Startup argentina lança cartão no Brasil que permite aos produtores rurais pagarem com grãos tokenizados
Cartão é pré-financiado pela própria produção dos agricultores e será utilizado inicialmente para financiamentos e aquisição de maquinários e insumos.
Embora seja inferior à taxa Selic, o crédito rural possui taxas que chegam a 12,5% ao ano no Brasil, o que é o caso do Moderfrota, o Programa de Modernização da Frota de Tratores e Implementos Associados e Colheittadeiras, apesar de os produtores rurais de pequeno porte conseguirem financiamento a 6% ao ano. Por outro lado, além dos juros, os produtores ainda esbarram na burocracia, um caminho que pode ser longo entre o pedido de financiamento e o dinheiro na conta. Neste contexto, a startup argentina Agrotoken lançou no Brasil um cartão pré-financiado por tokens representativos dos próprios grãos produzidos pelos agricultores.
Em entrevista ao editor cripto Paulo Alves, do Cripto+, o diretor da Agrotoken, Anderson Nacaxe, explicou que inicialmente os tokens das commodities, cunhados pelos próprios produtores na plataforma da startup, serão utilizados como pré-financiamento aos agricultores e que, futuramente, deverão chegar no mercado secundário, nas plataformas das exchanges.
“Ele [o produtor] consegue criar uma representação digital dessa soja no ambiente da Agrotoken. Uma vez que ele tem a representação, ele tem o token em mãos, ele vai poder transacionar esses tokens, então ele pode querer comprar um trator com o token e, ao comprar esse trator, ele está transferindo tokens pro vendedor de trator e recebendo o trator como pagamento. Agora, aquela quantidade de soja, de milho ou de trigo foi transferida do produtor para o novo beneficiário, que vai ser esse detentor do token”, explicou o executivo acrescentando que, nessa primeira fase, os tokens terão um ecossistema fechado.
O executivo explicou que o cartão de tokens já está em testes, dentro de um circuito fechado, e que já ocorreram transações tanto no Brasil quanto na Argentina, onde o projeto também se encontra em andamento.
“O produtor está conseguindo fazer transações comuns comprando com milho ou soja digital. Imagina que um produtor rural, quando ele faz a tokenização, ele criou em sua carteira digital aquele volume de soja ou milho. Uma vez que ele está com esse volume em sua carteira digital, ele pode fazer as transações diretas, de maior volume, como trator, sementes e fertilizantes. Ele poder fazer essa conexão com o sistema financeiro centralizado, para pegar empréstimos, descentralizados, que seriam as exchanges, mas ele também consegue abastecer esse cartão de crédito”, completou.
Ao salientar que a empresa pretende avançar para o mercado secundário, em conformidade com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ele também avaliou a possibilidade de os tokens das commodities, no futuro, serem usadas na liquidação de despesas do cotidiano, como o abastecimento de um carro, e como proteção contra a inflação ao dizer que:
“Vou mais longe, a gente já está testando nosso token de pecuária e também o nosso token de Etanol, então seria possível sim alguém ter um token de Etanol, esse token está dentro de um cartão e ele conseguir comprar Etanol com tokens de Etanol ou comprar carne com tokens de carne, esse é nosso objetivo principal. A gente nasce trazendo esses benefícios para o produtor rural, mas logo ele migra para os outros agentes da cadeia.”
Em outra iniciativa relacionada a tokenização, a plataforma de criação, negociação e gestão de propriedades digitais Netspaces “dividiu” uma sala comercial em Porto Alegre em tokens não fungíveis (NFTs) representativos de partes do imóvel, que, por sua vez, permitem aos seus detentores o recebimento de parte do aluguel do imóvel já que eles são os “proprietários digitais” da sala, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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