As opções da Azul: fusão com a Gol, emissão de ações ou recuperação judicial

A companhia aérea brasileira Azul está avaliando diversas opções para lidar com suas obrigações de dívida iminentes, incluindo uma possível oferta de ações ou até mesmo um pedido de recuperação judicial, segundo fontes próximas ao assunto.

A empresa, que enfrenta dificuldades financeiras, também está trabalhando ativamente para concluir a fusão com a Gol Linhas Aéreas. O objetivo é convencer os credores de que a nova entidade combinada teria níveis de dívida mais baixos e melhores perspectivas de crescimento, conforme relatou uma das fontes. No entanto, essa abordagem é vista como menos atrativa, dado que a Azul enfrenta necessidades de caixa imediatas e resultados financeiros fracos.

Embora o pedido de recuperação judicial esteja sendo considerado, a Azul está empenhada em evitá-lo e está trabalhando com o Citigroup para uma potencial oferta subsequente de ações, de acordo com uma das fontes. A empresa também contratou o Citi como consultor no possível acordo de fusão com a Gol, e está perseguindo essa potencial fusão como uma opção estratégica separada da atual crise de dívida.

Outra opção que está sendo considerada é a emissão de dívida através da unidade de carga da Azul.

Representantes da Azul e do banco norte-americano Citigroup recusaram-se a comentar o assunto.

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A Gol entrou com um pedido de recuperação judicial em janeiro, após enfrentar US$ 2,7 bilhões em passivos de curto prazo e realizar uma dúzia de trocas de dívida. Outras três das maiores companhias aéreas da região — Avianca Holdings, Latam Airlines e Grupo Aeromexico — também pediram recuperação judicial em 2020, com seus respectivos processos se arrastando por anos. Desde então, companhias menores como a Interjet, no México, e a Viva Air, na Colômbia, encerraram suas operações.

A Azul foi a única entre o trio de grandes companhias aéreas do Brasil que não entrou com pedido de recuperação judicial após a pandemia de Covid-19, que devastou o setor de viagens. Em vez disso, a empresa conseguiu postergar vencimentos através de uma troca de títulos em junho de 2023. No entanto, a Azul ainda enfrenta dificuldades com obrigações de arrendamento e altos pagamentos de juros sobre sua dívida.

A desvalorização do real brasileiro aumentou as despesas da Azul, incluindo os pagamentos de arrendamentos denominados em dólares e os custos de combustível atrelados ao dólar. A companhia aérea tem R$ 382 milhões em pagamentos de dívida local vencendo neste ano, além de US$ 550 milhões em notas com vencimentos em parcelas trimestrais ao longo dos próximos quatro anos.

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As ações da Azul despencaram após a empresa reportar prejuízos líquidos de R$ 3,87 bilhões no segundo trimestre e aumentar sua dívida líquida. O nível de alavancagem da empresa subiu para mais de quatro vezes seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), em comparação com três vezes anteriormente. A companhia aérea atribuiu o aumento da dívida à desvalorização da moeda e às enchentes catastróficas que paralisaram o principal aeroporto do estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, que permanece fechado.

Parlamentares brasileiros aprovaram na quarta-feira uma aguardada proposta de auxílio financeiro ao setor aéreo. O plano prevê a disponibilização de R$ 5 bilhões em crédito para companhias aéreas em dificuldades. Isso poderia aliviar a pressão sobre a Azul, que se qualificaria para o auxílio desde que evite o pedido de recuperação judicial.

Azul permanece como única grande companhia aérea brasileira a não pedir recuperação judicial após a pandemia

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