‘Tira tudo porque a empresa vai quebrar’: vítima revela detalhes da queda da Trust Investing

Investidora disse que começou a ter problemas em junho do ano passado e que chegou a fazer contato com o dono da empresa, Diego Chaves: ‘Ficava bravo comigo.’

Em participação no programa “Encontro com Patrícia Poeta”, da TV Globo, na última quinta-feira (20), uma vítima da Trust Investing revelou detalhes de como agia a suposta pirâmide de criptomoedas, desarticulada na última quarta-feira (19) pela Operação “La Casa de Papel”, quando a PF prendeu suspeitos de comandarem do golpe de R$ 4,1 bilhões.

Mel, como foi identificada a investidora, contou que decidiu aportar parte do valor da venda de um carro, R$ 20 mil, em 2020 com a chegada da pandemia, a partir do convite feito por uma amiga, que era uma representante de vendas da Trust Invest.

“A impressão que eu tinha é que não era uma pirâmide financeira e sim um investimento, que tinha um rendimento legal que, por sinal, no começo realmente funcionou bastante. Quando entrou a pandemia, eu e meu marido resolvemos fazer um investimento, porque nós trabalhamos com eventos, então ia parar tudo”, explicou.

Como as retiradas funcionaram normalmente no começo, Mel e o marido acabaram reinvestindo na Trust Invest, até que em janeiro do ano passado a amiga voltou a fazer contato com ela para fazer um alerta:

“Mel, retira tudo, porque eu vou me desligar da empresa e a empresa vai quebrar, tudo que você puder retirar, todos os saques que você puder fazer, você faça.”

Sem dar detalhes do quanto conseguiu reaver do total aportado, Mel contou que seguiu os conselhos da amiga e começou a fazer retiradas das seis contas que possuía na plataforma da Trust Investing, o que aconteceu até junho, quando a empresa travou os saques alegando que lançaria uma criptomoeda própria.

“Lançaram a [cripto]moeda em agosto, a TrustCoin, que é uma porcaria, não dava rendimento nenhum, aí eles reabriram as contas para fazermos os saques novamente. Eu não saquei porque eu estava sacando para minha mãe finalizar logo o dela, porque minha mãe não foi reinvestindo, ela foi sacando tudo e estava tudo certo”, contou.

Após efetuar os saques da mãe dela, Mel revelou que tentou sem sucesso retomar os saques das contas dela ao explicar que:

“Quando eu fui sacar, o meu de novo, eles travaram as contas novamente, não falaram nada, ninguém sabia por que, a única coisa que eles pediram foi que nós precisávamos  refazer os contratos das contas, precisávamos colocar novamente os documentos na plataforma, para eles liberarem.”

A investidora prosseguiu dizendo que aguardou sem sucesso até dezembro do ano passado a liberação dos saques, quando a empresa informou que a plataforma havia sofrido um ataque hacker e que, por isso, precisou “travar a conta de todo mundo.”

“Só que nesse meio tempo, eles tinham feito outra plataforma nova que, pra quem era mais antigo, como as minhas contas por exemplo, tínhamos que migrar para essa plataforma nova e aí não deu certo, a plataforma nova não funcionou. Acho que as pessoas que entraram, novas, não conseguiram fazer retiradas”, prosseguiu.

Ao comentar sobre a ostentação nas redes sociais de Patrick Abrahão, preso na operação da PF, ela disse que o influenciador digital, que é marido da cantora Perlla:

“Não é o cabeça, ele não é o dono da empresa, ele é só um ‘investidor’ que construiu uma rede enorme por conta das igrejas evangélicas que eles têm lá em Belford Roxo, no Rio.”

Ela narrou que conseguiu fazer contato com o dono da empresa, que, segundo ela, é Diego Chaves, que também foi preso na ação, além de Patrick Abrahão, do diretor de marketing, Fabiano Lorite, e do pastor Ivonélio Abahão, pai de Patrick.

“Eu enviava, pelo direct do instagram, mensagens para o Diego. No começo, ele respondia, que é o dono da empresa, o cabeça, o chefe, depois ele parou de responder. Ele ficava muito bravo, quando eu entrava em contato com ele porque ele achava que era uma afronta a gente querer saber o que estava acontecendo realmente, e não é uma afronta, é um direito, porque, se uma empresa cresce, ela cresce por cponta dos colaboradores, é assim com qualquer empresa”, disse Mel. 

A vítima finalizou dizendo que em março deste ano, a Trust Investing promoveu mais uma ofensiva para dificultar o acesso dos investidores às suas carteiras, acrescentando que:

“Em março eles vieram com a história que tinham terminado a auditoria, mas que tínhamos que colocar documentos de novo lá e esses documentos, nem banco pede, você fazer selfie, pra ficar ganhando tempo.”

Quem também busca ressarcimento são as vítimas do “Sheik dos Bitcoins” que, inclusive, ingressaram com um pedido de arresto de um jatinho usado pelo cantor Wesley Safadão, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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