Apesar de arrecadar quase R$ 300 mil em uma semana Atlas Quantum não teria pago funcionários

Atlas Quantum teria arrecadado mais de R$ 300 mil em apenas uma semana mas mesmo assim manteria atrasado a rescisão de seus funcionários

A Atlas Quantum, plataforma que afirma realizar arbitragem de Bitcoin, teria arrecadado mais de R$ 367.771,45 em apenas uma semana por meio de diversas operações realizadas pela empresa, contudo, ainda não teria pago a rescisão de funcionários que deixaram a empresa, conforme publicação nas rede sociais.

No dia 04 de novembro a empresa, que mantém bloqueados os Bitcoins de seus usuários desde agosto, iniciou um processo que chamou de “recompra de bitcoins”, no qual, segundo a companhia, 20% das receitas operacionais diárias é utilizado para comprar BTCs bloqueados de seus usuários usando como referência o valor de mercado, de acordo com dados do Bitvalor.

A partir destes dados é possível identificar que a empresa teria arrecadado, do dia 04 ao dia 08 de novembro, cerca de R$ 367.771,45, dos quais, R$ 73.554,29 teriam sido usados no sistema de “recompra’ para adquirir quase 2 bitcoins de seus usuários. Desta forma, teria ‘sobrado’ para a empresa algo em torno de R$ 294.217,16‬.

No entanto, apesar da arrecadação de quase R$ 300 mil a empresa não teria honrado com as rescisões de parte dos funcionários demitidos pela empresa, alguns inclusive com bitcoins bloqueados na plataforma. 

 

Procuramos a Atlas para comentar o assunto, mas até o momento, não obtivemos resposta sobre a solicitação. A Atlas também foi questionada sobre um ‘balanço’ de quantos usuários haviam negociado seus bitcoins em ambos os sistema, ‘saque em reais’ e ‘recompra’ e, após este balanço, quantos bitcoins ainda estariam ‘presos’ no sistema, porém não obtivemos resposta.

Durante esta semana usuários relatam problemas para ‘sacar’ os reais provenientes da venda dos bitcoins bloqueados, contudo, ontem, 08 de novembro, aparentemente, o sistema teria voltado ao normal embora nas redes sociais clientes da Atlas ainda relatam não terem recebido os valores em suas respectivas contas correntes.

Uma reunião marcada com uma Comissão de Clientes da Atlas também foi cancelada esta semana‬. A empresa teria adiado o encontro visando “trazer mais informações” e um “update” com evoluções dos pontos abordados na primeira conversa com a Comissão.

Segundo divulgado em grupos no Telegram, a Comissão, que seria composto por cinco clientes,  abordaria a Atlas, neste segundo encontro, sobre sete pontos, entretanto, com o cancelamento, uma nova data ainda não foi marcada.

1) Saúde da empresa e estrutura da equipe após o downsizing. Quais expectativas e plano de reestruturação para longevidade da Atlas?

2) Saldo das exchanges e passivo atual. Quais os números mais atuais e o que falta para fazer acontecer o PPA com acompanhamento de alguém da comissão de clientes.

3) Impacto do Saque em Reais e do novo modelo de recompra de BTC: atualização dos números e objetivos esperados com estas ações.

3.1) Esclarecimento dos comunicados: “As demonstrações serão registradas no blockchain. A empresa estuda a utilização de outras fontes de receita para recompra”.

3.2) O volume da Recompra de BTC é bastante limitado comparado ao Passivo existente (conforme Relatório de Auditoria Interna com a posição de 2/Ago/2019), qual a evolução esperada com este plano?

4) Quais são os gatilhos para resolver o saque em BTC?

5) O que pretendem fazer se o saldo da Hitbtc/Gateio não puder ser retirado.

6) Qual o racional para sobreviver a enxurrada de ações judiciais.

7) O que Atlas precisa, o que podemos ajudar?

Como tem noticiado o Cointelegraph, a crise na Atlas Quantum começou quando a empresa recebeu uma notificação para encerrar suas atividades de investimento coletivo. A notificação foi feito pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil, CVM, que ainda lista a Atlas como uma empresa ‘suspensa’ no Brasil.

A suspensão levou uma ‘corrida’ pelos saques, contudo, a Atlas não conseguiu honrar os compromissos assumidos e os bitcoins dos clientes permaneceram bloqueados. A empresa alega que as criptomoedas estão ‘presas’ nas exchanges por conta de procedimentos de KYC e outros que precisam ser cumpridos pela plataforma. Informação negada por pelos menos duas empresas, HitBTC e Gate.io.

Em busca de solucionar parte da crise, a empresa lançou um sistema de ‘saque em reais’ no qual usuários ‘vendem’ seus bitcoins, contudo, além do deságio no valor, que já chegou a quase 90%, há também uma diferença entre o preço de venda e o preço de ‘revenda’ que seria o preço que a Atlas cobra pelo mesmo Bitcoin para um novo usuário. A diferença já chegou a mais de 60%.

Contudo o sistema tem ganho adesão de clientes que alegam quererem ‘salvar’ parte de seu investimento. No entanto, parte dos clientes permanecem insatisfeitos com a empresa e buscam na justiça o recebimento de seu investimento. Na Justiça, somente em pedidos de tutela de urgência, segundo um levantamento feito pelo Cointelegraph, haveria solicitações que, somadas, ultrapassam 200 Bitcoins.

Até o momento não há relatos de nenhum sucesso nas solicitações judiciais. Alguns clientes teriam conseguido autorização para realizar bloqueios judiciais em contas bancárias, mas não foi possível identificar se ação obteve exito.

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