CEO de banco asiático defende regulamentação das criptomoedas e diz que elas são alternativa para o ouro

Representante do DBS Bank Group, Piyush Gupta disse não acreditar que as criptos serão como dinheiro tradicional

Em participação na conferência The Economic Times Global Business Summit na última semana, o CEO do DBS Group, maior banco do sudeste asiático, Piyush Gupta, defendeu a regulamentação das criptomoedas, embora tenha rechaçado a ideia de os criptoativos serem usados da mesma forma que as moedas tradicionais. Mas ele acescentou que as criptomoedas podem ser uma alternativa para o ouro.  

Não acho que as criptomoedas se tornarão dinheiro como o conhecemos, mas pode ser uma alternativa ao ouro e seu valor. O outro grande desafio é a volatilidade do valor. Se você quer usar isso para pagar por algo, não sabe o que está custando. Hoje as criptomoedas são uma fonte potencial de valor especulado, é improvável que seja uma fonte de dinheiro como nós sabemos, explicou. 

Gupta também qualificou como imprudente uma eventual regulamentação das criptomoedas fora do sistema bancário formal, o que representaria uma quebra de barreiras de proteção. 

Ninguém sabe quem possui dinheiro privado, por isso está sujeito a uso indevido, é com isso que o governador do RBI [ Reserve Bank of India] está tão preocupado, sistemas monetários em todo o mundo sinalizaram questões de AML [combate à lavagem de dinheiro] e KYC [conheça seu cliente] relacionadas a criptomoedas, justificou. 

Ele também disse que casos específicos de CBDCs podem acarretar desintermediação do sistema bancário, ao argumentar que: 

Os CBDCs vêm com seu próprio conjunto de desafios, se você for direto, todo cidadão abre uma conta direta no banco central e desembolsa o CBDC diretamente. A desvantagem disso é que desintermediará o sistema bancário existente, portanto, você torna o processo de criação de crédito responsabilidade apenas do banco central e eles não querem isso.

Embora tenha admitido a possibilidade de implatação de CBDCs no “varejo”, como moeda fiduciária, por parte de bancos centrais, ele defendeu que há mais casos de uso no “atacado” para estas moedas digitais, especialmente “transfronteiriços.”

O que para ele, representaria uma mudança no back office no mundo graças à tecnologia blockchain. 

Isso pode mudar a forma como o financiamento comercial é processado, pode mudar a forma como os pagamentos e liquidações funcionam, pode mudar a forma como as bolsas funcionam, acrescentou. 

Piyush Gupta também se posionou em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia ao qualificar os conflitos como uma nova possibilidade de “bifurcação do mundo”, o que seria uma grande perda. 

Os eventos da semana passada me deram uma razão para fazer uma pausa. Preocupa-me que, se tivermos um mundo bifurcado como blocos econômicos e tecnológicos, isso tornará a vida muito mais desafiadora. Todos nós nos beneficiamos do dividendo da paz nos últimos 50-60 anos e, se não o tivermos, teremos que encontrar uma saída complicada, concluiu.

As declarações do CEO do  DBS Bank Group acontecem em meio a uma explosão de debates relacionados a regulamentações das criptomoedas, já que os criptoativos, ao mesmo tempo que socorrem os ucranianos com doações massivas, também são alvos de críticas por possíveis auxílios a oligarcas russos alvos das sanções econômicas, no que diz respeito ao uso de criptoativos para burlar as sanções, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

 

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