Blogueirinha do Fim do Mundo pede explicação sobre NFTs no Twitter e seguidores reagem: coisa de ricos e otários

A atriz e influenciadora Maria Bopp mobilizou seus seguidores no Twitter nesta quinta-feira ao pedir explicações sobre a utilidade de NFTs e a grande maioria foi unânime em apontar que se trata de uma tecnologia para ricos ganharem dinheiro de otários.

A atriz e influenciadora Maria Bopp, também conhecida como Blogueirinha do Fim do Mundo, recorreu aos seus seguidores no Twitter para tentar entender a natureza e a utilidade dos tokens não fungíveis (NFTs).

Aparentemente motivada por interesses comerciais, já que em um dos comentários à postagem ela menciona que “estão dizendo que eu poderia ganhar dinheiro com isso”, Maria Bopp pediu que a explicação fosse compreensível para uma criança de oito anos.

A julgar pela grande maioria das respostas, ela aprendeu que se trata de uma tecnologia criada por capitalistas ricos para ganhar dinheiro de otários utilizando uma tecnologia que produz certificados de propriedade digital registrados em blockchains de itens que podem circular livre e irrestritamente pela internet.

O jornalista Lucas Berti foi o primeiro a arriscar uma explicação simples e direta, sem juízos de valor.

“Imagina que você quer se tornar proprietária de uma foto do bob esponja. Ai você paga (muita grana) e passa a ser oficialmente dona dessa foto. A foto, porém, segue sendo usada e compartilhada por todo mundo. Mas só você só tem a ESCRITURA dela

Foi então que Maria Bopp questionou de que forma poderia ganhar dinheiro com isso. Daí por diante, o thread tornou-se fundamentalmente opinativo.

Outro jornalista, Lucas Carvalho, completou a resposta do colega afirmando que a lógica financeira por trás dos NFTs não passa de especulação, assim como é o caso do valor do Bitcoin (BTC). “Se ninguém puder te contrariar, você define o preço. Geralmente quem compra é para revender mesmo.”

Mas há duas incongruências nesta explicação. É verdade que o detentor de um NFT tem o poder de definir o preço que deseja receber por ele. No entanto, em última instância quem determina o valor de um NFT é aquele que o compra, aceitando ou não o preço definido pelo vendedor. Ou seja, o mercado.

Em segundo lugar, NFTs são ativos de baixa liquidez.  Quem compra um NFT não têm nenhuma garantia de que poderá vendê-lo sequer pelo preço originalmente pago. 

Ironia

Apesar do tom sério e de uma boa dose de agressividade nas respostas, alguns comentários recorreram ao tom irônico característico da Blogueirinha do Fim do Mundo para tentar esclarecer a questão.

Outros procuraram ser didáticos sem perder o bom humor.

Mas de forma geral, os ataques dos seguidores de Maria Bopp foram baseados nas críticas recorrentes que recaem sobre os NFTs: seu caráter especulativo, a escassez artificial, o alto consumo energético para validação das transações, a falta de amparo jurídico, mas fundamentalmente um questionamento à sua real utilidade. 

Manifesto marxista-leninista contra os NFTs

Todas estas críticas estão reunindas em um thread postado na quarta-feira pelo Soberana, um coletivo marxista-leninista que diz atuar “na disputa sobre a consciência política dos trabalhadores na internet”. Muitos seguidores de Maria Bopp recorreram a ele para explicitar suas opiniões.

Segundo o manifesto, uma falha seminal dos NFTs é a ausência de uma entidade que lhes garanta a legitimidade, seja o estado ou qualquer outra instituição legal. O fato de NFTs serem negociados majoritariamente através de transações que envolvem criptomoedas e ficam registradas em uma rede descentralizada fazem com que estes ativos não tenham valor legal nem garantam a propriedade real de nada.

Avançando no thread chega-se a um ponto em que o discurso do coletivo marxista-leninista se alinha ao dos reguladores norte-americanos: ambos se colocam em defesa da “proteção aos cidadãos”, tomando por inaceitável que não haja controle das instituições sobre a liberdade individual dos cidadãos de escolherem onde desejam investir seu próprio dinheiro.

O coletivo vai além e sugere que a descentralização introduzida pelo Bitcoin e a tecnologia blockchain seria na verdade uma forma de limitar a ação política devido à ausência da “possibilidade de supervisão pela sociedade”.

O coletivo também defende que “bens digitais – como textos, imagens e vídeos – podem ser copiados e transmitidos com custo quase 0 e desafiam a lógica da propriedade como uma posse excludente de um objeto. Um ponto que o movimento pirata e da cultura livre já repetem (sic) há anos.”

Nesse caso, exclui-se a possibilidade de que os autores de bens que tenham como fim formatos digitais possam – e devam – ser recompensados por tê-los produzido. Justamente um antigo problema da cultura digital que os NFTs têm potencial para solucionar.

De qualquer forma, a utilização de tokens não fungíveis como garantia de propriedade digital não precisará ser obrigatoriamente adotadas por todos. Aqueles que desejarem distribuir gratuitamente o produto do seu trabalho não deixarão de ter liberdade para fazê-lo.

O texto segue adotando posições contraditórias, como quando crítica redes que utilizam a Prova-de-Participação em alternativa ao mecanismo de consenso baseado na Prova-de-Trabalho, pois o problema do alto consumo energético seria minimizado em detrimento da descentralização do sistema. Segundo a lógica do coletivo, a centralização só se justifica se o controle couber ao estado.

O thread termina em um tom digno de Elizabeth Warren, a senadora democrata que costumeiramente associa as criptomoedas a golpes e crimes.

Binance

Entre os ataques, um ou outro comentário se arriscava a fazer a defesa dos NFTs com argumentos de que ele funciona como um certificado de direitos autorais para beneficiar produtores de conteúdos que podem ser facilmente reproduzidos digitalmente.

Entre as respostas em defesa dos NFTs, destaca-se uma do perfil da Binance. A postagem contém o link para um texto da Binance Academy que apresenta sete casos de uso de NFTs.

A manifestação deixa margem para imaginar que em breve Maria Bopp poderá fazer uma parceria com a exchange para lançar sua coleção de NFTs e descobrir por conta própria para que, afinal, eles servem.

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