Dólar passa dos R$ 5,50, após falas de Lula sobre fiscal e divulgação do IPCA
O dólar à vista subia mais de 2%, na tarde desta quarta-feira (26), acima dos R$ 5,50, em sintonia com o avanço generalizado da moeda norte-americana no exterior, tendo como pano de fundo comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a área fiscal e dados sobre o IPCA-15. Na máxima do dia, o indicador chegou a R$ 5,5197 e na mínima R$ 5,3702.
Apesar de o exterior puxar as cotações do dólar na abertura, investidores passaram a acompanhar a entrevista de Lula ao portal UOL. As cotações do dólar ganharam força ainda na primeira hora de negócios após o presidente tratar do fiscal – um dos temas mais sensíveis para o mercado nas últimas semanas.
Entre outras coisas, Lula descartou a possibilidade de o governo desvincular pensões e benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da política de ganhos reais do salário mínimo. “Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República”, afirmou. “Eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos.”
Em falas recentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vinha defendendo a proposta de desindexação do salário mínimo da Previdência Social.
Na entrevista, Lula também desconversou sobre a possibilidade do o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, substituir Campos Neto a partir de 2025. Lula classificou Galípolo como um “companheiro” preparado, mas disse que ainda não pensa na sucessão de Campos Neto no BC — outro tema bastante sensível para o mercado.
Na terça-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4545 reais na venda, em alta de 1,19%.
O mercado repercutiu ainda a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) pelo IBGE, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,39% em junho, ante alta de 0,44% no mês anterior. Pesquisa da Reuters com economistas estimava elevação de 0,45 por cento para o período.
Apesar do alívio mensal, a taxa nos 12 meses até junho passou a avançar 4,06%, ante 3,70% em maio. A expectativa era de 4,12%.