B3, exchange ou P2P – qual a melhor forma para operar e custodiar Bitcoin? Perguntamos ao mercado
Na próxima semana, a B3 vai disponibilizar contratos futuros de Bitcoin. A expectativa é que o ativo esteja disponível no próximo dia 17 de abril. A data também é próxima do tão aguardado halving do Bitcoin.
“A B3 está expandindo sua atuação no mercado de criptoativos, oferecendo aos investidores formas diferentes de diversificarem suas estratégias. Esse lançamento atende uma demanda por um produto derivativo que permite a proteção da oscilação de preços da Bitcoin ou a exposição direcional ao ativo, mantendo a segurança de operar no ambiente da bolsa do Brasil”, destaca Felipe Gonçalves, superintendente de Produtos de Juros e Moedas da B3.
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Nós perguntamos para operadores, entusiastas e analistas qual a forma preferida de negociar e custodiar o Bitcoin.
Opiniões sobre como custodiar o Bitcoin são divididas
Thomas Templeton, que lidera a equipe da Block Inc., empresa pública dos EUA fundada por Jack Dorsey e Jim McKelvey em 2009 , acredita na auto custódia como melhor forma de guardar Bitcoin.
“Acreditamos que a autocustódia é o lugar certo onde as pessoas devem manter e gerenciar seus bitcoins ou outros ativos para realmente serem os donos deles.”
Templeton trabalhou no lançamento da Bitkey, carteira de autocustódia. Ele acredita em conectar pessoas entre dois mundos:
“O mundo dos atuais sistemas monetários centralizados nacionais ou regionais (moedas fiduciárias como o real brasileiro, o euro ou a rupia indiana) e o sistema financeiro distribuído e sem fronteiras do Bitcoin.”
Para Thomas, que fez da equipe da Apple que ajudou a desenvolver a câmera do iPhone, as plataformas de custódia (como Block’s Cash App ou Coinbase) também têm um papel crítico a desempenhar na conversão entre moeda fiduciária e Bitcoin. Ele espera uma parceria no futuro entre carteiras de auto custódia e gigantes da indústria cripto com múltiplas assinaturas da Block Bitkey, por exemplo.
CEX para conversão e DEX para custodiar Bitcoin
O cofundador da NFT.Brasil, Lucas Santiago revela que usa exchange centralizada apenas para fazer entradas e retiradas, ou seja, converter criptomoedas em reais e sacar. Santigo prefere neste caso, a Binance pela praticidade, mas diz que gostaria de ter outros canais disponíveis.
“Eu já usei P2P, mas não é a forma que eu mais gosto de operar, apesar de ter bastante gente operando assim.”
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Lucas prefere guardar suas criptomoedas em carteiras de auto custódia e exchanges descentralizadas (DEXs)
“Acho que a Web3 é sobre isso, sobre você ter as posses de seus dados e principalmente sobre a descentralização. Então eu utilizo seguindo essas premissas, onde eu possa ser dono, de tudo que é meu, de fato, não estar em nenhum servidor privado.”
Segundo o cofundador da NFT.Brasil, além de fortalecer o ecossistema de criptoativos, usando DEX fica mais fácil para ganhar airdrops, além de taxas mais baratas, ou até mesmo para fazer um pool de liquidez, um swap, exemplifica.
Não coloque todos os ovos na mesma cesta
O porta-voz e analista de Research do MB, Rony Szuster, conta que pessoalmente tem criptoativos em bolsa, exchanges e DEX. O objetivo de Szuster, é diversificar os riscos, no entanto, ele diz que não é adepto do P2P porque acha muito difícil e trabalhoso.
E de fato é, uma vez que precisa-se de conhecimentos avançados de blockchain, por exemplo, para realizar alguns tipos de transações.
Conforme o analista do MB, operar ETFs de Bitcoin e cripto de modo geral na B3 é positivo devido à liquidez, no entanto, ele lembra a contrapartida de não haver possibilidade de negociação quando o mercado está fechado.
O que influencia na falta de liquidez neste período, fazendo com que o investidor tenha que esperar pela abertura do mercado novamente.
Ele também diz que ETFS são muito práticos e o investidor “tradicional” já está acostumado a comprar ações; por isso, há certa comodidade na compra dos ETFs de Bitcoin.
Vale ressaltar que esses fundos têm taxas de custódia e administração
Então, você não tem a real custódia dos seus ativos. Eles são aprovados pela CVM e autarquias brasileiras, então há certo grau de segurança, mas, no final das contas, você não tem a posse daquele Bitcoin de fato. Só há verdadeira posse quando se tem a chave privada, e neste caso o investidor não tem a chave privada.
CEX no Brasil tem conformidade legal
Sobre uso de exchanges, Rony vê a comodidade como positiva, mesmo com processo de KYC, onde o usuário precisa se identificar em um processo de validação de dados. Mas ele diz que também pode ser um risco, citando o famoso caso da FTX.
“A corretora, assim como a B3, irá te registrar para a Receita Federal. O lado positivo é que é cômodo fazer a compra por uma corretora; de certo modo, as exchanges juntam vários clientes, e têm um grau razoável de liquidez. Ainda, as corretoras de cripto funcionam 24/7 (obviamente, tirando os dias em que estão em manutenção) e a liquidez acontece quando o cliente quiser.”
No entanto, o especialista ressalta que quando se usa CEX, a empresa irá te prover serviços de suporte e staking. Porém, vale lembrar que é essa CEX que detém dos seus ativos, eles que têm as chaves privadas.
Sobre P2P, em geral, ele alerta para complexidade da operação.
“O lado negativo é que é um pouco mais complexo de achar, combinar, ter certeza de que vai dar certo (que não é golpe). São poucas as pessoas que fazem isso atualmente, essa prática era mais comum no início, quando começou a existir os Bitcoins. O mais próximo e mais comum dessa modalidade que temos atualmente são as vendas dos mineradores de Bitcoin para grandes empresas.”
No final, Rony conclui dizendo que não existe um modelo preferível, mas é necessário “ enxergar o que cada investidor deseja; fatores como comodidade e terceirização da responsabilidade com custódia, tendem para uma CEX; fatores como autossuficiência na custódia, baixa interdependência com outros veículos, necessidade de obter a própria chave para obter as moedas.”
Liquidez, volume de operações e diversificação
O Gerente de Experiência do Cliente da Nova DAX, César Felix, prefere utilizar CEX – as corretoras centralizadas. Para Felix, usar CEX tem com inúmeras vantagens, devido à alta liquidez e ao grande volume de operações.
“A velocidade nas transações costuma ser um diferencial, permitindo aos usuários aproveitarem rapidamente as mudanças de mercado, ponto determinante em um ambiente tão volátil.”
Ainda segundo o gerente da Nova Dax, além disso, operar em CEXs oferece um acesso muito mais simplificado a uma gama de ativos, permitindo aos investidores diversificar seus portfólios facilmente, tirando a necessidade de criar várias contas em diferentes plataformas.
“As exchanges centralizadas também oferecem meios de segurança mais avançados, como 2FA e KYC, tendo menor risco a hackers ou fraudes que uma DEX.” Opina Felix.
Ao ser questionado se prefere custodiar Bitcoin em CEX, Dex ou auto custodia, o executivo lista os pontos positivos como liberdade e controle das próprias chaves, ao mesmo tempo, pode ser um problema.
“Não há nenhuma instituição que irá se responsabilizar pelos seus ativos caso haja perda das chaves privadas ou um hacker, por exemplo, exigindo um alto nível de responsabilidade.”
Já com uma carteira custodiada, por ser um serviço oferecido por determinada empresa, como na NovaDAX, que oferece aos seus clientes a oportunidade de fazerem a custódia de seus ativos através da plataforma, há o benefício de contar com um suporte ao cliente, sistemas de recuperação de contas, além de interfaces mais amigáveis e acessíveis ao grande público, finaliza o Gerente de Experiência do Cliente da Nova DAX.
No Brasil, a Instrução Normativa 188 obriga as Instituições financeiras a coletar essas informações e reportá-las à Receita Federal.
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