‘Tudo sobre a tokenização do Mecanismo de Solidariedade da FIFA’, por Daniel Coquieri
Para além dos fan tokens, clubes tradicionais do futebol brasileiro também estão tokenizando direitos sobre o Mecanismo de Solidariedade da FIFA para aumentar a receira.
Recentemente, tivemos o lançamento do token de Mecanismo de Solidariedade FIFA do Coritiba Foot Ball Club pela Liqi e foi um verdadeiro sucesso de vendas. Entretanto, ainda existem diversas dúvidas sobre como funciona a tokenização no futebol brasileiro e até mesmo o mecanismo em si.
Neste artigo, irei explicar tudo o que você precisa saber sobre o Mecanismo de Solidariedade FIFA e a sua tokenização.
Como funciona o Mecanismo de Solidariedade FIFA?
O Mecanismo de Solidariedade FIFA foi uma estratégia criada para que clubes de futebol formadores de jogadores fossem recompensados pelo financiamento das carreiras deles nos primeiros anos.
Dessa forma os clubes formadores recebem uma parte dos valores pagos pelas transferências de jogadores que foram formados por eles. É um processo básico: o clube formador vende o jogador para outro clube, o jogador negociado já faz parte do segundo clube e pode ser transferido mais uma vez para um terceiro clube, e, assim, todas as vezes que o jogador for transferido para um novo clube, o primeiro clube ainda possui direito sobre uma parcela do valor negociado.
O clube formador pode receber até 5% do valor pago pela transferência dos jogadores formados por ele. O cálculo é feito com base no tempo em que o jogador esteve presente no clube formador entre seus 14 e 23 anos.
O que é a tokenização do Mecanismo de Solidariedade?
Quando você realiza a tokenização do Mecanismo de Solidariedade, é criado um token que representa uma fração do valor recebido pelo clube formador no momento da negociação dos jogadores.
Assim, quem for investir nesse tipo de token, receberá o direito de receber parte dos direitos creditórios que participam do Mecanismo de Solidariedade, relacionados aos atletas formados pelo clube que tokenizou o mecanismo.
Como funciona o processo de investimento em tokens de Mecanismo de Solidariedade?
O processo de investimento em um token de Mecanismo de Solidariedade da seguinte forma:
- O investidor compra uma quantia de tokens;
- O investidor recebe os direitos;
- O jogador, que já foi transferido uma vez, é transferido para um novo clube;
- O clube formador recebe uma porcentagem do valor da transferência de acordo com o mecanismo de solidariedade FIFA;
- O investidor recebe seu retorno.
E qual é o retorno do investimento nesse token?
Quando pensamos no retorno do investimento em um token de Mecanismo de Solidariedade, existem 3 pontos fundamentais para serem levados em consideração:
- O retorno do investimento será proporcional ao número de tokens comprados na data de cada pagamento;
- O mecanismo de solidariedade só passa a valer quando o atleta já está fora do clube formador. Ou seja, no momento em que ele for transferido do clube formador para o primeiro clube, não se enquadra no mecanismo de solidariedade;
- O retorno irá depender da avaliação e performance do atleta no clube, o que irá influenciar na probabilidade de ele ser transferido para outros clubes e a quantia paga no momento da negociação.
Por que os clubes estão tokenizando o Mecanismo de Solidariedade FIFA?
A grande vantagem que vem atraindo os clubes para o mundo da tokenização do Mecanismo de Solidariedade FIFA é a antecipação de capital que ela gera.
Para os clubes formadores, é interessante oferecer parte do lucro do Mecanismo, uma vez que podem obter um “adiantamento” de recursos, que pode ser utilizado para investir mais em jogadores de base do clube e acabar gerando mais lucro para os investidores no futuro.
Além disso, quando o clube oferece tokens de Mecanismo de Solidariedade para investidores, ele oferece mais uma forma de aproximação com os torcedores, fazendo com que eles possam fazer parte da história do clube. Isso porque os valores dos tokens são baixos, permitindo que mais pessoas possam investir neles.
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Quais são os riscos do token de mecanismo de solidariedade?
O investimento em tokens é tecnologicamente seguro, graças à blockchain, e juridicamente, devido aos Smart Contracts. Porém, como qualquer investimento, existem riscos.
Alguns dos principais riscos associados aos tokens de Mecanismo de Solidariedade são:
- A transferência dos jogadores não acontecer: isso pode acontecer por diversas razões, como, por exemplo, os jogadores permanecerem nos clubes formadores ou no segundo clube para o qual foram transferidos. Além disso, pode acontecer também de o jogador tomar decisões pessoais ou de saúde e não poder mais participar do universo do esporte;
- Alterações no regulamento da FIFA: se ocorre alguma alteração na regulamentação do Mecanismo de Solidariedade FIFA, isso pode afetar seus retornos;
- O não cumprimento do pagamento do Mecanismo de Solidariedade: caso o clube que está comprando o jogador não efetue o pagamento corretamente, a operação precisará ser levada a julgamento da FIFA.
A tokenização é uma realidade e já está presente em diversos setores, como o de esportes, através do token de Mecanismo de Solidariedade da FIFA. É uma forma democrática de permitir que mais pessoas possam ter acesso ao mundo dos investimentos. Você vem?
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