Blockchains precisam de um padrão de interoperabilidade para evoluir, dizem executivos de criptomoedas
Blockchains precisam se tornar interoperáveis, assim como os computadores precisam de uma conexão com a Internet para transferir dados e valor, diz um executivo da Chainlink Labs.
A tecnologia blockchain precisa de um padrão de comunicação de referência que possa ser facilmente integrado por todas as redes para que ocorra uma transição completa de Web2 para Web3, dizem especialistas do setor.
Muitos acreditam que haverá diversas redes blockchains em operação no futuro e tal ecossistema vai requerer protocolos de comunicação semelhantes ao Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Internet (TCP/IP) usado pela Internet.
Ryan Lovell, diretor de mercado de capitais da Chainlink Labs, empresa de soluções de oráculos de preços de criptomoedas, disse ao Cointelegraph que as blockchains precisarão adotar um padrão de interoperabilidade semelhante ao que os computadores utilizam na Internet para transferir dados e valor entre as diferentes redes do ecossistema:
“Para alcançar um ecossistema de redes blockchain totalmente interoperável em larga escala, é necessário haver um padrão de comunicação aberto análogo ao TCP/IP, que atualmente serve como o protocolo de conexão da Internet.”
Lovell acredita que um padrão semelhante para redes blockchain “abriria o caminho para uma experiência de usuário semelhante à da Internet” para as redes blockchain e seus aplicativos.
Isso é particularmente importante, visto que o último mercado de alta viu uma série de novas blockchains de camada 1 conquistando uma fatia do mercado. No entanto, quase todas elas operam isoladamente ums das outras.
Lovell enfatizou que a interoperabilidade é “crucial” para instituições financeiras que buscam tokenizar ativos do mundo real, porque isso garantiria que a liquidez não ficará “restrita” a “ecossistemas isolados.”
Brent Xu, fundador e executivo-chefe da Umee – uma plataforma de empréstimos apoiada pelo Inter-blockchain Communication Protocol (IBC) da Cosmos – disse ao Cointelegraph que, antes que os ativos do mundo real sejam colocados on-chain, sistemas adequados de gerenciamento de risco precisam ser ativados para facilitar a interoperabilidade.
Xu explicou que as instituições financeiras precisariam obter credenciais de identificação de clientes (KYC) para garantir a autenticidade dos ativos do mundo real antes de serem tokenizados on-chain e, em seguida, garantir que eles possam ser identificados por uma prova-de-reserva on-chain.
Para evitar uma catástrofe on-chain, ele enfatizou que cortar custos simplesmente não vale a pena:
“Pense na crise das hipotecas de 2008. Um tremendo valor financeiro foi perdido devido a um sistema legado quebrado. Imagine se esse valor fosse transportado para o ecossistema blockchain. Veríamos uma tremenda perda de valor devido ao contágio.”
Pontes cross-chain, sidechains de camada 2 independentes e oráculos são três das soluções de interoperabilidade de redes blockchain mais usados até o momento. Os dois primeiros operam exclusivamente on-chain, enquanto o último transmite dados off-chain para sistemas on-chain.
Houve grandes problemas com algumas dessas soluções, no entanto, principalmente as pontes cross-chain.
Um relatório divulgado em outubro do ano passado destacou que metade de todas as explorações em finanças descentralizadas (DeFi) ocorreram em uma pontes cross-chain, sendo o caso mais notável o hack de US$ 600 milhões da ponte Ronin em março de 2022.
Xu observou que muitos desses hacks foram perpetrados devido a configurações de segurança de assinatura múltipla ou mecanismos de consenso de prova de autoridade, que são considerados centralizados e muito mais vulneráveis a ataques que soluções descentralizadas.
Ele acrescentou que desde o início muitas dessas soluções de interoperabilidade favorecem a “velocidade de desenvolvimento” em detrimento da segurança. No entanto, o tiro acabou saindo pela culatra.
A chave, disse Xu, é incorporar a interoperabilidade dentro da plataforma, pois isso resultará em uma transação de ponta a ponta mais segura do que através do uso de pontes terceirizadas:
“Pontes são particularmente suscetíveis [a ataques] porque fornecem duas pontas nas quais os hackers podem se aproveitar de qualquer vulnerabilidade.”
Entre os protocolos de interoperabilidade de redes blockchain mais comumente usados estão o Chainlink’s Cross-Chain Interoperability Protocol (CCIP); o IBC, que alavanca o ecossistema Cosmos; o Overledger da Quant Network e o ecossistema da Polkadot.
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