Arquipélago do Pacífico ameaçado de desaparecimento, Tuvalu vai replicar seu território no metaverso
“A ideia é continuar a funcionar como um Estado e, além disso, preservar a nossa cultura, conhecimento e história em um espaço digital”, afirmou Simon Kofe, ministro de Relações Exteriores de Tuvalu em seu discurso na COP 27.
Tuvalu é um arquipélago localizado no Oceano Pacífico a meio do caminho entre a Austrália e o Havaí que corre o risco de desaparecer devido ao aumento do nível do mar causado pelo aquecimento global e as mudanças climáticas.
Para enfrentar a ameaça, o país vai recriar seu território no metaverso como forma de preservar o estado, a cultura, o conhecimento e a história de Tuvalu em um espaço digital, revelou o ministro de Relações Exteriores do país, Simon Kofe, em um discurso gravado que foi apresentado na COP 27 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas:
“Com nosso território desaparecendo, nós não temos outra escolha a não ser nos tornarmos a primeira nação digital do mundo.”
Embora as autoridades da ilha ainda estejam tentando deter o avanço do mar, o projeto de criação de Tuvalu no metaverso é uma iniciativa independente. A versão digital da ilha de Teafualiku já está em construção. Caso o objetivo maior seja alcançado, as versões real e virtual existirão em paralelo, declarou o ministro:
“Nossa terra, nosso oceano, nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo e para mantê-los protegidos contra danos, não importa o que aconteça no mundo físico, nós os moveremos para a nuvem. A ideia é continuar a funcionar como um Estado e, além disso, preservar a nossa cultura, conhecimento e história num espaço digital”.
Um dos objetivos da réplica do arquipélago no metaverso é garantir que o país continue a ser reconhecido como uma nação autônoma e que as suas fronteiras marítimas continuem a ser mantidas mesmo que as nove ilhas que o compõem acabem ficando submersas.
Atualmente, até 40% da capital de Tuvalu, Funafuti, fica inundada durante períodos de maré alta, e a previsão é que todo o país fique submerso até o final deste século. Tuvalu tem uma extensão de cerca de 25 quilômetros quadrados e uma população de 12 mil habitantes.
Ao revelar os planos para a criação de uma versão virtual de Tuvalu, Kofe ressaltou que as nações mais poderosas do planeta não estão agindo para barrar o avanço das mudanças climáticas acordados em conferências anteriores. “Temos visto projeções de aumento da temperatura global bem acima de 1,5 graus Celsius, indicando o iminente desparecimento de ilhotas como esta.
Não foi a primeira vez que Kofe ganhou destaque por sua participação em conferências do clima. Na COP 26, o ministro de Tuvalu montou um palanque em uma região submersa da cidade e fez seu discurso com a água do mar na altura dos joelhos.
A concretização dos planos anunciados por Kofe em seu discurso da semana passada fará de Tuvalu a primeira nação a ter uma réplica fidedigna no metaverso.
Outras iniciativas semelhantes
No ano passado, o governo de Barbados anunciou a disposição para a abertura de uma embaixada no metaverso Decentraland (MANA), cujos custos de implantação foram estimados em US$ 50.000. Em um primeiro momento, o espaço vai servir para oferecimento de serviços diplomáticos a pessoas de qualquer lugar do mundo, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.
Na Indonésia, o plano diretor da capital Jacarta agora inclui uma réplica virtual a ser construída nos próximos quatro meses. Já o governo da Coreia do Sul, cujo país tem a quarta maior população gamer do mundo, estabeleceu uma aliança para o metaverso que inclui o Ministério da Ciência e da Tecnologia e a iniciativa privada.
Na Europa, o governo da Catalunha, região autônoma que inlcui as províncias de Girona, Lérida e Tarragona, inaugurou sua “República Digital” com o objetivo de “promover a cultura e a língua catalãs” em uma plataforma intitulada CatVers, de acordo com uma reportagem do El Mundo.
O projeto que teria custado US$ 450.000 sofreu inúmeras críticas por parte dos usuários por apresentar comandos em inglês e se restringir a um único espaço: uma sala virtual simples com uma disposição arquitetônica que remete a um museu de arte contemporânea no meio das montanhas de Montserrat, o símbolo mais tradicional da Catalunha. Além disso, há opções reduzidas de avatares para que os usuários possam interagir no espaço virtual oficial da Catalunha.
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