Analista responde à ‘pergunta que não quer calar’ ao traçar futuro do Bitcoin diante de crash das bolsas

Fausto Botelho disse que o derretimento das bolsas ‘nem começou’ e que o Bitcoin caminha a passos largos para outro patamar.

Dias piores, muito piores, virão para o mercado de ações diante do que se apresenta como uma bolha catastrófica 55% “pior” do que a crise de 2008 em razão do subprime daquela época, caracterizado pelo crédito de risco que impulsionou a especulação imobiliária no Estados Unidos. A projeção do novo crash no mercado financeiro foi feita pelo analista financeiro pioneiro no Brasil, trader e entusiasta de criptomoedas, Fausto Botelho, cofundador da Enfoque, em entrevista ao editor de cripto do Infomoney/Coindesk, Paulo Alves. Segundo ele, o mundo caminha para ficar entre 28% e 50% “menos rico”, já que esta faixa é a baixa estimada para que os gráficos desenhem como uma nova recessão mundial, período que deverá ser caracterizado pela fuga dos investimentos de risco e a busca pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos

Em relação ao Bitcoin (BTC), ele disse que a criptomoeda, entre altos e baixos, deverá chegar a US$ 1 milhão. Apesar disso, em um primeiro momento, a avaliação do analista é de que as pessoas “corram para o dólar, como está acontecendo. Agora, num segundo momento, eles têm que ver o que eles vão fazer com aquele negócio que está desvalorizando de 15% a 20% ao ano, chamado dólar. ‘Pra onde eles vão? Imóveis? Tá lá nas alturas. Ações? Acho que não. Bônus? Deve subir. O que que sobra? Sobram as coisas consideradas como reserva de valor, ouro, prata, terras agriculturáveis, que não tem muito ai pra comprar, e Bitcoin.”

Reserva de valor

Interpelado por Paulo Alves em relação a não ter se consolidado até o momento como reserva de valor, além da correlação com a queda do mercado tradicional, Fausto Botelho argumentou que o BTC tem uma alta média de 200% ao ano.

“Vou fazer um cálculo aqui, estou no gráfico do Bitcoin, que é um gráfico que é um gráfico que, lá na Enfoque, a gente emendou todas as cotações disponíveis. A gente começa aqui em 2010, quando o Bitcoin estava cotado a a US$ 0,06. Se a gente trouxer isso pra hoje, são 37.230.406%. Acho que isso aqui é a reserva de valor… o real vale centavos de dólar [cerca de US$ 0,18], o Bitcoin nasceu seis meses depois e valia US$ 1”, justificou. 

Abraçado pelo mundo

Botelho também ressaltou a pressão e ações judicias sobre a SEC (Securities and Exchange Commission), a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, em relação à aprovação de fundos expostos ao BTC, além da crescente adoção mundial de criptomoedas, como El Salvador, que adotou o Bircoin como moeda corrente, oportunidade em que o analista disse que “o mundo inteiro está entrando em Bitcoin.”

O especialista, que no início da entrevista ressaltou o interesse de líderes políticos de potencias mundiais em relação à queda do dólar, elemento que segundo ele poderá favorecer a liderança global do Bitcoin, avaliou o canal ascendente formado por altas e baixas do BTC ao longo dos últimos dez anos para projetar o futuro da principal criptomoeda do mercado. 

“O mundo inteiro está entrando em Bitcoin, eu não tenho por que achar que esse próximo movimento de alta, que pode ter começado aqui, depois de o mercado escapar desse triângulo simétrico… não acho que ele tenha razão para ser menor do que os dois primeiros, e se eu pegar o menor deles, a partir daqui, é US$ 1 milhão”, avaliou. 

Correlação com o mercado tradicional

Questionado sobre o aumento da correlação do Bitcoin com mercado tradicional a partir de final de 2020 com a compra massiva de BTC por parte de grandes empresas tecnológicas, embora alguns estudos recentes mostrem relativa redução desta correlação, Fausto Botelho respondeu que:

“Primeiro, nós do mundo critpto queríamos muito que Wall Street viesse para nós e Wall Street veio, comprou Bitcoin pra caramba. Enquanto a gente tá falando dos ‘lambaris’ comprando, quem tinha 30 Bitcoin já era baleia, agora baleia é 100 Bitcoins. Aí entrou o Michael Saylor [CEO da MicroStrategy], que é meio Wall Street, que afinal de contas tem a empresa dele cotada, veio aqui e comprou US$ 550 milhões em Bitcoin, aí o negócio começa a mudar de tamanho, as baleias viram transatlânticos. Então essa correlação começou a acontecer porque estamos num período muito específico da história da humanidade, próximos de ter uma crise muito séria”, avaliou.

BTC e ‘a pergunta que não quer calar’

Em relação ao futuro, “a pergunta que não quer calar”, no caso os novos rumos do Bitcoin frente a possíveis novas quedas do S&P 500, índice do mercado de ações que reúne as 500 maiores empresas mundiais listadas nas principais bolsas dos Estados Unidos, estimadas por ele entre 28% e 50%, Botelho acrescentou que:

“O S&P, que ‘é o cara que manda no mundo’, caiu do topo até o fundo 24% e agora está com 20% de baixa. O Bitcoin, por outro lado, no topo recente ao fundo, ele caiu 74,5% e agora está com quase 70% de baixa, então o Bitcoin caiu muito mais por conta dessa correlação. Eu acho que o pessoal de Wall Street está ‘caindo fora’, porque num primeiro momento você tem que ir atrás de liquidez, o pessoal de fundos começa a ter suas cotas sacadas, os caras… podem não ter dinheiro… no final de uma tendência de alta, os fundos de ações de multimercado, eles estejam com uma maior porcentagem que o normal em ações e uma menor porcentagem em cash.

Então, se de uma hora pra outra, a partir de janeiro desse ano, o mercado começa a cair, os caras têm que arrumar grana, para pagar o saque das cotas que vão acontecendo e mais um monte de coisa, como pagamento de margens… até os bancos têm que arrumar cash, porque eventualmente começa haver inadimplência… então, num primeiro momento, o Bitcoin é cash, são 345 bolsas espalhadas no mundo inteiro, você tem cash sábado e domingo, a hora que você quiser. Então é natural que o Bitcoin tenha caído mais. Agora se o cara colocou o dinheiro em título americano, numa hora dessa ele vai para o Bitcoin.” 

Botelho disse ainda que o BTC pode estar experimentando um momento de reversão que pode levar a um “belíssimo trading” rumo aos US$ 28 mil ou US$ 30 mil. 

“De onde estamos hoje até US$ 30 mil são 36% e aí, de repente, o mercado de ações cai e o de Bitcoin cai 10% e volta a subir, cai pra 27 [US$ 27 mil] e volta a subir… então acho sim que é bem possível que a gente esteja vendo aí… além disso eu tenho elementos de análise técnica que me mostram isso”, completou. 

Embalada por novas altas do Bitcoin nos últimos dias, uma criptomoeda de tokenização de riscos disparou 350% e liderou a alta de altcoins, enquanto o BTC se aproximava dos US$ 24 mil, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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