Ex-gerente da Coinbase é preso por insider trading envolvendo a exchange
Na quinta-feira (21), o ex-gerente de produtos da Coinbase, Ishan Wahi, foi preso por acusações de fraude e de participar de um esquema de informações privilegiadas envolvendo a listagem de criptomoedas na exchange.
O ex-gerente trabalhava na equipe de listagem de novos ativos da Coinbase. Tendo conhecimento prévio de quais criptomoedas ingressariam na plataforma da maior exchange dos Estados Unidos, ele informava seu irmão, Nikhil Wahi, e seu amigo, Sameer Ramani, que conseguiam antecipar as fortes valorizações desses ativos, de acordo com o Departamento de Justiça (DOJ) do país.
Vale destacar que diversas criptomoedas apresentam fortes saltos de preço quando são listadas em grandes plataformas. A Shiba Inu (SHIB), por exemplo, disparou mais de 40% quando foi anunciada na Coinbase.
Os irmãos foram presos em Seattle, enquanto Ramani está foragido. Anteriormente, a Coinbase havia aberto uma investigação interna em relação as atividades de seu ex-funcionário. Isso fez com que Ishan Wahi tentasse fugir para a Índia no dia 15 de maio. Na ocasião, ele foi impedido pelas autoridades locais. Agora, os três indivíduos envolvidos no caso enfrentam duas acusações de conspiração de fraude eletrônica.
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O esquema do ex-gerente
Segundo a investigação, Wahi e seus parceiros lucraram pelo menos US$ 1,5 milhão em negociações ilegais de 25 ativos cripto e 14 listagens da Coinbase. Para o procurador dos EUA, Damian Williams, o caso é histórico, sendo o “primeiro de negociação de informações privilegiadas envolvendo o mercado de criptomoedas”.
O procurador ainda enfatiza que apesar desta indústria não ter as mesmas diretrizes e normas do sistema financeiro tradicional do país, raude é fraude, seja na blockchain ou em Wall Street”.
Acredita-se que os três acusados tenham realizados suas operações entre junho de 2021 e abril deste ano. O DOJ destaca o anúncio feito pela exchange no dia 11 de abril, de que listaria dezenas de moedas. 24 horas do comunicado, um endereço da rede Ethereum comprou centenas de milhares de dólares de tokens que seriam incluídos na plataforma, chamando a atenção de usuários do Twitter na época.
Tudo leva a crer que este endereço era o de Ramani, com ele e os irmãos utilizando várias carteiras anônimas para comprar grandes quantidades de pelo menos seis dos ativos que seriam listados no dia seguinte, segundo o DOJ. A agência ainda observa que os acusados usaram contas de terceiros em outras exchanges para tentar ocultar suas transações.
SEC se envolve no caso e Coinbase responde
Além do DOJ, a Comissão de Valore Mobiliários dos EUA, a SEC, também está investigando os acusados. O órgão regulador financeiro, que tem estado cada vez mais de olho no mercado cripto, apresentou uma queixa sobre as ações realizadas pelos três indivíduos.
Segundo a agência, pelo menos nove criptomoedas negociadas pelo trio se enquadram como títulos financeiros. “Neste caso, essas realidades afirmam que vários dos ativos criptográficos em questão eram títulos e, como alegado, os réus se envolveram em negociações internas típicas antes de sua listagem na Coinbase”, disse o diretor da Divisão de Execução da autarquia, Gurbir Grewal.
Isso fez com que a exchange comentasse sobre o caso. Apesar de não defender seu ex-funcionário, a Coinbase refutou as acusações de que os tokens listados se enquadravam como títulos.
“Nenhum ativo listado em nossa plataforma é um título, e as acusações da SEC são uma infeliz distração da ação de aplicação da lei apropriada de hoje”.
De qualquer forma, além de enfrentar as acusações do DOJ, os irmãos Wahi e Ramani serão acusados pela SEC de violar disposições antifraude das leis de valores mobiliários. A agência ainda tentará impor uma medida cautelar permanente, restituição com juros de pré-julgamento e penalidades civis aos acusados.
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