Após deixar o Twitter, Jack Dorsey mergulha no mundo cripto com a Square
por David Z. Morris*
Ao encerrarmos um ano repleto de adoções de alto nível ao mundo cripto, por grandes players do mercado, 29 de novembro pode nos ter dado o ponto de exclamação final. Dias depois de Jack Dorsey anunciar que estava deixando o cargo de CEO do Twitter, a outra empresa administrada por ele anunciou que estava mudando seu nome corporativo de “Square” para “Block”. Para quem tem prestado atenção na trajetória de Dorsey, o sinal aqui não poderia ser mais claro.
Dorsey passou os últimos cinco anos fascinado com as criptomoedas e os blockchains, principalmente o bitcoin. Ele promoveu e apoiou fortemente o desenvolvimento da Bitcoin Lightning Network e apoiou os desenvolvedores do blockchain do Bitcoin diretamente por meio de uma unidade chamada Square Crypto (que agora será renomeada, incrivelmente, para Spiral). Ele adicionou uma funcionalidade de bitcoin ao aplicativo da Square. No Twitter, lançou recentemente gorjetas baseadas na rede Lightning e, antes de renunciar, a prometida integração com avatares em NFTs.
Agora ele vai transformar a Square em uma empresa inteira de criptomoedas e blockchain. Existem poucas outras maneiras sérias de avaliar a mudança de nome para “Block”, como nos lotes de transações processadas em blockchains. (Nomes de empresas que já existem no mundo cripto: The Block, Blockchain.com, Blockworks, BlockFi, Block.One. Eu poderia continuar.)
O potencial aqui é enorme. A Square tem uma grande base de usuários, entre seus sistemas de checkout para pequenas empresas e aplicativos para o consumidor. Sua receita com essas duas empresas cresceu muito nos últimos anos (embora esse crescimento tenha desacelerado recentemente), fornecendo uma base financeira e de clientes sólida. Dorsey será capaz de procurar oportunidades reais para melhorar as experiências já existentes dos clientes com os criptoativos. E seu compromisso demonstrado com os blockchains de código aberto e público significa que essas integrações provavelmente irão elevar todo o setor.
Estranhamente, porém, a Square/Block parece estar minimizando os elementos “do mundo cripto” mais óbvios da reformulação da marca. O comunicado de imprensa lista “blockchain” como fonte de inspiração para o nome, mas o inclui ao lado de coisas como “blocos de construção, blocos de bairro e seus negócios locais, comunidades se reunindo em festas de bairro cheias de música”
Isso é um belo contraste com a outra grande mudança de nome no mês passado, quando o Facebook se tornou “Meta”. O Facebook entrou em campo com a imprensa ao anunciar esse pivô e teve muita cobertura midiática.
A diferença é que o Facebook estava, pelo menos em parte, tentando desviar a conversa dos problemas regulatórios e legais que o atormentavam. Outro fator é que, francamente, o pivô da publicidade na mídia social para um “metaverso” de realidade virtual não faz sentido financeiramente, então Zuckerberg e a empresa sabiam que tinham que impressionar os crédulos da mídia convencional com “piadas de tio do pavê”.
A Square, por outro lado, é uma empresa de sucesso que não facilita regularmente crimes contra a humanidade. Não há razão para pensar que a mudança de nome é uma jogada de relações públicas. Na verdade, a hesitação da Square em falar sobre a mudança de nome em termos de “criptoativos” deixa claro que vê o risco na direção oposta: os investidores da Square neste momento sabem que estão mantendo uma empresa em crescimento com um modelo estabelecido e poderiam muito bem ficar intrigados se parecesse que Dorsey estava prestes a transformá-lo em seu cercadinho pessoal de blockchain.
O mercado desta manhã, 2 de dezembro, parece refletir essa ambivalência: à medida que o novo mundo é formado na carne do antigo, ações da Block são negociadas “de lado”.
* David Z. Morris escreve para a CoinDesk.
Este é um conteúdo da CoinDesk. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
Texto traduzido por Mariana Maria Silva e republicado com autorização da Coindesk
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