Bitcoiner Australiano que ficou milionário em 2017 abandona o mercado e diz que criptomoedas podem levar à ruína financeira

Joe Bridge começou a minerar criptomoedas em 2013, mas a atividade não teve grande impacto sobre o seu patrimônio até 2017, quando o ciclo de alta das criptomoedas o transformou em um dos milionários do Bitcoin.

O australiano Joe Bridge deve seu patrimônio estimado em mais de 1 milhão de dólares australianos (AUD) ao Bitcoin (BTC), mas, hoje, ele não recomenda que traders busquem inspiração em histórias como a dele para fazer fortunas com investimentos em criptomoedas.

Revisitando o passado e relembrando de que forma ele se tornou um milionário em uma reportagem do site australiano ABC News, Bridge afirma que houve “muita sorte” envolvida em sua trajetória rumo ao sucesso financeiro.

Mineração caseira

Bridge era um estudante de direito sem nenhuma especialização em informática quando resolveu se aventurar na mineração de criptomoedas. Em 2013, durante o primeiro ciclo de alta que trouxe o Bitcoin às manchetes dos veículos de mídia tradicional como uma obscura moeda digital criptográfica, o então jovem Bridge montou um sistema caseiro de mineração de criptomoedas baseado em três computadores pessoais e dez placas gráficas com um bom poder de processamento para os padrões da época.

A instalação que ficava no quarto de Bridge na casa dos seus pais, em Paddington, um subúrbio de Brisbane, funcionava dia e noite sem parar. Além de elevar a temperatura do cômodo até 50º nos piores dias do verão australiano, a atividade chegou a multiplicar por dez vezes o valor médio da conta de luz da residência.

Bridge se dedicava à mineração de criptomoedas alternativas à época, como o Dogecoin (DOGE) e o Litecoin (LTC), por demandarem menor poder de processamento computacional. No entanto, o jovem estudante sabia que o maior potencial de valorização do incipiente mercado residia no Bitcoin. Então, sempre que juntava uma quantidade razoável de DOGE e LTC, os trocava por BTC.

Mesmo com a ampla queda do mercado de criptomoedas após o pico de novembro de 2013, Bridge manteve o sistema em operação. Em 2017, quando o preço do BTC voltou a disparar, o australiano inesperadamente tinha se tornado um milionário do Bitcoin.

A primeira coisa que ele fez foi realizar uma parte dos lucros para comprar dois barcos e duas motocicletas, mas manteve uma boa parte intocada na crença de que sua fortuna poderia crescer ainda mais graças a uma eventual valorização futura do Bitcoin. E ele não estava errado.

Pulando fora do mercado

Em novembro de 2021, o Bitcoin permitiu que ele adquirisse uma “casa sobre as águas” na região nordeste de Brisbane. Uma captura de tela com o saldo de Bitcoin em sua carteira digital bastou para servir de garantia para o vendedor do imóvel.

Somados os impostos mais o valor da propriedade, Bridge gastou mais de 1 milhão de dólares australianos, aproximadamente 11 BTC no momento da compra. Depois de transferir seu patrimônio em Bitcoin para bens e imóveis tangíveis, o australiano preferiu abandonar o mercado de criptomoedas por considerar que deve grande parte da sua prosperidade material à sorte, mais do que ao Bitcoin em si ou a qualquer outra coisa:

“Eu me saí bem fortuitamente, não me agarrei às criptomoedas. Acho que agora é um momento perigoso para entrar nesse mercado. Imagino que ainda seja possível [ganhar dinheiro com Bitcoin]. Se eu recomendaria? Não. Eu não estou envolvido no mercado nesse momento.”

Embora tenha sido atraído pelo ideal libertário original do Bitcoin lá atrás, em 2013, Bridge acredita que as criptomoedas tornaram-se um “veículo de especulação”, diz ele, com a autoridade de quem trocou a carreira de advogado por um emprego no setor de TI em uma empresa de software.

Segundo o australiano, os ideais de descentralização e transparência que sustentaram o Bitcoin e as criptomoedas ao longo dos últimos anos, atraindo investidores e adeptos ao espaço, estão perdendo aderência junto à sociedade, mesmo entre os mais jovens. Especialmente após os eventos de crise de liquidez e insolvência que abalaram o mercado nos últimos meses: 

“Eu acho que haverá um estouro e a bolha especulativa que cerca o espaço desaparecerá. Talvez das cinzas disso tudo, algo com real utilidade para a humanidade possa surgir, mas há muito debate sobre o que esses produtos e serviços poderão vir a ser.”

Independentemente do que a indústria de criptomoedas venha a se tornar, Bridge diz não acreditar que o Bitcoin possa ter um papel relevante no futuro do sistema financeiro.

Apesar das críticas e do sentimento negativo predominante no mercado em virtude dos acontecimentos recentes e da desvalorização das criptomoedas em geral, a macro-estrategista Lyn Alden é capaz de vislumbrar um futuro em que o Bitcoin se torna o padrão monetário global, desbancando o controle governamental sobre o dinheiro imposto pelos bancos centrais, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.

LEIA MAIS

Você pode gostar...