abordagem porque é simples migrar de uma topologia de ledger único para uma de ledgers interoperáveis, mas o caminho inverso, de um sistema interoperável para um único, é muito mais complexo, detalhou Araujo.
Além disso, o representante do Banco Central apontou que é necessário cuidado ao escolher o que integrar nesse núcleo. Embora o ledger usado seja ativo e não possa ser mostrado, ele oferece boas qualidades de escalabilidade.
Precisamos definir claramente o que é essencial estar dentro desse ecossistema principal e o que pode ser mantido em ecossistemas satélites, operando via interoperabilidade. Essa é uma questão crucial para o desenho do mercado, concluiu o coordenador do Drex.
Quando a população testará a moeda digital brasileira?
Para essa pergunta, Araujo diz que ainda vai levar um tempo considerável para população testar.
O que estamos tentando fazer é levar esse projeto para testes com a população, para entender como ela reage e absorve esses novos negócios, e assim determinar o nível de escalabilidade necessário para o sistema. Quando pensamos em interoperabilidade, escalabilidade e segurança cibernética, esses são aspectos fundamentais. Estamos trabalhando nisso e temos boas soluções para a segurança cibernética. Quanto à privacidade, as soluções estão em processo de amadurecimento.
Com esses pontos bem estabelecidos, o BC vai avançar para os testes com a população. Nessa fase, a escalabilidade e a interoperabilidade não serão limitantes, e esses testes nos ajudarão a definir o tipo de interoperabilidade e o grau de escalabilidade necessários, explicou.
Temos um cenário em que há duas opções: um sistema completamente separado ou completamente interoperável. Provavelmente, adotaremos o máximo possível de elementos internos ao sistema e interoperaremos apenas o estritamente necessário.
“Os testes com a população nos ajudarão a definir o que deve estar integrado à Mainnet e o que pode ser interoperável. Não sei se consegui responder completamente, mas o ponto crucial é superar o desafio da privacidade. Uma vez que essa questão esteja resolvida, poderemos avançar para a segunda fase da arquitetura e, então, seguir em direção à produção”, finaliza Araujo.
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