Inteligência artificial é o próximo destino da modernização financeira brasileira, revela Campos Neto
Declarações do presidente do Banco Central foram exibidas em um vídeo apresentado durante um seminário da DrumWave.
A inteligência artificial (IA) deverá incorporar o pacote de modernizações no sistema financeiro do Brasil em até dois anos, segundo declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em um vídeo exibido na última sexta-feira (3) durante um seminário promovido pela startup de tecnologia financeira DrumWave.
A incorporação da tecnologia disruptiva, segundo ele, deverá ser a última etapa do processo de inovação financeira no país, dividida em quatro blocos: Pix (sistema de transações instantâneas); open finance (integração bancária e de produtos financeiros); internacionalização da moeda (facilitação de transações internacionais a partir da mudança das leis); Drex (versão brasileira de moeda digital emitida por banco central – CBDC).
“A ideia é conectar os quatro blocos: Pix, open finance, internacionalização da moeda e chegamos ao Drex. Para nós, com a ‘tokenização’, chegamos a uma nova dimensão da intermediação financeira”, revelou.
De acordo com o presidente da autoridade monetária, a utilização de IA, qualificada como “a última milha do nosso plano é como podemos adicionar em cima de tudo isso”, será explorada em um canal intermediário disputado pelas empresas através de “aplicativos para integrar todas as contas”.
“A última coisa que estamos começando a falar agora é que, assim que tivermos todo esse processo concluído, todos os blocos integrados, poderemos usar inteligência artificial para fazer o processo melhorar para as pessoas, com educação financeira, aconselhamento financeiro. Isso para que as pessoas consumam produtos financeiros de uma forma melhor, mais eficiente e segura”, acrescentou.
Sobre o primeiro bloco, o Pix, Campos Neto frisou que a plataforma de liquidações instantâneas do BC já oferece “a maioria das vantagens de pagamentos”. No caso do segundo bloco, o open finance, ele disse que “é bem mais abrangente em comparação com o sistema de open banking que temos em outros lugares”.
Isso porque, no open finance, clientes e produtos financeiros podem compartilhar informações entre diferentes instituições financeiras, o que representa uma versão mais abrangente do open banking, cujo lançamento aconteceu em 2021.
“Hoje, temos aproximadamente 45 bilhões de acessos. No Brasil, é possível obter dados de um banco A e importá-los para um banco B, C ou D. É claro que este é um processo que demanda muito trabalho e dados têm de ser homogêneos para os que estão trabalhando com eles”, explicou.
Quanto ao Drex, Campos Neto falou em “inserir mais tecnologia e menos custo” ao salientar que a CBDC brasileira vai baratear processos que atualmente necessitam de intermediação.
“Os bancos vão começar a olhar para o ativo e para o passivo de uma forma mais tokenizada, o que vai melhorar a eficiência de securitização, gerenciamento de risco”, completou.
De olho na modernização do sistema financeiro no país, a registradora brasileira de ativos financeiros CSD BR anunciou a formação de um grupo de trabalho junto com representantes da empresa estadunidense Cboe Digital, braço de criptoativos da bolsa de opções de Chicago, a Chicago Board Options Exchange (Cboe), conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.