Apesar de proibir as criptomoedas, China investe pesado no desenvolvimento da blockchain
Nas últimas duas semanas, o governo da China baniu efetivamente todas as coisas relacionadas ao comércio e investimento de criptomoedas, incluindo sites de notícias, contas de mídia social, eventos e trocas de câmbios.
Mas após por fim a praticamente todos os canais de comunicação e negócios voltados para as moedas digitais, os representantes chineses disseram que o país continuará acelerando o desenvolvimento da blockchain.
Xi Jinping, presidente da China e a CCTV, maior rede estatal de televisão do país, têm consistentemente descrito a blockchain como uma tecnologia disruptiva, reafirmando que ela permanecerá como uma das principais inovações que o governo se concentrará nos próximos anos.
E essas falas podem ser comprovadas com números: ao longo dos últimos meses, o Estado investiu mais de US$ 3 bilhões em fundos focado na tecnologia.
Redes de blockchain centralizadas
Estruturalmente, uma rede de blockchain é executara por um conjunto de nós que não são controlados por uma autoridade ou entidade central.
A função de equipar uma rede de blockchain pública com sua própria criptomoeda é incentivar os indivíduos do sistema a executarem determinadas operações, ao tempo em que desestimula qualquer pessoa a realizar uma atividade que não satisfaça os interesses financeiros de alguém.
Entretanto, ao rejeitar as criptomoedas e se concentrar apenas na tecnologia que as respalda, a China passa a liderar o desenvolvimento de blockchains centralizadas que, paradoxalmente, concedem a um certo grupo de pessoas mais autoridade sobre outras, no protocolo.
Por isso, resta saber se a tecnologia subjugada a uma autoridade central é realmente necessária para aumentar a transparência e a segurança nos sistemas utilizados por conglomerados dos setores de seguros, finanças e cadeia de suprimentos, por exemplo. Já que assinaturas digitais e carimbos criptográficos podem alcançar resultado similar, sem a implementação da blockchain.
Muitos analistas do país dizem que sim, defendendo que a tecnologia será capaz de reduzir a possibilidade de ações desonestas por parte de funcionários e maus atores no espaço.
Um fio de esperança
Nem todos os esforços de redes e projetos públicos centralizados foram bloqueados na China.
No mês passado, o governo do distrito de Xiongan, responsável pela construção da cidade dos sonhos do presidente Xi Jinping, a Xiongan New Area, solicitou ao ConsenSys, um escritório de blockchain de Nova York, que desenvolvesse dApps (aplicativos descentralizados), que pudessem ser utilizados na nova região.
Fundada pelo co-criador do Ethereum, Joseph Lubin, a ConsenSys é a maior empresa de blockchain focada em Ethereum atuando no mercado global.
A companhia conta com mais de 900 funcionários que desenvolvem aplicativos como o MetaMask, criado para melhorar a usabilidade do Ether.
A decisão do governo chinês de cooperar com os desenvolvedores do Ethereum representa um vislumbre de esperança para aqueles que defendem o desenvolvimento de uma blockchain pública no país.
Fonte: CCN
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