Banco BV compra fintech que faz empréstimo sem garantia criada pelo Guiabolso
O Banco BV, atual denominação do Banco Votorantim, anunciou nesta quinta-feira (19) a aquisição da fintech de empréstimos online Just, braço do aplicativo de finanças pessoais Guiabolso.
A transação, cujo valor não foi revelado, foi feita por meio do BVx, unidade de negócios de inovação do banco BV.
Para a aquisição, o BV usou recursos de um fundo da instituição para investimentos em startups e negócios inovadores.
De olho em fintechs e bancos digitais
Guilherme Horn, diretor de Estratégia Digital e Inovação do BV, afirmou à agência Reuters que o negócio mostra uma nova fase no chamado crédito online, que se popularizou no Brasil nos últimos anos com a expansão dos bancos digitais.
“As fintechs começaram no Brasil oferecendo crédito com base em dados alternativos, mas esse modelo teve resultados diferentes dos que aconteceram em outros mercados, como nos Estados Unidos”, disse Horn. “Gradualmente, passaram a usar dados de cadastros positivos e, agora, isso deve ser integrado com dados tradicionais usados pelos bancos”, complementou.
Com o Just, o BV pretende utilizar a plataforma para desenvolvimento e oferta de outros produtos digitais de crédito.
“Ficamos felizes que a nossa tecnologia e expertise de dados possibilitem que parceiros façam ofertas melhores para o consumidor final”, afirma Thiago Alvarez, CEO do Guiabolso.
Quinto maior banco privado em número de ativos, o BV faz seu segundo movimento junto a fintechs em menos de um mês. Em novembro, liderou um aporte de R$ 400 milhões junto com o General Atlantic no banco digital Neon.
Empréstimo sem garantia
O Just, que já atuava como parceiro do BV, oferece crédito pessoal sem garantia usando entre as ferramentas de análise o cruzamento de informações de contas bancárias fornecidas pelos tomadores.
Desde seu surgimento em 2016, a plataforma originou 65 mil transações que somaram cerca de R$ 500 milhões em empréstimos.
No
jargão do mercado, empréstimo sem garantia significa a dispensa de comprovação
de renda para obter o crédito. Por outro lado, os juros nessa modalidade tendem
a ser mais caros do que em um financiamento convencional – o que o Just afirma
não praticar.
Ajustes
no mercado
Na terça-feira, a Reuters
publicou que a multiplicação de concorrentes no mercado financeiro está
contribuindo para a campanha do Banco Central de aumentar a competição e derrubar
as tarifas e taxas de juros.
Por outro lado, especialistas no setor avaliam que esse movimento deve passar em breve por um ajuste, à medida que o nível de complexidade das operações aumenta.
Ao Portal do Bitcoin em novembro, o professor de fintechs da FGV (Fundação Getulio Vargas), Bruno Diniz, afirmou que essa situação é reflexo da readequação em curso no mercado, que vai além dos serviços puramente bancários.
“Com o tempo vai tudo se ajustando. Há a possibilidade, por exemplo, dessas fintechs incorporarem outras fintechs para complementar os serviços oferecidos aos clientes, ou mesmo firmar parcerias para essa oferta. Existem vários caminhos que não víamos antes porque a estrutura era muito convencional”.
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