Bancos Centrais dos EUA e Europa não possuem meios para sair de crise econômica sozinhos
Os Bancos Centrais dos EUA e da Europa não possuem meios para sair de crise econômica sozinhos. Isso fica claro após uma semana de falas preocupantes de líderes dos BCs.
Na última terça-feira (11), o presidente do FED, Jerome Powell fez um discurso ao público. Responsável pelo Banco Central dos EUA, Powell afirmou que não há condições de segurar uma crise econômica.
Além disso, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (ECB), discursou na mesma data que Powell. Por sua vez, Cristine pediu ajuda aos governantes do bloco europeu,
O que de fato chamou atenção é que o mercado financeiro mundial reagiu ao discurso todo de forma otimista. Os discursos alarmantes, talvez mal interpretados, possuem relação com a baixa taxa de juros praticada pelos Bancos Centrais.
Pedreiro sem martelo, Bancos Centrais não possuem ferramentas para escapar de uma crise econômica sem ajuda dos governos
Em meados de fevereiro de 2020, véspera de carnaval no Brasil, uma desilusão na esperança dos investidores começa a ser sentida. Isso porque, os presidentes de dois bancos centrais apresentaram no início da semana perspectivas cautelosas para o futuro.
Ainda que parte da mídia tenha analisado a maior parte de suas falas, economistas se alertaram para o que Powell e Lagarde falaram na última terça. A presidente do EBC, mais clara em suas falas, alertou que os governantes da Europa precisam reagir urgente.
Tal reação deve ser para estimular gastos em suas populações, principalmente após a baixa na taxa de juros. Com a taxa em mínimas históricas, Lagarde afirmou que os governos do bloco europeu devem se preocupar em aumento de gastos pró-crescimento.
Já Jerome Powell, responsável pelo FED nos EUA, alertou que a mínima histórica da taxa de juros tira de suas mãos o poder de reação. Ou seja, caso uma crise econômica ecloda nos próximos meses, o Congresso deverá estar preparado para ajudar.
A fala foi interpretada por economistas como um pedido de ajuda incomum. Nos EUA, o Banco Central (FED) é autônomo, logo Jerome Powell toma decisões por conta própria.
Como veio a público pedir uma ajuda, alguns acreditam que em caso de recessão, o FED não dê conta de resolver o problema. Para David Beckworth, em fala com a Bloomberg, ficou claro que o FED “está sem munições, deixando a organização em um impasse na próxima crise econômica“.
Problema pode repercutir no Brasil em eventual crise
Em uma eventual crise econômica mundial, o Brasil poderia sentir o baque dos bancos centrais das principais potências. O Brasil, inclusive, baixou novamente as taxas de juros em 2020, também operando em mínimas históricas.
Além disso, o congresso brasileiro quer votar já nos próximos meses a autonomia do Banco Central do Brasil, que passaria a ser uma empresa separada do governo. Nos EUA e Europa os bancos centrais já são independentes.
A autonomia, imaginada como algo positivo pelos governantes, não se mostra forte em casos de crises. Com os principais presidentes de bancos centrais autônomos do mundo alertando que irão precisar de ajuda em caso de crises, fica claro que essa autonomia pode não passar de uma miragem.
O momento será decisivo para o Bitcoin, moeda virtual que não possui relação com bancos centrais, se apresentar como uma solução além da estatal. A moeda tem sido apresentada ao mundo como um plano B contra crises.
Enquanto o mundo acompanha os desdobramentos do coronavírus, há temores de um impacto na produtividade e enfraquecimento das economias. Finalmente, a busca por ativos como ouro e Bitcoin poderão entrar em alta caso a economia mundial dê um passo em falso na atual política de juros baixos.
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