Não perca dinheiro: Selic vai a 6,5% mas não salva investimentos como CDB, Tesouro, Debênture e Poupança do prejuízo

O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu ontem, 22, a taxa básica de juros (Selic), para 6,25%. Porém a decisão não foi suficiente para tornar atrativo os investimentos em renda fixa que ainda estão no prejuízo mesmo com o aumento na taxa

O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu ontem, 22, a taxa básica de juros (Selic), para 6,25%. Porém a decisão não foi suficiente para tornar atrativo os investimentos em renda fixa que ainda estão no prejuízo.

Portanto, mesmo com o aumento na taxa, investimentos com renda variável como os fundos de investimento com exposição em Bitcoin (BTC) e criptomoedas continuam sendo mais atrativos que os baseados em renda fixa.

Um recente levantamento feito pela Yubb, buscador de investimentos do país, com projeções dos principais ativos mostrou que pela primeira vez no ano, os CDBs dos bancos grandes superaram a poupança nova como o tipo de investimento com a pior rentabilidade.

 

 

Rendimento Bruto

Rendimento Líquido

Rendimento Real

** Poupança nova* 

4,38%

4,38%

-3,67%

Poupança antiga*

6,17%

6,17%

-2,01%

Tesouro Selic

6,15%

4,92%

-3,17%

CDB banco médio

8,00%

6,40%

-1,80%

CDB banco grande

4,92%

3,94% 

-4,07%

LC

8,61% 

6,89% 

-1,35%

LCA*

6,03%

6,03% 

-2,14%

LCI*

6,27%

6,27%

-1,92%

RDB

8,36%

6,69% 

-1,53%

Debênture Incentivada*

9,29%

9,29%

0,86%

* Investimentos isentos de imposto de renda – ** Em 2012, o Banco Central redefiniu a remuneração da poupança para novos investidores. Para projeções de rendimento líquido, foi utilizada a alíquota de 20,00% de imposto de renda referente a prazos de vencimento entre 181 e 360 dias.

Para Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, o Copom se encontra em uma posição desafiadora, já que precisa estimular o crescimento econômico do País, ao mesmo tempo em que ainda lida com os estragos causados pela pandemia.

“Não é uma tarefa fácil: a alta dos juros contribui para o controle inflacionário, mas desestimula a recuperação econômica e a redução do desemprego. Por outro lado, os juros mais baixos aceleram a alta dos preços, mas contribuem para o avanço da economia”, explica.

E como fica para o investidor? Bernardo explica que o cenário de instabilidade exige uma atuação em diferentes ativos.

“A diversificação do portfólio é mais necessária do que nunca. A renda fixa continua sendo a melhor alternativa para a reserva de emergência e para investimentos de curto prazo, mas para ganhos acima da inflação o investidor precisará assumir mais riscos em renda variável”, conclui Bernardo.

Selic ainda vai subir mais

Paulo Cunha, especialista em investimentos na iHUB aponta que para a renda fixa começar a ser atrativa a Selic teria que estar acima de 8%.

“Com a chegada da taxa básica de juros a 8%, ou em um cenário mais agressivo, acima de 10%, a renda fixa começa a ficar bem atraente e deve começar a atrair mais recursos. Visto que estará oferecendo uma rentabilidade mais satisfatória e ficando muito mais livre da volatilidade da renda variável, no qual muitos investidores tem um “certo” medo.”, disse.

Segundo ele, o recente aumento para 6,5% montra que não há expectativas no mercado financeiro que a taxa Selic sofra uma redução, pelo contrário, a dúvida está no tamanho da alta, se vai para 8% ou pode chegar a 10% já no começo de 2022.

Nesta mesma linha analistas do Banco Inter destacam que para a próxima reunião, o BC espera novamente uma alta de 1,00 p.p. e segue com o plano de ter uma taxa de juros em nível contracionista, para assegurar a convergência da inflação para a meta ao longo de 2022.

Um relatório do banco ressalta ainda que o cenário é de bastante incerteza e que a política monetária pode ser ajustada dependendo da sua evolução. A expectativa do Inter é de Selic chegando a 8,25% até o final do ano.

Investir em imóveis e casa própria

Já a ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) considera que a decisão do Copom de elevar a Selic de 5,25% para 6,25% foi uma medida necessária para conter o avanço da inflação no País.

A associação resalta que mesmo com o aumento, a taxa de juros se encontra em um baixo patamar, principalmente ao avaliar o histórico brasileiro em que a Selic quase sempre esteve acima de dois dígitos. A taxa de juros real segue negativa, o que configura um excelente momento para investimento em imóveis.

“As condições para aquisição da casa própria permanecem atraentes, a contratação de crédito imobiliário continua crescendo e a elevação da Selic não vai inviabilizar os planos de quem está em busca de um imóvel”, destacou ao Cointelegraph o presidente da ABRAINC, Luiz França.

Ruim para o crédito

Contudo uma selic mais alta interfere nas taxas para crédito que serão mais altas e isso acaba contribuindo para a diminuição do consumo, segundo revela Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

“Como estamos vindo de recuperação de perdas causadas pela pandemia, essa diminuição de prejuízo vai ocorrer um pouco mais lenta do que poderia nestes próximos meses”, explicou.

O impacto acaba sendo ainda mais perceptível no varejo também por conta da recente elevação do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro (IOF) que já está em vigor em todo o País.

A ACSP e a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) já pediram uma audiência com o ministro da Economia Paulo Guedes para tratar deste assunto. A proposta das entidades é que este aumento incida somente em transações acima de R﹩ 100 mil, o que preservaria, pelo menos, as micro e pequenas empresas do País.

Para Sara Paixão, profissional de pesquisa e conteúdo da área macro da Invest Smart,  o apontamento de cenário política monetária restritiva sinalizado pelo banco central para as próximas reuiões combina com as projeções de inflação para 2022, já acima de 4%, e com a curva de juros futuros

“O que vale sempre ressaltar é o risco de uma estagflação, a política monetária restritiva afeta o emprego negativamente e nossa taxa de desemprego continua acima de 14% (14 milhões de pessoas) se a política restritiva de aumento dos juros afetar nosso ritmo de crescimento de médio prazo podemos enfrentar questões estruturais menos razoáveis já a partir de 2022”, afirma.

Confira o relatório do Banco Inter sobre a Selic

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