Ape Coin subiu 75% nas últimas 24 horas, mas dados mostram que vender moedas distribuídas em airdrops é mais lucrativo do que guardá-las

Dados da Messari revelam que vender moedas recebidas em airdrops uma semana após o início da distribuição é 112,5% mais lucrativo do que mantê-las.

O airdrop do ApeCoin (APE), o novo token do ecossistema construído em torno da coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club (BAYC), possivelmente será lembrado como um dos momentos de maior excitação da comunidade cripto em seus mais de 12 anos de história.

Entre o anúnico divulgado no Twitter na quarta-feira, 16, e o início da distribuição das moedas na manhã de quinta-feira, 17, o APE transformou-se no maior objeto de desejo do mercado de criptomoedas em 2022.

Apresentando o ApeCoin ($APE), um token para cultura, jogos e comércio a ser usado para capacitar uma comunidade descentralizada na vanguarda da web3.

— ApeCoin (@apecoin)

O airdrop destinou 150 milhões de unidades (15%) do suprimento total de 1 bilhão de APEs para donos de NFTs do Bored Ape Yachct Club e do Mutant Ape Yacht Club na seguinte proporção: 10.094 APEs por NFT do BAYC, e 2.042 APEs por NFT do MAYC, de acordo com informações disponíveis em uma página que apresenta os detalhes do projeto. Detentores de NFTS do BAYC e do Bored Ape Kennel Club (BAKC) ou do MAYC e do BAKC têm direito a reivindicar aproximadamente 900 tokens adicionais.

Um dashboard que registra dados do lançamento em tempo real mostra que, ao todo,15.167 endereços são elegíveis para o airdrop, sendo que, no começo da noite desta sexta-feira mais de 86% deles já haviam reivindicado os tokens a que tinham direito.

Do restante, cerca de 8% foram divididos entre os quatro fundadores do BAYC e 16% foram destinados para o Yuga Labs, empresa responsável pela criação do BAYC, e para ações de caridade. Outros 14% foram repartidos entre colaboradores – “as empresas e pessoas que ajudaram a tornar este projeto uma realidade”.

Aos que não foram beneficiados pelo airdrop, 10 milhões de APEs, ou 1% do suprimento total, foram desbloqueados no lançamento para negociação no mercado à vista. O restante permanece bloqueado por pelo menos seis meses.

Cotação divergente

As expectativas diante da distribuição do token e do início das negociações em exchanges geraram números conflitantes à medida que surgiram as primeiras informações sobre o preço do APE. De acordo com dados do CoinMarketCap, o token atingiu US$ 39,40 logo após o início das negociações no mercado à vista e em pouco tempo caiu vertiginosamente até a marca de US$ 6,48. Diante do apetite do mercado, o token recuperou-se e nas últimas 24 horas acumula valorização de 75%.

Já os dados do CoinGecko contam uma história diferente. Inicialmente negociado na faixa de US$ 7,00, o APE atingiu sua máxima histórica nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, quando chegou a ser negociado por US$ 17,17.

Após a divergência inicial a respeito da cotação do token, os dados de ambas as plataformas entraram em convergência. O CoinGecko também registra uma valorização intradiária de 75%, com o token cotado a US$ 14,20 no início da noite desta sexta-feira.

Desempenho do APE nas últimas 24 horas. Fonte: CoinGecko

Vender ou hodlar?

Agora, passado o impulso inicial na ação de preço motivado pela excitação da comunidade, será momento de comprar ou vender o APE? Dados da Messari sobre os 10 principais airdrops da história de rede Ethereum (ETH) podem oferecer pistas valiosas para os investidores que conseguiram por as mãos em algumas unidades do desejado token.

Os dados são definitivos em apontar que os investidores em busca da maximização de seus lucros obtiveram melhores resultados vendendo tokens recebidos em airdrops no curto prazo do que mantendo-os em seus portfólios por longos períodos de tempo.

dashboard criado pelo cientista de dados da Messari, Yule Andrade, revela que vender tokens distribuídos em airdrops uma semana apôs tê-los ganhado costuma ser duas vezes mais lucrativo do que guardá-los. Em média, para ser mais exato, os investidores que se desfazem de suas posições após sete dias obtêm lucros de 112,5%.

Entre os 10 maiores airdrops da história da rede Ethereum, incluem-se os de dYdX (DYDX), Uniswap (UNI), LooksRare (LOOKS), Gitcoin (GTC) e Ethereum Name Service (ENS).

Um beneficiário que recebesse o número médio de tokens distribuídos em cada um desses airdrops e os vendesse uma semana depois embolsaria US$ 108.393. Já um usuário que os tivesse mantido em seu portfólio com vistas a um horizonte de longo prazo, em 10 de março deste ano teria o equivalente a US$ 30.349. Ou seja, teria visto seu patrimônio desvalorizar-se em 72%.

Os dados disponibilizados pelo cientista de dados da Messari mostram ainda instantâneos dos valores dos mesmos tokens em períodos de duas semanas, um mês e três meses após os airdrops. Na grande maioria dos casos, quanto maior o período de tempo que os investidores os mantivessem, maior a desvalorização de seus portfólios.

Os dados confirmam que a melhor estratégia para obter os maiores lucros possíveis com airdropos é a de vender os tokens recebidos em um curto espaço de tempo. Nesses casos, a tese de que as criptomoedas devem ser encaradas como um investimento de longo prazo não é válida. E também contraria o senso comum de que airdrops são uma ferramenta útil e eficaz para construção de uma comunidade em torno de novos projetos.

No entanto, alguns airdrops observados por Andrade revelam exceções. É o caso do UNI, cujo valor uma semana após a distribuição para a comunidade de usuários da exchange descentralizada era de US$ 1,95, e em 10 de março estava cotado a US$ 8,44. E também do token do agregador de exchanges descentralizadas 1inch (1INCH), que em 10 de março estava 13% acima da sua cotação uma semana após o airdrop.

APE será diferente?

O caso do APE talvez seja diferente, pois o token foi lançado em um momento em que o Bored Ape Yacht Club está consolidado como um dos grandes fenômenos culturais da contemporaneidade. A função prioritária do token será oferecer suporte aos futuros projetos da comunidade, concedendo poder de voto a seus detentores em questões de governança. Teoricamente, o sucesso do projeto e a expansão da marca devem ter efeitos positivos sobre o preço do token.

Idealmente, o token pretende cumprir a função de ser “uma camada descentralizada do protocolo para mobilizar iniciativas lideradas pela comunidade com o intuito de impulsionar a cultura [dos Apes] em direção ao metaverso”, como explica o comunicado disponibilizado na página de apresentação do projeto.

O Cointelegraph conversou com Insight, um integrante da comunidade BAYC, para obter uma perspectiva interna sobre o lançamento do token. Embora ele espere que a história do APE seja diferente, não há como fazer previsões sobre a futura ação de preço do token:

“Este será um airdrop sem precedentes, não há dúvida, mas historicamente no espaço assistimos esses airdropos bombarem inicialmente para depois fracassarem lentamente à medida que o engajamento se dissipa. Dito isto, com o impulso do BAYC e seu posicionamento no espaço NFT como a coleção número 1, acredito que dessa vez as coisas podem ser diferentes. Não acho que veremos o apego emocional que os integrantes da comunidade têm pelos NFTs dos Apes, mas de qualquer forma, isso é ENORME tanto para os detentores dos macacos quanto para o espaço como um todo.”

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, o lançamento do ApeCoin foi divulgado poucos dias depois que o Yuga Labs adquiriu os direitos de propriedade intelectual dos CryptoPunks. Agora a empresa é dona das duas maiores coleções de NFTs do espação cripto.

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