Análise: ETF de criptomoedas da Hashdex é uma nova página na história do Bitcoin no Brasil

O lançamento do primeiro ETF dedicado ao mercado de criptoativos pode trazer uma tendência que já é comum em outros países, democratizando o acesso ao mercado de criptomoedas

Desde o dia 26 de abril, brasileiros que investem em ações na B3 (Bolsa de Valores do Brasil) podem comprar as cotas do primeiro ETF de criptomoedas do País: o Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice (HASH11), que funciona como um ETF tradicional, rastreando apenas Bitcoin, Ethereum, XRP e outras criptomoedas.

O fundo estreou na B3 com alta de 13% e já tem mais de R$ 1 bilhão de liquidez, tornando-se o terceiro maior ETF do Brasil.

Na prática o ETF funciona como uma cesta de ações, replicando os ganhos e perdas do índice em questão.

Em poucas palavras, os ETFs replicam o desempenho do setor em que está atrelado. Dessa forma, se o índice subir 10% em um mês, por exemplo, o ETF deste índice vai ter um desempenho muito parecido e, caso desvalorize, o mesmo vai acontecer com a cota do ETF. 

No Brasil, existem 26 ETFs listados na B3 e o lançamento do primeiro ETF dedicado ao mercado de criptoativos pode trazer uma tendência que já é comum em outros países, democratizando o acesso ao mercado de criptomoedas, além disso, marca uma nova página na história do Bitcoin no país.

A exposição ao mercado de criptomoedas e blockchain vem ganhando espaço já há algum tempo na bolsa americana por esse caminho.

“O ETF $BLCN (Siren NextGen), por exemplo, vai além de concentrar empresas que trabalham em mineração e desenvolvimento de blockchain. Ele também reúne empresas que possuem criptomoedas em seus balanços. O investidor que vai atrás desse tipo de fundo está interessado em se expor ao tema em diversas frentes”, explica Paulo Kulikovski, COO da Stake.

ETF é uma nova página na história do Bitcoin no Brasil

O ETF criado pela gestora Hashdex foi lançado com o valor de R$ 47,02 por cota. Em seu primeiro pregão, o fundo fechou com forte valorização de 12,93%, cotado a R$ 53,10.

“A novidade possibilitou um novo tipo de exposição para o mercado de criptoativos. Os investidores da B3 agora poderão investir em bitcoins ou em outras criptomoedas da maneira que já estão acostumados, por meio de corretoras, que são instituições que eles já confiam. Considero mais um passo importante na consolidação das moedas digitais como meio de pagamentos e investimentos no Brasil”, comenta Lucas Schoch, fundador e CEO da Bitfy.

Os índices permitem ao investidor avaliar como um grupo específico de ações se comportou em relação a um outro grupo ou à sua própria carteira de ações. Isso porque são calculados a partir de uma carteira teórica de ações, criada apenas para medir o desempenho desses ativos.

“Na prática, os ETFs de criptoativos atendem principalmente a um público como investidores institucionais, family offices e fundos. Esse pessoal possui certas restrições sobre o que podem fazer com o capital, de forma que, geralmente, não podem comprar cripto diretamente, mas podem comprar etfs”, explica Vinicius Frias, CEO do Alter

A criação e estruturação desse tipo de fundo tem ganhado espaço ao redor do mundo por refletir as movimentações gerais de um determinado setor em um único índice,  referentes ao mesmo segmento, abrindo espaço para criação de fundo específicos e especializados em produtos como maconha, urânio, metais de terra rara, ESG e até armas.

Assim como o BTC emergiu de uma moeda considerada ilegal, para ocupar lugar de destaque na carteira de investimentos de grandes empresas globais como a Tesla, estes ativos seguem o mesmo caminho e migram do desconhecimento para as grandes mesas de negociação.

Para ativos alternativos, isso já é um movimento global, pois é alto o risco de escolher apenas uma ou duas empresas em um setor nascente para investir e os ETFs solucionam esse problema. Grandes plataformas de tecnologia no segmento já  enxergam a demanda do mercado brasileiro.

“As plataformas de gestão estão se adaptando rapidamente para atender esse tipo de ativos de fundos Imobiliários, criptomoedas, entre outros, que se juntam aos já consagrados ETFs de índices de ações e renda fixa. Esse movimento permite aos investidores diversificar ainda mais suas estratégias e exige dos administradores desses fundos soluções robustas, flexíveis e disruptivas”  Luiz Gasparelo, Diretor Global de Produtos da BRITech.

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