À espera por medidas do governo, dólar cai abaixo de R$5,60
O dólar à vista ampliou a queda ante o real no fim da manhã desta quarta-feira e foi para abaixo dos R$ 5,60, em meio à expectativa no mercado de que o governo atue para conter a crise de confiança que elevou as cotações nas últimas semanas, enquanto no exterior o dólar também acelerou as perdas.
Às 11h59, o dólar à vista caía 1,58%, a R$ 5,5768 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento cedia 1,83%, a R$ 5,5925 na venda.
Na véspera, rumores de que o Banco Central estaria consultando as tesourarias de bancos sobre eventual intervenção no câmbio já haviam tirado a força do dólar, que ainda assim encerrou a sessão com alta de 0,22%, cotado a R$ 5,6665.
Nesta quarta-feira, a expectativa recai sobre a reunião marcada para as 16h30 do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, entre outros. Na terça-feira, Lula já havia anunciado este encontro que tratará do câmbio. Segundo ele, o governo fará “alguma coisa”.
Enquanto aguarda os desdobramentos da reunião da tarde, o mercado vai acompanhar novos discursos do presidente Lula em eventos do Plano Safra. A percepção é de que quanto menos Lula abordar a questão do câmbio ou o trabalho do Banco Central, melhor para as cotações.
Isso porque os ataques constantes de Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e ao nível da taxa Selic, hoje em 10,50%, têm gerado ainda mais pressão para os mercados de câmbio e juros futuros, dizem analistas.
Nesta manhã, Haddad disse que espera que o governo conclua até o fim de julho as tratativas com governadores e parlamentares para a renegociação de dívidas dos Estados. Em reunião do Conselho da Federação, no Palácio do Planalto, Haddad afirmou que ainda falta equacionar pendências para que projeto sobre o tema seja aprovado no Congresso antes do início do recesso parlamentar, neste mês.
Já o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão realizado nesta manhã para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024. Por enquanto, nenhuma operação extra foi anunciada pelo BC para esta quarta-feira, apesar dos rumores da véspera de que a instituição estaria consultando as tesourarias.
Nos EUA, dados divulgados nesta manhã mostraram que foram abertas 150.000 vagas de emprego no setor privado no mês passado, depois de 157.000 em maio, em dado revisado, conforme o relatório da ADP. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 160.000 vagas.
Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA atingiram 238 mil na semana passada, ante estimativa de 235 mil.
Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu índice de gerentes de compras (PMI) do setor não manufatureiro caiu para 48,8 no mês passado, o nível mais baixo desde maio de 2020, ante 53,8 em maio. Economistas consultados pela Reuters projetavam uma leitura de 52,5.
As encomendas de produtos manufaturados dos Estados Unidos caíram inesperadamente em maio, enquanto os gastos das empresas com equipamentos pareceram mais fracos do que se pensava inicialmente. Os pedidos recuaram 0,5% depois de alta de 0,4% em abril, informou o Departamento de Comércio. Economistas consultados pela Reuters projetavam aumento de 0,2%.
Com os números nas telas, às 11h57 o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,49%, a 105,150.