Bitcoin pode ser afetado por reajuste da Selic? Especialistas avaliam

Copom pode voltar a aumentar a taxa de juros para combater inflação e crise cambial, afetando ativos dolarizados como o Bitcoin.

O mercado considera praticamente como certo o aumento da taxa de juros após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), na tarde desta quarta-feira (17).

Caso o reajuste realmente ocorra, no entanto, especialistas ouvidos pelo BeInCrypto concordam que a Selic não deverá refletir em um preço menor do Bitcoin no Brasil.

O último relatório Focus do BC, divulgado na segunda-feira (15), já mostrava expectativa de crescimento dos juros para o patamar de 2,5% ainda neste mês de março. Além disso, esse é o consenso entre agentes econômicos mostrado em levantamento da XP. Desse modo, tudo leva a crer que o Copom pode aplicar aumento de 0,5 ponto percentual, elevando a Selic para 2,5% ao ano.

A mudança, caso confirmada, viria antes do previsto. Entre os motivos estaria a inflação e a crise no câmbio, com dólar a mais de R$ 5,30 desde meados de janeiro.

Um dos picos aconteceu no dia 9 de março, quando a moeda americana fechou o pregão a R$ 5,79, logo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O avanço da Selic, portanto, visa dar fôlego ao real e impactar diretamente no câmbio. Como consequência, ativos dolarizados poderiam cair de preço, como é o caso do Bitcoin, em movimento inverso ao da semana passada. No entanto, especialistas consultados pelo BeInCrypto não acreditam que isso irá acontecer.

Vinicius Frias, CEO da fintech Alter, diz que não vê “nenhum impacto no mercado de cripto nacional, realmente próximo de zero”.

O mercado cripto é totalmente global e é influenciado puramente por fatores externos, o Brasil não tem força pra puxar algum impacto sozinho.

Efeito da Selic sobre dólar pode ser limitado

André Hamada, cofundador e COO do marketplace de criptomoedas BitPreço, sequer considera que o real deverá reagir perante ao dólar. A adição à Selic seria pequena demais.

Mesmo confirmando o aumento de 50 pontos na taxa Selic, não vejo uma interferência significativa a curto prazo para desvalorização do dólar e, como consequência, diminuição do preço do Bitcoin em reais.

Já segundo Bruno Milanello, Tesoureiro da corretora Mercado Bitcoin, admite que o reajuste da Selic no preço do Bitcoin. Segundo ele, “a paridade da moeda local frente ao dólar influencia a cotação das criptomoedas”.

No entanto, o especialista afirma que a mudança no câmbio ainda depende de mais elementos do que apenas a Selic. Questões que vão da balança comercial às justificativas utilizadas pelo Copom para aplicar o reajuste entrariam na conta de uma possível desvalorização do dólar.

Se isso acontecer, mesmo que o preço das criptomoedas não se altere em dólar, em reais, os preços [das criptomoedas] podem cair.

Valorização do Bitcoin em dólares deve se sobrepor

Ricardo Dantas, CO-CEO da exchange brasileira Foxbit também enxerga que a Selic influencia nos mercados e pode impactar todos os investimentos. No entanto, ele é mais otimista e afirma que a valorização do Bitcoin em dólares deve suplantar qualquer possível recuo do ativo no preço em reais.

Para o mercado de criptomoedas estamos em um momento de volatilidade tão alta que não seria a Selic que afastaria o investidor do cenário.

Na visão do executivo, portanto, qualquer eventual recuo dólar deverá ficar pequeno assim que o Bitcoin der prosseguimento ao rali e alcançar três dígitos.

A expectativa de alta é ainda muito grande para esse ano podendo chegar de U$100 mil até U$300 mil, com isso os investidores de criptomoedas não sentem tanto esse impacto por conta da Selic.

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