O Bitcoin está correlacionado ou não com outros ativos?

Os dados passados indicam correlação, mas o bitcoin se destacou dos demais ativos durante o ano.

Um dos grandes debates que surgem com frequência é se o Bitcoin está ou não relacionado a outros ativos. Um debate relacionado também é frequentemente levantado que questiona o papel do Bitcoin como um porto seguro em tempos de crise, algo que foi colocado em cheque entre os dias 09 e 13 de março de 2020, quando o Bitcoin perdeu 48% do seu valor. Um dia histórico, pois todos os mercados caíram ao mesmo tempo, de forma expressiva, no que se convencionou chamar de Crash de Março.

Todas as variações bruscas no preço do Bitcoin são, portanto, comparadas aos preços do ouro que costuma ser mais estável, mas também aos preços do mercado financeiro. O Bitcoin caiu para US$ 7.700 em março, motivado pela queda do óleo cru em 34%. Como negar a correlação entre o Bitcoin e os mercados de capitais? A correlação foi imediata. 

Devido à guerra de preços iniciada pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e pela Rússia, pela produção de petróleo, todos os mercados amanheceram em queda e pânico. As bolsas asiáticas abriram mais cedo, já davam os sinais do tsunami que acometeria o mercado em 09 de março. Na mesma onda, o Bitcoin levou todo o mercado de criptoativos consigo. A perda de volume e marketcap foi a mais sentida. Na ocasião o Bitcoin apresentava um marketcap de US$ 140 bilhões, 50% do que valia dias antes do crash, a outra metade evaporou junto com o mercado.

 

imagem: Yahoo! Finance

O mais interessante é acompanhar a reação do ouro e do Bitcoin durante esse período de dez dias de dúvida. Após este grande evento geopolítico, o ouro elevou-se quase 4%:

 

imagem: In Bitcoin we trust

Embora o Bitcoin ainda estivesse em torno de US$ 9,5 mil em 21 de fevereiro de 2020, os mercados financeiros começaram a sofrer um golpe após a ascensão do coronavírus.

Sua disseminação pelo mundo já havia começado e os mercados financeiros começaram a entrar em um período de total incerteza. Algo que se somou à guerra de preços praticada entre Rússia e a Opep.

Na última semana de fevereiro de 2020, o Dow Jones registrou perda de cerca de 12%:

 

imagem: Bloomberg

No mesmo período, o Bitcoin também despencou de US$ 9,6 mil para US$ 5,542, uma queda de cerca de 42%.

imagem: CoinGecko

 

O conceito de porto seguro colocado em cheque

O Bitcoin é frequentemente aclamado como substituto do ouro, e o ouro é tradicionalmente visto como um ativo de refúgio seguro em tempos de crise. Contudo, durante o auge da crise ficou bem claro que o Bitcoin não se comportou como um porto seguro como se esperava. Por isso, vimos como ele se comparou a outros ativos de refúgio, como ouro e títulos do Tesouro dos EUA com vencimento de 10 anos

No gráfico abaixo, examinamos entre 1º de janeiro e 17 de março e marcos importantes são apresentados no gráfico abaixo.

bitcoin vs us treasury bonds

imagem: LongHash

A partir do gráfico publicado pela Longhash, os títulos do tesouro americano são os ativos mais buscados pelos investidores desde o início da crise do COVID-19.

O que sabemos é que o mercado de títulos do tesouro demonstrou de maneira mais inequívoca sua propriedade de porto seguro durante a epidemia. O gráfico mostra seu rendimento, que é inverso ao seu preço. Os rendimentos do tesouro começaram a cair na época do primeiro caso relatado nos EUA e continuaram caindo até 7 de março, quando a epidemia piorou significativamente na Europa. Desde o anúncio do Fed que injetaria US$ 2 trilhões na economia e que recompraria diversos títulos da dívida pública americana, este quadro inverteu-se e assim os títulos de curto prazo se tornaram os mais valorizados, sinal de que os investidores estavam operando com uma visão de curto prazo.

Bitcoin, o retorno

Embora quase todas as classes de ativos tenham declinado inicialmente no início de março em uma fuga de capitais e de títulos de curto prazo de baixo risco, o Bitcoin superou outros no rali em abril e maio para recuperar perdas de março. De acordo com um estudo da TradeBlock no primeiro trimestre. Desde então o Bitcoin vem performando melhor que os demais ativos.

De modo geral, todos os ativos sofreram perdas, tais como as ações, Bitcoin, ouro e títulos dos EUA viram declínios acelerados à medida que a pandemia se espalhou pelo mundo desde março de 2020. Embora o Bitcoin tenha sofrido perdas significativas inicialmente, o ativo realizou uma forte recuperação desde que recuperou suas perdas, a partir de maio. Da mesma forma, o ouro, se recuperou seu status de porto seguro nas semanas seguintes.

 

imagem: Tradeblock

Como podemos ver no gráfico acima, a dupla Bitcoin/ouro vem performando melhor que os demais ativos que estão sofrendo muito os efeitos deletérios da paralisação econômica e pelas incertezas em relação à pandemia.

O Bitcoin nas últimas semanas, subiu dos US$ 12.000 para US$ 15.950, um ganho de 35% nos últimos 30 dias. No instante dessa redação ele está sendo negociado US$ 16.120, em um rali que elevou seu preço em reais para R$ 88.091, em uma valorização de 2% em média em 24h. 

LEIA MAIS:

 

Você pode gostar...