Analista que acertou movimento do Bitcoin aponta 5 motivos para não vender seu BTC agora

Analista Paulo Boghosian, co-head do TC Cripto, destaca 5 motivos que justificam que apesar do bear market, agora não é a hora de vender seu Bitcoin

 

Apesar do valor do Bitcoin (BTC) ter caido mais de 70% desde sua alta histórica em novembro do ano passado quando a principal criptomoeda do mercado chegou a US$ 69 mil, para o analista Paulo Boghosian, co-head do TC Cripto, agora não é a hora de vender seu Bitcoin.

Boghosian foi certeiro em prever o movimento do preço do BTC em diversos momentos e agora aponta que o mercado de criptomoeda vive um momento de baixa, chamado de bear market e ainda não há qualquer elemento para cravar uma reversão de tendência. Porém, segundo ele, este não é o melhor para estar na “ponta vendida”. 

“Entendo que estamos em um cenário macro difícil, com vários vetores de risco exógenos (política contracionista dos bancos centrais) e endógenos (cenário regulatório e de perseguição a stablecoins) pairando sobre o mercado cripto. Desde então, o mercado total de criptoativos caiu mais de 30% e o Bitcoin caiu mais de 25%. Mesmo assim, espero mostrar que não é o momento, no curto prazo, para alfacear suas moedas e estar short, mesmo que seja possível vermos novas mínimas mais adiante neste ciclo”, disse

Análise técnica 

Segundo o analista, o conceito mais básico na análise técnica é o de comprar em suportes e vender em resistências. Comprar em zonas de demanda e vender em zonas de oferta.

“Estamos claramente em um dos principais suportes do Bitcoin, na região dos US$28-29 mil, a mesma região que marcou o fundo do mercado em julho passado. Para quem não conhece as estratégias utilizando suportes e resistências, sugiro o material do CryptoCred“, disse.

Gráfico Suporte e resistência – Fonte: TradingView 

Boghosian aponta que ao usar a análise de orderflow, fica claro que há uma região de demanda nos US$28-29 mil para o Bitcoin.

“Cada vez que o preço bate ali, entram bidders (compradores) das corretoras asiáticas Binance e Bitfinex fortemente segurando o mercado. Se você não conhece essa técnica, muito utilizada em FOREX, este artigo do TradingRiot dá uma boa introdução ao tema”, apontou.

Gráfico Zonas de demanda – Fonte: TradingView 

Alívio nos mercados tradicionais e seus impactos no mercado cripto 

Como segundo ponto o analista aponta que há um cenário claro de alívio nos principais mercados de risco globais.

“Veja os principais índices americanos (S&P500, Nasdaq e Small Caps – Russell 2000) e o HSI, um dos mais importantes proxies do mercado asiático, todos com alta de cerca de 10% na última semana (considerando desde a abertura na segunda-feira até o fechamento no domingo)”, disse.

Fonte: TradingView 

Boghosian aponta que isso se deu por três grandes motivos: posicionamento extremamente bearish dos investidores contribuindo para um mercado sobrevendido; rebalanceamento dos principais fundos globais que tiveram que comprar mais ações para manter suas alocações estabelecidas por mandato dentre as principais classes de ativos; e reabertura da economia chinesa.

“Esses fatores contribuíram até o momento para o que chamamos de um “bear market rally”. Rallys de bear market são bem comuns e confundem muitos investidores. Usando como um exemplo o “great financial crisis” de 2008, veja que foram diversos rallys de duração de 13 a 60 dias e altas de 8 a 24% em meio a um cenário macro de queda.”, destacou.

Duração dos principais rallys de bear market em 2008 no S&P 500:

Fonte: TradingView 

Retornos durante os principais rallys de bear market no S&P 500, em 2008:

Fonte: TradingView 

“Apesar de o Bitcoin não ser, na minha opinião, um ativo de risco comparável ao mercado de ações, sabemos que, nos últimos 12 meses, ele tem tido uma alta correlação com esses mercados, porque o cenário inflacionário e de enxugamento de liquidez tem causado uma reprecificação em todos esses mercados. Sendo assim, há boas perspectivas para um bear market rally também no Bitcoin”, destaca.

Correlação do Bitcoin com o SPX (a linha azul é em 0,5): 

Fonte: TradingView 

Há indícios de que o pior já passou 

O analista aponta como terceiro ponto que o Bitcoin vem caindo desde US$69 mil e atualmente está próximo de 60% de queda.

“Em que pese a amostragem ser pequena, os drawdowns em ciclos anteriores não costumam passar de 80%. Veja esse comparativo no gráfico da Glassnode”, destaca.

Fonte: Glassnode 

Além disso, o analista destaca que alguns dos principais indicadores de topos e fundos do mercado estão próximos de entrar em zona de compra. Para justificar esse ponto ele aponta vários indices como o MVRV Z-Score, que mostra a quantidade de desvios padrão entre o valor de mercado das moedas em relação ao valor de compra delas.

“Toda vez que esse indicador fica abaixo de 0, temos um belo sinal de compra”, disse.

Fonte: Glassnode 

“De forma semelhante, o realized price (aproximadamente US$ 24 mil) mostra o preço médio de todos os participantes do mercado o que dá um belo indicador do preço onde os participantes irão defender mais fortemente suas posições e, portanto, funciona também como bom indicador de compra”, destaca.

Fonte: Glassnode 

Ele também justifica sua posição apontando o gráfico do HODL ratio que mostra a convicção dos holders de Bitcoin em relação a especuladores de curto prazo e é uma medida de market sentiment que dá boas regiões de compra .

“Lembrando que os Holders são os que possuem comportamento mais assertivo nesse mercado (em verde)”, analisa.

Fonte: Glassnode 

Em cripto, ser contrarian costuma ser bom 

Como quarto ponto o analista destaca o índice fear and greed que mensura o sentimento de mercado com relação as criptomoedas.

Esse gráfico é possivelmente um dos mais importantes em cripto. Ele dá belíssimos sinais contrarians, o que significa que dá bons resultados tradar contra o indicador e ir contra o senso comum do mercado. Os índices de medo e ganância são utilizados em outros mercados também. Mas, me arrisco dizer, ele é ainda mais assertivo em cripto, possivelmente pelo medo e apelo emocional que o preço de uma nova e muito criticada classe de ativos causa nas pessoas”, disse.

Ele analista o gráfico e mostra que toda vez que o peak fear (linha azul) foi atingido, os sinais de entrada no Bitcoin (linha amarela) são bons e, toda vez que o peak FOMO, foram atingidos, são bons os sinais de venda.

“No momento, estamos em peak fear, com o índice batendo na casa dos 10 em uma escala de 0 a 100”, afirma.

Fonte: Coinglass 

A tese fundamentalista do investimento em Bitcoin não mudou 

Como último ponto o analista que apesar do preço a tese fundamental do Bitcoin não mudou e que o cenário economico global atual deve ser muito semelhante ao que Satoshi Nakamoto vislumbrou quando incluiu, no primeiro bloco do Bitcoin, a mensagem escondida com a notícia do jornal The Times acerca do segundo resgate aos bancos durante a grande crise financeira de 2008.

“Certamente ele imaginou que a impressão desenfreada de dinheiro e estímulos traria um cenário conturbado para os mercados. Assim como o lendário investidor Stanley Drukenmiller foi rápido ao identificar o Cantillion Effect e o impacto do desbalanço do status quo em uma palestra de 2021 para a USC Marshall (veja este trecho de dois minutos)”, apontou.

Ele também destaca uma pesquisa, veiculada pelo Wall Street Journal, acerca da satisfação dos americanos com suas respectivas situações financeiras, que deixa claro o preço que os indivíduos pagam com a inflação descontrolada. E esse impacto tende a levar economias modernas ao que chamamos de inquietação social (social unrest). 

Fonte: Wall Street Journal-NORC Poll 

“Nunca fez tanto sentido um dinheiro descentralizado, escasso e exógeno às políticas irresponsáveis de governos e bancos centrais do que hoje. Isso sem falar na necessidade de possuir reservas de valor em caso de guerra (vide a situação na Ucrânia) e em casos de perdas de liberdades individuais (vide a crise dos caminhoneiros no Canadá). De novo, não estou cravando fundo de ciclo, muito menos dizendo que não teremos volatilidade nos próximos meses com um cenário complexo. Mas será que é tão óbvio que o cenário é de queda?”, finaliza.

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