Brasil tem muito a ganhar com a liberação de valores mobiliários tokenizados, avaliam especialistas
Mercado de valores mobiliários tokenizados atingiu US$ 225 milhões em valor total no dia 21 de maio, e Brasil pode se aproveitar do crescimento
Um painel do Dune Analytics, criado pela Steakhouse Financial, aponta que o volume de valores mobiliários tokenizados globalmente atingiu a marca de US$ 225 milhões. Fontes ouvidas pelo Cointelegraph avaliam os benefícios das ‘securities’ tokenizadas podem trazer ao Brasil, e o que é necessário para que esse cenário se concretize.
Mercado cresce
O crescimento do valor de mercado de valores mobiliários foi explosivo, de acordo com os dados coletados pela Steakhouse Financial. Em 31 de janeiro deste ano, o gráfico aponta a emissão de apenas US$ 500 mil. No fim do primeiro trimestre de 2023, no entanto, o mercado de tokens de valores mobiliários já estava avaliado em US$ 114,8 milhões. O crescimento foi de 22.860% em dois meses.
Os dados consideram apenas as emissões feitas nas blockchains Ethereum, Polygon e Gnosis. Além disso, somente as movimentações das instituições Ondo, Matrixdock, Backed, OpenEden, Swarm e Franklin Templeton entram na lista. Isso significa que o número pode ser ainda maior.
A tokenização de títulos financeiros tem sido explorada por grandes entidades internacionais. Em novembro de 2022, o JPMorgan fez sua primeira transação de um título tokenizado usando a blockchain Polygon. No fim de abril, a gestora Franklin Templeton anunciou o uso da Polygon para registrar movimentações das cotas de seu fundo mútuo, o FOBXX.
O título tokenizado com maior participação de mercado é OUSG, emitido pela Ondo, que são tokens referentes a um fundo com exposição a títulos da dívida estadunidense com vencimento no curto prazo. O OUSG representa 54,74% do mercado, tornando a Ondo a empresa com a maior fatia do setor dentro da lista criada pela Steakhouse.
Tokenização de valores mobiliários no Brasil
No Brasil, o advogado Isac Costa esclarece que não é possível emitir valores mobiliários, tokenizados ou não, sem registro prévio junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). “No Brasil, os security tokens [valores mobiliários tokenizados] que estão sendo emitidos ou projetados ainda estão circunscritos ao sandbox regulatório da CVM. Fora disso, só com registro de oferta pública tradicional”, diz Costa.
Além disso, também seria necessário que uma instituição registrada junto à autarquia, como B3, Laqus ou CSD BR, disponibilizasse um mercado secundário para a negociação desses tokens.
Thiago Schober, Head de Novos Negócios da Vórtx QR Tokenziadora, que participa do sandbox regulatório da CVM, afirma que a autarquia tem se mostrado atenta e altamente receptiva ao potencial da tecnologia blockchain. “Atualmente, a CVM desempenha um papel de destaque global na abordagem de questões relacionadas a esse tema”, acrescenta Schober.
A abertura da Comissão tem sido tamanha que a Vórtx QR Tokenziadora já tokenizou o equivalente a R$ 200 milhões dentro do sandbox regulatório.
O que o Brasil tem a ganhar?
Daniel Coquieri, CEO e cofundador da Liqi Digital Assets, afirma que o Brasil desenvolverá seu mercado de capitais com a liberação da tokenização de valores mobiliários. Esse desenvolvimento se dá através da redução dos custos com infraestrutura que a implementação de blockchain traria.
“Permitir que as empresas médias acessem o mercado de capitais, sem ficarem tão dependentes dos bancos, acaba abrindo mais oportunidades para que essas empresas acessem capital para fazer investimentos em suas operações. O ponto aqui é desenvolvimento, é abrir mais o mercado de capitais”, conclui Coquieri.
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